Em Stepford, Connecticut, a vida é
tranquila. A cidade é pequena, limpa, as pessoas são amistosas. As
esposas dos homens mais ricos do local são dedicadas donas de casa,
voltadas para serviços domésticos e empenhadas em cuidar dos maridos e filhos.
Para a fotógrafa amadora Joanna Eberhart (Katharine Ross), no
entanto, tanta tranquilidade e passividade feminina são motivos de
espanto e horror, típicos de quem está acostumada com a loucura
urbana. Ela acaba de mudar-se da vida agitada de Nova York com o
marido advogado, Walter (Peter Masterson), e as duas filhas pequenas,
Kim (Mary Stuart Masterson, que depois de adulta ganharia destaque em
"Tomates verdes fritos") e Amy (Ronny Sullivan).
Logo os Eberhart farão contato com
seus vizinhos "domesticamente" corretos, os Van Sant, e
Walter será introduzido à Associação Masculina, uma espécie de
Clube do Bolinha onde, supostamente, os poderosos de Stepford
discutem questões sociais da cidade, como eventos para arrecadação
de fundos. Joanna, por outro lado, conhece Bobbie Markowe (Paula
Prentiss), outra novata em Stepford que, como a fotógrafa, está a
ponto de enlouquecer com a vida extremamente pacata da cidade.
Joanna e Bobbie tornam-se grandes
amigas e decidem formar um grupo de discussão reunindo as demais
esposas de Stepford. Conhecem Charmaine (Tina Louise), que
compartilha das mesmas opiniões que ambas. O encontro do grupo, no
entanto, é um desastre total, já que as demais mulheres preferem
falar sobre tarefas domésticas. Ao descobrirem por meio de uma
antiga moradora (e criadora de um pasquim de fofocas e fatos
corriqueiros de Stepford) que no local existiu um dia uma associação
feminina atuante, Joana e Bobbie começam a questionar o
comportamento passivo das mulheres do lugar, e após uma estranha
transformação nas atitudes de Charmaine, que de mulher ativa passa
a ser uma dona de casa exemplar a ponto de permitir que o marido
destrua sua quadra de tênis, elas começam a desconfiar de que algo
muito errado está acontecendo sob a aparente tranquilidade de
Stepford. E a descoberta é macabra.
O filme, dirigido por Bryan Forbes,
é baseado no livro de Ira Levin (publicado na década de 1970 no
Brasil pela editora Record com o título "As possuídas"),
escritor de "O bebê de Rosemary" e "Os meninos do
Brasil", também adaptados para o cinema. Recentemente, foi
feita uma refilmagem, "Mulheres perfeitas", onde o clima
sombrio e a metáfora cruel do pavor masculino diante da ascensão
das mulheres deu lugar à comédia escrachada e crítica à mídia.
Gosto muito do original, por ser um ponto de vista interessante do
machismo em franca ameaça com os movimentos feministas.
Considerado como cult, o filme
também é um exemplo do impacto sobre a cultura popular. Até hoje,
o termo "Stepford wife" é utilizado para definir mulheres
dominadas ou extremamente subservientes ("robotizadas").
Mesmo 35 anos depois, "Esposas em conflito" ainda guarda um
certo charme e vale a pena ser revisto.
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