terça-feira, 30 de outubro de 2012

Meus dias de fortalezense

Cheguei a Fortaleza na madrugada de 5 de setembro para 30 dias de descanso. Para muitos, um período muito longo de viagem, mas diante de um nível de estresse como nunca havia tido antes, foi um intervalo bem adequado. Enfim, estou de volta a Manaus, não antes sem registrar minhas impressões por essa passagem pela capital cearense.

Ano passado, passei 15 dias em Fortaleza e cinco em Natal. Dessa vez os 30 dias somente na capital do Ceará possibilitaram explorá-la melhor e conhecer outras maravilhas naturais cearenses – algumas que eu já conhecia (Cumbuco e Morro Branco) e outras descobertas (Lagoinha, Icaraí, Tabuba e Jericoacoara), restando ainda muito a ser conhecido em futura oportunidade.

Fortaleza, pelo que vi nesta segunda viagem, não se resume apenas à Praia do Futuro, a bares e baladas. Tive a oportunidade de viver como fortalezense e descobrir outros encantos dessa metrópole nordestina.

A capital do Ceará, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes, é bem servida de transporte coletivo, pelo menos comparada com Manaus. Em Montese, bairro onde fiquei instalado, várias linhas seguem para o Centro da cidade, onde ficam vários pontos históricos e culturais, como o Centro Dragão do Mar. A passagem, neste mês, é R$ 2,00, sendo R$ 1,40 aos domingos (como era em Manaus antes que o atual (e graças a Deus, futuro ex) prefeito tirasse esse benefício da população).

De Montese para o Centro, a viagem de ônibus não leva mais do que 10 minutos. Esse bairro é estratégico: fica bem pertinho do aeroporto e da rodoviária Engenheiro João Tomé, no bairro de Fátima (para esta, dava até para ir caminhando, e pelo atalho que achamos a caminhada durava aproximadamente 20 minutinhos). Só fica longe da Praia do Futuro, mas para economizar dinheiro com corridas de táxi (em média R$ 40 na bandeira 1) para chegar lá, resolvemos aprender a andar de ônibus na cidade.

Usar o transporte coletivo de Fortaleza, ao contrário do que eu imaginava, é muito fácil. O sistema viário da cidade possui grandes avenidas que ligam praticamente todos os extremos e por onde os coletivos circulam: Borges de Melo, Expedicionários, Domingos Olímpio, Santos Dumont, Pontes Vieira e Barão de Studart, só para citar algumas das principais. Basta entrar no site Fortalbus (www.fortalbus.com.br) que é possível ver o mapa de todas as linhas.

De Montese para a Praia do Futuro, em vez de gastarmos R$ 70 na ida e na volta de táxi (ou R$ 30 na corrida com nosso taxista gente boa Falcão por trecho), gastamos somente R$ 2 de Montese para o terminal no bairro do Papicu, onde duas linhas levam em poucos minutos à avenida Dioguinho, já na Praia do Futuro. Ali, nos tornamos clientes fieis da barraca Saturno Beach, onde há guarda-volumes com chaves que ficam em poder dos frequentadores, os preços são bons e ainda tem promoção.

Além das praias, Fortaleza tem a avenida Beira Mar, que vai de Iracema a Mucuripe, como ponto obrigatório de visita. Há barracas para todos os gostos, algumas na beira do mar, onde ainda é possível tomar banho, e a feira de artesanato a partir das 17h30. Também há os famosos shows de humor todas as noites com divertidos artistas locais. Uma questão importante é a alimentação. Pesquisando bastante você encontra boa comida por ótimos preços. Na Barraca do Dedé, no Meireles, você e seu acompanhante comem muito bem uma carne de sol destrinchada por R$ 15, com baião de dois, batata frita (ou macaxeira), farofa e salada. A variação dos preços atinge até o coco gelado: o mais barato que achamos custava R$ 1,50; o mais caro, R$ 2,50.

A parte cultural de Fortaleza é muito bacana! Além do Centro Cultural Dragão do Mar, que reúne maravilhas artísticas locais em todas as áreas, conhecer vários logradouros da cidade vale a pena, como a Praça do Ferreira, cercada por alguns prédios antigos e bem conservados (sobreviventes das pichações que imperam por todo lugar); a Praça dos Leões, onde há uma estátua da escritora cearense Rachel de Queiroz sentada em um dos bancos; e a Praça dos Mártires, em frente à Santa Casa de Misericórdia e perto do Mercado Central, esta última contendo um baobá em uma de suas entradas. Todas essas ficam no Centro.

Este ano consegui finalmente conhecer o Teatro José de Alencar e o Museu do Ceará. O primeiro é lindo e impressionante, mas infelizmente é alvo do descaso com o patrimônio histórico, pois já apresenta sinais de degradação que, se não tratados logo, ficarão em um estado irreparável. O teatro tem histórias bacanas, como o fato de que a classe mais abastada ficava nas frisas, enquanto ao populacho cabia a plateia, papel que com o tempo se inverteu. Ainda vemos pinturas retratando as principais obras do escritor. É uma viagem no tempo muito legal. Guias estão disponíveis para passar todas essas informações ao turista. Há horários para visitação, ao custo de apenas R$ 2 por pessoa.

No Museu do Ceará, ao lado da Praça dos Leões, é possível reviver a história do Estado por meio de objetos, quadros e jornais antigos. Vemos, por exemplo, cédulas e moedas antigas, espingardas que pertenceram a cangaceiros, o punhal de Virgulino Ferreira, o Lampião, objetos dos tempos da escravidão, imagens do Padre Cícero e obras originais de Rachel de Queiroz. Enfim, outra viagem no tempo que vale muito a pena!!!

Fortaleza também possui sua reserva ecológica, o Parque do Rio Cocó, localizado no bairro do Cocó e de fácil acesso. A caminhada pela trilha principal e outras secundárias é maravilhosa, dando a impressão de que você saiu da cidade (só o que nos tira da ilusão é a quantidade de edifícios que cercam o local e o som do trânsito que fica mais alto quanto mais se aproxima o fim da trilha). Há aves e outros animais na reserva, mas no dia de nosso passeio eles aparentemente resolveram se esconder. Paciência! Para quem tem receios quanto à segurança, o parque tem policiais na entrada e em diversos trechos da trilha, ou passando constantemente em bicicletas. E o melhor de tudo é que os passeios são gratuitos, mas há os pagos, representados por passeios de barco a serem agendados com a administração (ainda não foi dessa vez que encarei um desses).

Segurança, aliás, é algo a ser bem pensado, mas não só em Fortaleza. A criminalidade é geral, atinge toda e qualquer cidade grande. Mas algumas medidas podem ajudar a evitar problemas. Nas praias, por exemplo, prefira lugares que ofereçam os guarda-volumes (não vá pelo oba-oba ou pela “tradição”), jamais deixe seus objetos sobre as mesas (há muitos espertalhões disfarçados de vendedores) e evite contar dinheiro em público. Para melhor aproveitar, vá à praia de segunda a sábado. Nesses dias, o movimento é menor, restrito mais a turistas. Reserve o domingo para caminhar na Beira-Mar ou mesmo visitar outros lugares.

Em qualquer lugar que você vá no Centro, peça informações de camelôs ou trabalhadores do comércio. Eles irão lhe dar informações mais confiáveis. Infelizmente há muitos vagabundos disfarçados de coitadinhos. Fora da capital, só faça passeios de bugue com bugueiros ligados à associação local. Nada de aventureiros, para sua própria segurança.

Então, esses dias em Fortaleza mostraram que é possível viajar com economia. Basta não querer fazer luxo. O turista que melhor aproveita e menos tem gastos inúteis é aquele que se propõe a aventurar – com segurança, claro!

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...