Trabalhadores da Prefeitura de Manaus retiram lixo do igarapé do bairro São Jorge (Foto: Clovis Miranda/Semcom/PMM) |
Esta semana a atenção de todos foi chamada por fotos da cheia no Amazonas, com cidades do nosso interior sendo lentamente cobertas pelas águas dos rios. Na capital amazonense, a situação não é muito diferente, guardadas as devidas proporções, mas fotografias como essa que reproduzo aqui, de autoria do repórter fotográfico Clovis Miranda, da Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Manaus, revelam o auge de um problema que nos afeta há décadas, apesar de todos os esforços para resolvê-lo ou minimizá-lo: a falta de educação (para não dizer de civilização, mesmo) de parte da população.
No Facebook, uma colega jornalista comentou que, durante a operação de retirada do tapete de entulhos que praticamente ocultou os igarapés da cidade (principalmente garrafas pet e até mesmo eletrodomésticos velhos), vários moradores dos diversos cortiços às margens dos cursos d'água aproveitaram o trabalho dos garis para jogar seu próprio lixo na água, a fim de que fosse coletado. É a mentalidade do porcalhão preguiçoso: gosta de viver na imundície, polui tudo e não age corretamente para dar a destinação correta ao lixo que produz. Mais fácil para esse tipo de gente é sujar tudo, pois, em sua visão, há quem seja pago para fazer a limpeza pública. Só não passa por essa mente distorcida que sujeira acumulada pode ser carregada para outros lugares por animais de rua, transeuntes desastrados ou vândalos, chuva, vendavais ou veículos que trafegam na área (acidental ou propositalmente). O destino muitas vezes é o igarapé que recebe o esgoto da cidade. Os igarapés transbordam na cheia e o lixo contribui para, durante uma tempestade, afetar as estruturas dessas casas, causando seu desabamento e todas as fatalidades típicas de acontecimentos dessa natureza.
Fica difícil executar qualquer trabalho de conscientização ambiental quando nos deparamos com atitudes sem noção. As escolas podem incluir a questão nos seus currículos, as autoridades podem espalhar outdoors, caixas de coleta seletiva, espalhar folders, camisas de campanha educativa, mostrar com as tragédias quais as atitudes corretas a serem tomadas para o descarte do lixo e o respeito ao meio ambiente. Aí, a mentalidade do porcalhão acaba prevalecendo: as crianças são repreendidas pelos pais que não dão a mínima para o meio ambiente, outdoors são ignorados, caixas de coleta são destruídas por vândalos (quando não são roubadas), folders são jogados em via pública para se juntarem ao lixo acumulado, camisas viram pano de chão (ou usadas por flanelinhas para serem descartadas em via pública) e as potenciais vítimas de sua própria imundície preferem cobrar ajuda da prefeitura. Como se a administração municipal tivesse obrigação de bancar a babá dos imundos.
A equação fica de difícil resolução, pelo que se vê. E os fatores não são pessoas pobres, de baixa instrução. Se formos acompanhar friamente todos os elementos que participam dessa "Operação Sujismundo", veremos pessoas "bem nascidas", até mesmo ricas, dando sua parcela de contribuição, desde os molecotes e patricinhas que vão para a balada e jogam latas ou garrafas de bebida pela janela de seus carros até os que participam de raves e deixam o lixo acumulado a poucos metros dos lugares onde deveria ser jogado, passando pela dondoca que, do seu iate de milhares de reais, joga sacos, copos descartáveis e enlatados no rio.
A questão de respeito ao meio ambiente deixou há muito tempo de ser de classe social. Agora, com tantas campanhas de esclarecimento, com iniciativas para mudar esse quadro, o problema é de simples uso da inteligência, de QUERER ser educado. Quanto menos racional/educado se for, mais imundo você é. Quem se recusa a ser educado, merece ser arrastado pelos entulhos que joga na rua. Povo porcalhão merece a tragédia que ajudou a iniciar. A solução? Vamos radicalizar! Quando a legislação endurecer, até com prisão desses porcos, aí talvez as coisas comecem a melhorar.