quinta-feira, 22 de julho de 2010

Time break!

Mal comecei o blog e já vou ter que dar um rápido tempo na "iscrivinhação". Amanhã, às 7h, faço a primeira cirurgia para correção de miopia com o dr. Arnaldo Russo, no Cedoa. O outro olho deve ficar, acho, para a próxima terça-feira.
Em uma situação dessas, é normal ficar ansioso. Qualquer coisa que corte nosso corpo, de qualquer modo, gera apreensão. Sei que é uma cirurgia simples e rápida, mas sabe como é...
Quando fiz a consulta, o médico me avisou que iria perder minha visão para perto. Ou seja, continuaria usando óculos para isso. Mais fácil aguentar isso que ficar cego total, sem poder sair de casa, o que é típico de quem tem 8 graus de miopia! Acho que vai valer o sacrifício!
Enfim, nos próximos dias meu blog estará paradinho por recomendações médicas, mas logo voltarei! Espero que com somente 0,5 graus. Hehehehe!

As tripas do Judiciário

Em outro post, citei que meu trabalho no Tribunal de Justiça do Amazonas merecia um texto à parte. É agora.
Sempre se falou da morosidade do Judiciário, que vai bem além das imposições de uma legislação que oferece todo tipo de chance e brecha para quem se envolver com a Justiça. Concursado há três anos, pude constatar o que de fato acontece nesse poder e qual a parcela de culpa de cada um – isso mesmo, porque ela só é jogada sobre magistrados e funcionários (é a velha história de ver o rabo comprido dos outros e não olhar para o seu).
Duvidam? Pois então, vejamos a culpa de cada um:
Juízes – para cada juiz sério, há pelo menos mais um preguiçoso, que quase não aparece no trabalho, cancela audiências sem razão alguma e até se esconde para não ser cobrado. Enquanto há os que se envolvem nos mutirões carcerários, tomam decisões que aceleram os processos e até sugerem iniciativas para otimizar o atendimento, existem os famosos “orelha de freira”. Ver um deles é uma surpresa tão grande, tão emocionante que é preciso fazer registro fotográfico para mostrar que, sim, ele existe!!!!
Advogados – não sei se por conta do excesso de trabalho ou por falta de organização mesmo, muitas vezes os advogados contribuem e muito para a lentidão dos processos. Um exemplo: todo advogado sabe que sua intimação acontece via Diário da Justiça Eletrônico, mas existem aqueles que dão uma de João-sem-braço, não aparecem nas audiências ou não atendem o chamado do juiz sob alegação de que não sabiam, porque não foram intimados. Resultado: o ato é remarcado ou o cliente precisa ser intimado por mandado para se manifestar. E dá-lhe mais tempo a se perder de vista! Santa paciência! Outro exemplo: o advogado renuncia ao mandado mas não comunica o cartório. Até o Judiciário saber disso, se perde mais tempo ainda! E a parcela de culpa dos respeitáveis doutores não é pouca...
Funcionários – sim, nossa parte de culpa existe! Muitos só veem o emprego cômodo e seguro e não se comprometem com a atividade – e que ninguém se atreva a discordar disso, porque é a mais pura verdade! Há os que só batem o ponto e desaparecem, ou simplesmente ficam lendo jornal, passeando pelos corredores ou passam horas conversando ou pendurados ao telefone. Certa vez, tive que entregar um documento em um cartório. Havia pelo menos sete pessoas no lugar, que se limitaram a me olhar e baixar os olhos para o que estavam fazendo. Por aí já se tira.
População – pode ser em menor parcela, mas a população tem, sim, culpa: quando não comparece ao ato sem justificativa, não atualiza seus dados, mesmo ciente de que isso é importante, deixa de comparecer deliberadamente para prejudicar a parte. Cada ato desse gera um procedimento cansativo e demorado que resulta em buscas de informações junto ao Tribunal Regional Eleitoral, Receita Federal, CDL-Manaus e outros órgãos. E geralmente esses órgãos parecem ter medo da modernização, pois mostram não conhecer a utilidade e agilidade de um instrumento de comunicação chamado E-MAIL (a não ser para receber, remeter e encaminhar piadas, correntes e similares). O virus burocrata é difícil de ser exterminado, infelizmente (isso merece um post exclusivo!).
Agora, pior que tudo isso junto é a falta de estrutura do Judiciário. O Conselho Nacional de Justiça, em todo o país, achou por bem aumentar em uma hora a carga de trabalho dos tribunais, como se isso resolvesse alguma coisa. Não mudou nada, exceto que o tribunal certamente tem aumento nas despesas com energia, água e telefonia, claro. E nós, funcionários, que temos um Plano de Cargos e Salários desde março de 2008, só tivemos aumento de trabalho sem a devida compensação financeira, o que está previsto ali no PCCS (Lei 3.226/2008, publicada no Diário Oficial do Estado de 04/03/2008, Caderno Poder Executivo, página 1), capítulo VII, Seção I, Artigo 26, inciso I e § 1º. Isso resultou num quiproquó em todo o Brasil, com greves pipocando aqui e ali, insatisfação geral, cobranças e, para coroar tudo, gente novamente entrando pela janela. Agora, arrisquem: essa determinação do CNJ deu resultado? Em caso positivo, me digam qual.
Enquanto isso, o TJA não tem carros suficientes para os oficiais de Justiça cumprirem suas tarefas (se bem que, salvo engano, eles recebem um auxílio financeiro para cobrir esse tipo de despesa), não está totalmente virtualizado (o que desmente várias matérias divulgadas pela assessoria sobre 100% de virtualização das varas criminais – pelo menos onde trabalho, isso não existe).
Estas são as tripas do Judiciário que ninguém conhece, ou conhece superficialmente. Há certamente mais coisas que provavelmente me esqueci de citar. Basta me lembrar para render outro post.

Jornalistas e restos humanos

Sou jornalista formado há 11 anos e atuante há 15, passando por redações e assessorias de imprensa. Fui repórter nos extintos Jornal do Norte e Gazeta Mercantil Amazonas, repórter por um mês no Diário do Amazonas, editor no jornal O Estado do Amazonas e repórter, subeditor e editor no Amazonas em Tempo, lugar onde tive de fato meu crescimento profissional, no qual fiz muitos amigos e tive reconhecimento. Minha última investida em redação foi no Jornal do Commercio, até março deste ano, após quase dois anos como editor de Negócios e Serviços. Pronto, acho que agora já deu. Minha parcela de contribuição para o jornalismo amazonense foi dada. Hoje faço trabalhos free lance, inclusive por meio da cooperativa da qual sou diretor financeiro, a Coopmidia, que está em fase de legalização até o final deste mês.
Nesses 15 anos de atividade, acumulei mais amigos que inimigos. Sempre tive um estilo próprio de coordenar os trabalhos sob minha responsabilidade, sendo rigoroso apenas quando deveria de fato, apelando para o diálogo na resolução de problemas. Aquela imagem do chefe escroto, que humilha o repórter ou pega no pé, sempre foi pré-histórica para mim. Fiquei decidido a não seguir essa linha troglodita. Algumas raras vezes (afinal, não tenho sangue de barata), tive algumas explosões, mas porque a linha da paciência foi violentamente ultrapassada.
Por conta desse meu estilo, fui muito criticado. Hoje, observo que algumas dessas críticas vieram de pessoas que tentaram me passar a perna. Tentaram e tentaram, mas, com o perdão do palavrão, se foderam. Sempre adotei um estilo, digamos, rebelde, de dar ideias para inovar o produto jornalismo e fugir um pouco do feijão-com-arroz que ia para as ruas todos os dias. Algumas vezes, consegui aceitação. Lembro-me das edições especiais de final de semana no jornal O Estado do Amazonas, onde tive uma ótima equipe de repórteres (preciso citar, porque eles merecem: Mário Adolfo Filho, Inaíze Varela, Carla Santos, Fabíola Pascarelli, Carlos Pontilhão, Josely Azaro, Rubia Balbi e outros que, desculpem, esqueci momentaneamente, com os quais aprendi também e espero ter contribuido de alguma forma para sua carreira).
(Nem por isso desmereço os demais que foram minha equipe no Amazonas em Tempo nas vezes que passei por lá, sobretudo a última, na época do chamado Correio Em Tempo).
Há colegas que não compreendem porque decidi não trabalhar em redações. Hoje tenho meu emprego certo como assistente judiciário do Tribunal de Justiça do Amazonas, atividade que exerço com o maior prazer, fugindo da imagem do servidor público acomodado. Trabalho de segunda a sexta até 15h (por obra e graça de alguns membros do Conselho Nacional de Justiça que acharam que trabalhar até as 14h não contribuia para a celeridade do Judiciário, mas isso é assunto para outro post), tenho finais de semana (exceto quando tem plantão, mas este é devidamente remunerado), feriados, posso me programar para feriadões, e meu trabalho na Coopmidia não interfere em nada, pois ali sou, digamos, meu próprio patrão. Ponto para a qualidade de vida!
Uma vida cômoda, claro, mas quem não quer isso? A saudade da redação diz respeito ao agito da correria, de querer ser o melhor e mais correto na apuração dos fatos, de buscar fazer um excelente trabalho até mesmo com dificuldades (aconteceu isso demais no Estadão e no Em Tempo), mas é só. Eu resolvi me “aposentar” desse gostoso vício diário por conta do lado negro das redações: tramas para derrubar colegas, inveja, autoritarismo, gente incompetente, despreparada e puxa-saco ocupando funções importantes... Pelo que tenho conversado com os amigos que ainda estão nas redações, isso continua – e como continua!
O ano de 2007 foi o da decisão. Foi quando aconteceu uma série de coisas em minha vida pessoal que me afetaram, culminando em uma crise violenta de depressão. Sem entrar em detalhes, cheguei quase ao fundo do poço, mas foi quando despertei e resolvi sair do Em Tempo. Desde então, as coisas melhoraram. Decidi que estresse e depressão por conta desse universo negro do jornalismo não iriam mais me afetar. Ensaiei um retorno no Jornal do Commercio, onde esse tipo de coisa não era tão gritante, podíamos trabalhar tranquilamente e produzir legal. E foi a última vez. Sai na boa, por um acordo, já que a situação da empresa começou a ficar difícil (por culpa dos profissionais não foi, mas também é assunto para outro post).
Recentemente, meu sobrinho, também jornalista, foi um dos que pegou rasteira. Digo isso porque o que fizeram com ele já fizeram comigo em outra ocasião: te mandam embora sem argumentos suficientes, apenas dizendo que você não produz ou que seus textos são fracos, claro que para botar alguém da panelinha deles no seu lugar. E por que te escolhem? Porque você não se dobra fácil e tem iniciativa. Não há nada mais apavorante para os incompetentes e puxa-sacos que têm medo de perder o posto, como se ganhar mais fosse a coisa mais importante no mundo (seria se ao ir para o outro mundo fosse possível levar todo o dinheiro, em vez de apodrecermos a sete palmos de profundidade). Estou sendo cruel? Não acho. Observem o trabalho dos seus superiores. Se você encontrar em algum texto a frase “Há alguns dias atrás...”, não fique surpreso.
Se um dia a vida nas redações deixar de ter essa monstruosidade toda (sim, tive decepções muito grandes com colegas, até deixei de falar com alguns), quem sabe eu não volto? Mas está difícil. O ser humano é complicado, nunca está satisfeito, e passa por cima do semelhante para ter o que quer. É triste. Eu vi que não vale a pena se estressar tanto para encher de dinheiro o bolso do patrão, que muitas vezes nem reconhece seu esforço – a não ser que você puxe o saco, claro. Nunca puxei saco e jamais vou fazer isso para ganhar mais grana. Quero viver o resto de minha vida tranquilamente, superando dificuldades que porventura apareçam. Afinal, sobreviver de hipocrisia não é minha praia.

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...