domingo, 11 de março de 2012

Dois anos sem vícios!



Parei de fumar há quase dois anos, depois de ser fumante por 24 anos (e, nesse período, ter idas e vindas do vício). E por igual tempo larguei de vez o consumo de bebidas alcoolicas. Um puxava o outro. Mesmo consumindo bebidas mais "leves", como as destiladas, a vitória não estava completa. Agora, sim, a bebida foi a nocaute juntamente com a nicotina e seus malefícios. Ficaram pequenas sequelas, mas a que seria mais grave, o desenvolvimento de algum tipo de câncer, não apareceu, pelo menos por enquanto.

As piadinhas apareceram, como era de se esperar, e chegaram a beirar a irritação. Para alguns, eu havia virado crente - como se isso fosse um crime, diga-se de passagem. Fiquei mais chato - ou seja, o motivo de risos nas "barcas" morreu com o cigarro e o álcool. Evitar festas regadas a muita bebida e cigarros virou uma regra que segui à risca, mesmo parecendo estar afastando-me dos amigos, mas se trata somente de me preservar da tendência ao alcoolismo que reconheci possuir. Mas passou. Hoje levo uma vida com mais qualidade, sem esses dois vícios. Botei na cabeça que iria sair disso e consegui. Bastava imaginar o odor que a bebida e o cigarro deixavam e o incômodo que causavam nas outras pessoas para ajudar a resistir bravamente. E, por outro lado, um drama pessoal ajudou e muito: o fato de meu pai ter sofrido um derrame aos 85 anos e sofrido sobre uma cama durante seis meses, até que um segundo derrame o tirou de nossa convivência física. 

Sim, isso ajudou, porque meu pai não dispensava a bebida. Homem do sertão nordestino, como minha mãe, meus avós, tios e demais parentes da geração antecessora, sempre foi forte, mas a doença que o afligiu - o Mal de Alzheimmer - o fez perder a noção de tempo, espaço e vida. Assim, o consumo de bebidas acabou resultando nesse quadro. Vi ali uma espécie de alerta - é hora de parar. Solteiro, sem filhos, quem vai ter essa preocupação quando eu for vítima de meus vícios? 

Assim foi que, aos 38 anos, resolvi parar com o comportamento errante resultante na ressaca potencializada pelo consumo desenfreado de bebidas e cigarros. Decidi dar adeus aos dias sem comer e de somente aspirar fumaça, aos vômitos, às cólicas intestinais. Coloquei em minha mente a necessidade de acabar com esse processo de autodestruição e aproveitar a vida de outra maneira, afinal, não é preciso estar bêbado ou com odor forte de nicotina para mostrar uma pessoa feliz. É possível, sim, sair desse vício. Difícil para alguns, mas não impossível, afinal, como diz o manjado ditado, "só não há jeito para a morte". 

Boa vontade para mudar é um bom começo. Querer mudar é importante. Enfrentar as situações de outro modo, com mais serenidade, é uma ferramenta importante. E, acima de tudo, quem sabe o que pode ser melhor para você é somente você mesmo. Assim o fiz, assim o consegui.

Quem merece um pé no traseiro?

Finalmente o ano começou aqui no blog, após o hiato do pós reveillon e da folia carnavalesca. E não poderia começar melhor, com um membro da Fifa falando que nosso país merecia um "pé na bunda" por conta do andor da procissão das obras para a Copa do Mundo de 2014.

Como era de se esperar, muita gente "se doeu", como se costuma dizer popularmente. Sem querer entrar no mérito do caráter do autor da frase que melindrou meia nação (ou sua quase totalidade), sou obrigado a reconhecer: se não pelas obras para a Copa de 2014, merecemos, sim, um belo coup de pied aux fesses.

Antes que eu seja chamado de reacionário ou seja alvo de adjetivos mais eloquentemente depreciativos, cabe-me frisar: só se ofende quem não gosta da verdade. Francamente, quem acha que o país está realmente preparado para sediar a Copa a esta altura? Ainda temos dois anos, mas muita coisa caminha a passos lerdos, emperrados pela incompetência burocrática ou pelo velho jogo de "vamos ver onde nós podemos lucrar mais". Minto? E isso refere-se somente à Copa!

A julgar pelos absurdos que vemos todos os dias em nosso Brasil, se cada golpe nas partes traseiras baixas fosse uma tentativa de botar nosso país nos eixos, sem dúvida as nádegas tupiniquins não poderiam conseguir um encosto tão cedo. Temos paradoxos monstruosos em nossas leis. Honestidade ainda parece a muitos coisa do outro mundo. Vidas humanas ceifadas por irresponsáveis no trânsito custam uma mísera fiança. Falta pouco para criarem um imposto sobre o ar respirado. Enquanto trabalhadores sofrem para ter um reajuste decente nos salários, uma cambada se aproveita para aumentar seus vencimentos e criar cada vez mais mordomias (e enquanto uns poucos se revoltam contra isso, outros da mesma classe ficam impassíveis e não se mexem para acabar com essa baderna). O incremento cultural hoje se evidencia pela louvação a uma música de parcos versos a exaltarem a masturbação ou um programa de situações suspeitas que é defendido como expressão da cultura popular (a minha, mesmo, não!). Falsos homens da lei são punidos com aposentadoria e vencimentos integrais. Ladrões de galinha ficam presos tempos a fio enquanto meliantes de terno, gravata e toga surrupiam a nação sem uma demonstração de arrependimento. Gangues de marginais travestidos de torcedores de times de futebol promovem uma verdadeira guerra civil, e ainda assim se libera o uso de bebida alcoólica nos estádios durante os jogos da Copa.

A lista de aberrações em nosso Brasil lindo e imenso, de povo alegre e hospitaleiro, de belezas naturais fantásticas, é muito extensa. A quem não se conforma com essa onda de violência, corrupção, idiotice e estagnação que corre o país de norte a sul, só resta lamentar, porque os tempos de revolução ficaram no passado, como registros nos livros de história. O que mais importa à nova geração é balada, Big Brother, a pobreza da cultura de massa e o umbigo de cada um. Agora, deixando de lado o comportamento nervosinho do Jerome Valcker, merecemos ou não um pé na bunda?

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...