quinta-feira, 5 de abril de 2012

Obsoleto é o seu avô!

Reza a lenda que uma certa figura pública amazonense chamou Machado de Assis de "obsoleto", que havia coisa melhor em termos de livros. Acho que, para ele, literatura é auto-ajuda, biografias de celebridades fúteis, caça-níqueis de personalidades envolvidas em escândalo e coisas desse naipe de gosto mais do que duvidoso.

Tivesse vindo de uma pessoa humilde, sem acesso aos estudos, eu até relevaria. Formação cultural se adquire não só por oportunidade, mas pela iniciativa própria, não importa o nível social. Mas não entrarei nesse mérito. Apenas direi que, em tempos de redes sociais e da exaltação de futilidades e grandes besteiras. Dificilmente se veem discussões a respeito das incertezas sobre a infidelidade de Capitu, da mudança de caráter de Aurélia, das lembranças de Brás Cubas ou da fidelidade das adaptações de Jorge Amado e Nelson Rodrigues. O foco agora é nos falsos heróis de reality shows movidos a baixaria, músicas para masturbadores, barulhos ritmados que tentam contar histórias sem pé nem cabeça, com refrões repletos de obscenidades repetidas até com crianças, com a aquiescência divertida dos pais, em um claro incentivo à sexualização precoce e sem controle, um belo incentivo à pedofilia.

Voltemos ao obsoleto. A dita figura questionou a qualidade de um dos grandes nomes (se não o maior) da literatura brasileira. Há alguns dias redescobri "Dom Casmurro", lido nos tempos de colégio. Não sei se a tal celebridade baré estava se referindo à linguagem extremamente culta de Machado de Assis, à poesia de suas palavras, ao contexto histórico, aos costumes retratados pelo escritor. A seu ver, provavelmente, bons livros são os que têm menos texto e mais imagens, contêm mais erros ortográficos e gramaticais que uma mente sã pode suportar e, acima de tudo, os que não contribuem em simplesmente nada para a formação cultural do leitor.

Tudo bem, cada um tem sua opinião. Que ele goste de Michel Teló, Big Brother, MC Kátia e outros desvios da inteligência humana, é um direito seu. Chamar Machado de Assis de obsoleto, também. Da mesma forma, tenho direito de declarar que usar esse adjetivo é denegrir a formação cultural brasileira. Para avaliar a literatura brasileira atual, é preciso conhecer seus primórdios. Obsoletos não são dignos sequer de um rápido exame. Renegar o texto perfeito de Machado de Assis e de outros escritores daquela época é desrespeitar a memória de nosso país. Então, eu diria à figura pública, bem ao seu nível de entendimento, "obsoleto é o seu avô!". Que, por sinal, deve ter sido um homem extremamente inteligente! O neto, infelizmente...

Lojas Romera, respeito é bom e nós gostamos!


A foto acima é de um móvel comprado por um amigo meu  em uma das lojas Romera de Manaus. Aquela mesma, que traz o simpático casal Paulo Goulart e Nicete Bruno como garotos propaganda. Preços bons, qualidade e aquele blá-blá-blá todo. Mas o que ele não sabia (e talvez a dupla desconheça) é que as lojas Romera fazem parte do grupo de empresas que não respeitam o consumidor. A suspeita veio já com a entrega do móvel, e a certeza, com uma novela de epílogo indefinido a caminho do único lugar onde o respeito ao consumidor é imposto: a justiça.

Explico: a compra do móvel (um armário bonito) aconteceu antes do Natal de 2011. A entrega só foi feita depois do Ano Novo, e a montagem, no final de janeiro. Aí já é safadeza suficiente para deixar qualquer um nos azeites! Mas o melhor estava por vir: finalizada a montagem, foi percebido o defeito em uma das gavetas, justamente esse que aparece na foto tirada há alguns dias pelo meu amigo. A solução do montador? A peça defeituosa que causa esse desvio estava em falta e seria solicitada do escritório central da Romera. Foi o que a loja, supostamente, providenciou.

Bom, isso foi no final de janeiro. Estamos na Semana Santa, e a solução não chegou. O móvel continua torto, a loja não dá um retorno decente, apesar das insistentes cobranças. Foi então que, semana passada, deveras exacerbado pela fúria com esse descaso monstruoso das lojas Romera, meu amigo decidiu botar a rede de móveis na justiça. Eu, por mim, iria mais além: faria de tudo para expulsar essa rede do Estado, tamanho o descaramento de suas propagandas enganosas.

Isso não é radicalismo. Por curiosidade, busquei na internet informações sobre queixas feitas por clientes contra a Romera. O resultado foi assustador. Sem medo de errar, posso afirmar que a cada dez citações da Romera, oito eram reclamações de compradores, relativas a móveis com defeito, prazo de entrega não cumprido, extravio de  compras e por aí vai.

É incrível como uma rede de lojas faz tão pouco caso de sua clientela. Acho que o casal Paulo e Nicete teriam vergonha de emprestar suas caras a essa empresa se soubessem de pelo menos metade dessas coisas. E a justiça está aí para ajudar - sim, ela ajuda, e muito! 

Eu já citei outros dois casos de amigos com problemas de desrespeito ao consumidor: a Claro e o site Compre da China. A primeira induziu a uma compra baseada em mentiras: um plano de internet com redução de velocidade sem cobrança de adicional, e o que veio na primeira conta foi mais que o dobro do valor da franquia contratada por conta de excedentes. A operadora foi obrigada a tirar o nome dele dos órgãos de proteção ao crédito, cancelar o débito e ainda lhe pagar R$ 1,8 mil. Já o site Compre da China, cuja mercadoria adquirida pelo meu amigo deve ter ficado presa em algum caminho entre a Ásia e o Brasil, pois nunca foi entregue, foi condenada a pagar R$ 1,3 mil de indenização pela pilantragem (e achamos que o juiz ainda foi muito bonzinho, pois esse caso foi claramente um golpe de estelionatários).

A justiça está, sim, do lado do consumidor! Afinal, respeito é bom e nós gostamos!

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...