sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Boa Vista, 13 anos depois

Lembro-me da primeira vez que visitei Boa Vista, a pacata e planejada capital de Roraima, no carnaval de 1996, quando fui com amigos para lá. Tranquila, com praças bonitas, prédios modernos e um traçado bem delineado de amplas ruas e avenidas. Retornei em 1998 e a encontrei mais bonita ainda, administrada pela prefeita Tereza Jucá. 

Voltei a Boa Vista no último dia 26 de agosto, após exatos 13 anos da útlima visita, especialmente para o aniversário de meu amigo jornalista Marco Aurélio Santos, aproveitando uma ótima promoção da Gol Linhas Aéreas. O cenário que vi foi decepcionante, confesso. A cidade está com ares de abandono. A Praça do Garimpeiro, ponto central de Boa Vista, está tomada pelo mato, precisando de reforma, e virou ponto de encontro de tipos suspeitos. Quase ninguém passa por ali. A maior parte das ruas está tomada por buracos. Nos bairros mais distantes do Centro, como o conjunto Cambará, onde mora o Marco Aurélio, a situação é muito pior: os buracos se tornaram crateras!

A orla fluvial de Boa Vista, outrora tão bonita, agora também está com sinais de abandono. Toda cidade tem sua vocação turística, e a capital roraimense não fica de fora, no entanto qualquer pessoa percebe o descaso com esse setor. Não existe policiamento ou segurança nas áreas com potencial turístico, como a própria orla, onde está concentrado o comércio do belíssimo artesanato macuxi. Dá receio andar nas ruas próximas até durante o dia. 

Para fechar minha indignação com a administração daquela cidade hospitaleira, cito o Parque Anauá, o maior em área urbana da região. Na televisão local, uma propaganda do PSDB mostrava os avanços feitos no Estado e citava a revitalização do parque. Acontece que estive lá e vi exatamente o contrário: o parque está com obras paradas, trechos fechados e barracas quebradas. Amigos meus que moram em Boa Vista afirmaram que o Parque Anauá tem se tornado ponto de encontro de marginais diversos, e é um risco  ficar nas proximidades durante a noite. O público se afastou de lá. Lamentável que um lugar tão grande e tão belo acabe se tornando o símbolo do descaso de uma administração incompetente e, segundo também me disseram, extremamente corrupta.

Resta aguardar que os roraimenses mudem isso nas próximas eleições, colocando na prefeitura uma pessoa séria e realmente compromissada com a cidade. É difícil, dada a canalhada que toma conta da política brasileira, mas não é impossível. Boa Vista merece respeito, pois é uma cidade pela qual tenho um carinho especial.

Educação no trânsito é possível?

A educação no trânsito sempre foi um assunto muito importante, portanto nada mais adequado que seja aquele sobre o qual escrevo após esse hiato de mais de um mês no blog por questões de trabalho.

O trânsito em Manaus é uma peculiaridade: não existe respeito algum às leis, a maioria dos motoristas faz o que bem entende nas ruas e a fiscalização é pífia. De fato, não existe rigor, há somente o famoso "jeitinho" e muita, mas muita propina (por aqui metaforizado pelo termo "guaraná") para que quem fiscaliza seja tomado de uma súbita cegueira momentânea.
Campanhas de educação vem e vão, mas a avacalhação (termo bem adequado ao trânsito de nossa capital) parece piorar. Em várias avenidas da cidade foram pintadas faixas de pedestres sobre um fundo vermelho. A função seria semelhante aos dos sinaleiros para pedestres: botou o pé na faixa, os veículos devem parar para permitir a travessia do pedestre. Claro que isso acontece, mas após um bom tempo de o pobre transeunte ter se posicionado no espaço ao qual lhe foi dado direito. Obviamente que não esperamos que haja freadas bruscas, mas mesmo os motoristas que percebem de longe que pessoas vão atravessar a avenida fazem vista fraca e avançam, assim mesmo. Azar do pedestre que achar que um retardado desse tipo vai realmente ser educado ao ponto de parar e lhe dar passagem. Eu testemunhei esse descaso. Depois que uns 20 carros passam pela faixa, apareceram motoristas realmente civilizados parando decentemente para eu poder atravessar.

Próximo ao meu trabalho existe uma rua de mão única, a rua Natal, que liga duas das principais avenidas de Manaus, a Umberto Calderaro e a Mário Ypiranga. Muitas vezes vi carros vindo pela contramão. São pais que vão deixar seus filhos na escola que fica naquela área, retardados e preguiçosos para dar a volta mais adiante para pegar o sentido correto do trânsito e que abusam do "jeitinho" para economizar uma merrequinha de gasolina. Fico imaginando o que esses pais dizem aos filhos pequenos para justificar a palhaçada. Pensem agora na formação desses futuros motoristas, posto que os pais sempre são exemplo de comportamento, mesmo o péssimo.

Quando me refiro a esses péssimos motoristas como retardados, não estou fazendo xingamento gratuitamente. Existe termo mais adequado a quem é acostumado a burlar as leis e a fugir das regras estabelecidas? Fico pensando em como esse tipo de gente conseguiu tirar sua habilitação e questiono mais ainda os tipos de exames aos quais os candidatos são submetidos. Não são eficientes o bastante, e basta vermos o péssimo comportamento de milhares de condutores em Manaus para confirmar isso.

Além desse problema de desrespeito às normas do trânsito, ainda há a questão da falta de bom senso. São idiotas que dirigem com som extremamente alto até mesmo em horários impróprios, como madrugada e nas proximidades de hospitais. Onde aprenderam isso? Esse tipo de gente deveria ser tirado de circulação, impedido de dirigir pois mostram sua total incompetência para conduzir um veículo de forma civilizada, respeitando os outros motoristas, os pedestres e todas as pessoas que querem uma convivência tranquila. Sim, isso é possível em uma cidade com quase 2 milhões de habitantes. Basta ter o mínimo de bom senso e extrema boa vontade.

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...