sábado, 13 de novembro de 2010

Réquiem para Monteiro Lobato


De vez em quando vasculho a internet em uma onda de nostalgia para ler sobre programas da minha infância, com a curiosidade típica de saber o que aconteceu com as pessoas que deles participaram. O "Sítio do Pica Pau Amarelo" é o meu preferido, pois me traz de volta toda aquela inocência, aquele período puro, onde nada era problema, somente novidade, uma época que, relembrada, sempre traz um sorriso autêntico de saudosismo.

No caso do "Sítio", nessas minhas viagens ao passado descobri que o ator Ivan Senna, que interpretava o João Perfeito, faleceu em maio do ano passado (http://centraldenoticias.wordpress.com/2009/05/25/obituario-ivan-senna/). Na foto acima, ele aparece à esquerda do Visconde de Sabugosa (André Valli, que também já nos deixou). A cada ator daquela maravilhosa série que partia, eu sentia que ia um pedaço da infância. As mortes das eternas tia Nastácia e dona Benta - respectivamente Jacira Sampaio e Zilka Sallaberry - me levaram às lágrimas. O mesmo quando morreu o Valli. Foram personagens marcantes para mim e com certeza para muitos na minha faixa etária.

Não há como não comparar o atual "Sítio" com o antigo. A versão atual não tem mais aquela ingenuidade. Não gosto porque mostra algo que me deixa triste: as crianças de hoje deixaram de ser tão puras. Desde cedo são bombardeadas com a violência dos desenhos atuais, dos videogames, dos filmes para adultos em que elas entram sem serem barradas e com a conivência dos pais...

Os desenhos que assistiamos quando criança tinham violência? Sim, tinham, mas uma violência caricata, exagerada ao extremo para ser imediatamente suavizada com nossas gargalhadas. A de hoje faz a criança querer reproduzir aquilo com o coleguinha, na escola... Quem sabe não foi por isso que aquele garotinho matou o colega a queima roupa, com um revólver que havia trazido de casa?

Dizer que elas têm a conivência dos pais para assistir filmes para adultos não é exagero. Comentei recentemente no Twitter, um dia após assistir o (maravilhoso) "Tropa de Elite 2", que fiquei pasmo pelo fato de haver uma criança de pelo menos 7 anos de idade na plateia... acompanhada dos pais. Da minha geração não o são, pois desta os filhos ainda são criados do mesmo modo como o fomos pelos nossos genitores.

Em nossa infância, não havia todo esse lixo que hoje temos, com grupos de pagode armados de gostosonas seminuas, letras sofríveis e coreografias libidinosas demais; nem pseudo funkeiros que divulgam a homofobia, o machismo, a promiscuidade e a violência gratuita. O que quer que pudesse haver nesse sentido, nossos pais tinham o controle. Aprendemos a respeita-los e desse modo passar adiante essa necessidade de respeito.

Como passei de uma lembrança de infância a uma observação sobre o comportamento infantil hoje? É porque fico pasmo de ver crianças manipulando seus pais, fazendo escândalos nos lugares públicos para ter alguma coisa, terem péssimo comportamento com a família e com estranhos, até mesmo agredindo seus genitores. Por isso, tento enxergar onde está a culpa disso tudo, então me lembrei do "Sítio", que me lembrou de minha infância, da forma como meus pais me criaram e da cultura de massa.

E ainda querem censurar Monteiro Lobato... Tenha dó!!!!

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...