quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Procura-me sob uma pedra e me encontrará"

Há uma citação no filme “Stigmata” que diz mais ou menos o seguinte: procura-me sob uma pedra e me encontrará; busca-me em um pedaço de madeira e me achará. Não são essas as palavras exatas atribuidas a Jesus Cristo, mas “bateram” bem com minha ideia do Cristianismo e da crença em Deus.

Sim, Deus existe, disso não tenho dúvida, pois não se pode conceber a vida como um “acidente químico” que dura um instante para logo após simplesmente apagar. Já deixo claro isso para não levantar ecos de heresia ou ateísmo. Nada disso. Só tenho uma visão diferente das coisas.

Creio que todas as religiões, se têm o mesmo Deus, devem ter algo para ensinar. Foi assim que parti rumo a uma busca, uma análise do que se tem a oferecer pelas seitas. Fui criado no Catolicismo, na visão do Deus tirano que castiga, dividindo nosso destino entre Céu e Inferno, aterrorizando com a danação eterna os que não seguem a doutrina. Vi pessoas rezando, se arrependendo, comungando e depois saindo da igreja para fazer sacanagem, enganar, levantar falso testemunho, deixar de estender a mão ao próximo... Demais para mim. Deixei de ser católico.

Essa visão de compensação divina e danação eterna segue na maioria das religiões evangélicas – veja bem, as RELIGIÕES, não a versão moderna da venda de indulgências e enriquecimento ilícito de seus “pastores”. Nem preciso ser mais explícito nisso.

Conheci algumas igrejas evangélicas, e a que me chamou atenção foi a Adventista, cujo culto tive a oportunidade de conhecer por meio de um grande amigo. Gostei. Sem gritos, sem aquelas coisas de fanáticos, um lugar de paz, boa pregação. Seguem uma doutrina voltada, sim, para o próximo. Ainda assim, não era o que eu procurava. Falta um algo mais.

Conheci o Espiritismo por meio de leituras, conversas com espíritas e assistindo filmes com essa temática. Foi com o qual, até então, havia me identificado mais, por conta da visão de causa e efeito, das explicações para Deus, Cristo, amor ao próximo, carma, reencarnação, família e relações humanas. No entanto, se a doutrina espírita mostra-se tão segura sobre conhecimentos de vida e morte e as implicações, por que muitos dos seus membros permanecem gananciosos, mentirosos, soberbos, adúlteros? Não é isso que eles devem compreender para estarem cada vez mais próximos de Deus, combater seus vícios e resistir as tentações? Exatamente como alguns católicos e evangélicos.

Enfim, em qualquer religião existe a banda podre que pode comprometer a imagem do conjunto. Admiro os que conseguem exercer sua fé com sinceridade, não somente “batendo beiço” nas orações. Quanto a mim, reles mortal pecador, sempre estou me arrependendo das burradas que faço, não sou perfeito, mas controlo meus vícios e fúrias de algum modo, sem prejudicar o próximo (embora alguns próximos até o mereçam). Voltando à frase citada no filme “Stigmata”, reproduzida no início do post, prefiro seguir sua essência: você conversa com Deus onde estiver, não precisa de edificações, pois foram ditas sagradas pelo homem em nome do Criador. Em muitas dessas edificações pululam os vendilhões da fé e os pedófilos, salvo aqueles que realmente são pessoas de caráter que sabem exercer sua religiosidade sem hipocrisia.

Pareço ter medo de seguir uma religião, confesso, pois penso que a arrogância religiosa faz cristãos perseguirem judeus, católicos massacrarem protestantes, evangélicos banirem espíritas e assim por diante, tudo por incapacidade de tentar a compreensão mútua e o conhecimento do que é diferente. Prefiro tirar um pouco do que cada uma oferece de bom, seguir o meu caminho sem fazer o mal – isso é o mais importante, creio. Então, que respeitem minha posição do mesmo modo que respeito as outras, mesmo que eu critique. Afinal, quero tentar ser um bom cristão, melhor em atos do que em rituais. E sem rótulos.

Um olhar sarcástico sobre a tecnologia

História que recebi por e-mail.  Genial!


FAMÍLIA DESTE SÉCULO
(provavelmente do Luiz F Veríssimo)


Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:

- Moça, vocês têm pen drive?
- Temos, sim.

- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.

- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
- Ah, como um disquete...
- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes.
O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
- Ah, tá bom. Vou querer.
- Quantos gigas?
- Hein?
- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?
- O que é giga?
- É o tamanho do pen.
- Ah, tá. Eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.
- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
- Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
- Dois, quatro, oito, dezesseis gigas...
- Hmmmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
- Neste caso, o melhor é levar o maior.
- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
- Bem, o preço varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?
- Como?
- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
- USB não é a potência do ar condicionado?
- Não, aquilo é BTU.
- Ah! É isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
- USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.
- Hmmmm! Enfiar o pino no buraquinho, né?
- He he he! O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.
- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? 
Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.
- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
- Quem sabe o senhor liga pra ele?
- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.
- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, TV, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, microondas e conexão wireless.
- Microondas? Dá para cozinhar nele?
- Não senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.
- O senhor sabe para que serve?
- É claro que não.
- É para um celular comunicar com outro, sem fio.
- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
- Ah, e antes precisava fio?
- Não, tinha que trocar o chip.
- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.
- E faço o quê, com o chip?
- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
- Nããão! É tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isso. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão verde... pronto, está chamando.
Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares para um outro planeta:
- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.
- Que idade tem seu filho?
- Vai fazer dez em março.
- Que gracinha...
- É isso moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
- Certo, senhor. Quer para presente?
Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro. Capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa.
Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha a infelicidade de ter mais de quarenta, saberá compreender. 
Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona.
 O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse, abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um 'heavy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo. 
Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:
- Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
- Teu celular tem entrada USB?
- É lógico. O teu também tem.
- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?
- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, deu um beijo em Clarinha e disse:
- Sabe que eu tenho Bluetooth?
- Como é que é?
- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?
- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.
- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, 
toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?
- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.
- E conexão USB também.
- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.
- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.
- Ué? Por quê?
- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.
- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.
- Ué? A nossa estragou?
- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.
- Tudo isso?
- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...