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Coisas do cotidiano de Manaus e do Amazonas, pequenas matérias, opiniões, comentários sobre cinema e televisão, livros, músicas, desabafos e histórias de vida de um jornalista e mais algumas coisitas de pouca ou nenhuma relevância!
quarta-feira, 28 de julho de 2010
O funeral do anti-heroi
Morreu Wallace Souza. Que descanse em paz e preste contas no outro lado e a Deus do que quer que realmente tenha feito de ruim neste mundo. Sentimentos à família, porque a morte é um momento sempre duro.
É isso. O anti-heroi se foi. O processo continua contra os vivos envolvidos em uma história sórdida de corrupção e crimes. Mas, como sempre, o pior dos elementos é santificado pela morte. Hoje de manhã, ao voltar da consulta pós-cirúrgica no Cedoa (que fica a apenas algumas quadras de minha casa), passei pelo beco do Amparo, já a alguns metros de minha rua, quando ouvi uma conversa interessante entre quatro senhores, sentados no meio fio do beco.
-O cara era um tremendo de um cachaceiro, aprontava tudo quando enchia a cara e agora virou santo porque morreu - vociferava um.
(Provavelmente estão falando do Wallace, pensei)
- Verdade! Uma vez ele chegou cheio da cachaça numa festa. Foi uma vergonha. Aquele senador era terrível - concordou outro.
(Senador? Mas Wallace era deputado! De quem estarão falando?)
- Mas ele não era senador, era deputado - retrucou outro, parece que lendo meus pensamentos.
- Não é o Wallace, estou falando daquele outro que morreu, o Jefferson Peres!
Confesso que essa me pegou de surpresa. Afastei-me e fiquei pensando na santificação a que me referi no início do post. Nunca conheci o senador Jefferson Peres, apenas o entrevistei uma vez, assim como não conheci Wallace Souza. Só tenho conhecimento das coisas pelo que sai na mídia, apesar de ter ouvido conversas de corredor na época em que ainda estava em redação.
De qualquer modo, a justiça dos homens pode até falhar, mas a de Deus... nunca!
Os olhos novos de César Augusto
Como descrever a sensação de liberdade que sinto depois de largar os óculos de lentes grossas após décadas de uso? Não é fácil, porque você se sente renascido, estranho, como que descobrindo o mundo novamente.
Nunca tive coragem de fazer a tal da cirurgia para correção de miopia. Quando o ímpeto surgiu pela primeira vez, em 2001, meu convênio com a Unimed não cobria. Diziam - pasmem - que acima de 7 graus era considerada cirurgia estética. Querer deixar de ver os borrões era questão estética? Francamente... Furioso, arquivei a ideia por vários anos, até que agora resolvi encarar a "parada" - e bancado pela Unimed, claro!
Qualquer intromissão no funcionamento do seu corpo gera tensão, por mais segura que lhe garantem ser a intervenção. Foi assim comigo e com quase todos os seres humanos que já se submeteram a uma sala de operações. Mesmo tenso, fui, vi tudo acontecer e saí de lá 99% perfeito em duas cirurgias (uma em cada olho, lógico). De mais de 7 graus de miopia e quase 2 de astigmatismo, sobraram meros 0,5 graus deste último - pelo menos no olho direito, como o médico já me adiantou. Na próxima terça saberei como ficará o outro (mas sei que um pouco maior).
Esses 99% de perfeição me colocaram entre os 10% dos pacientes que sofreram a intervenção mas permaneceram usando óculos com grau muito menor. Mesmo assim, valeu a pena. Quem sofre de miopia muito alta sabe como é o drama. Passei por várias situações vexatórias sem óculos, quando os quebrava: de dia, você distingue massas informes como seres humanos, mas é incapaz de ver o rosto a ponto de nem saber o sexo da pessoa; à noite, o pesadelo era maior. Ir ao cinema 3-D era pagar mico, pois colocar os óculos especiais por sobre os de grau era ridículo mas necessário, e infelizmente não ajudava no efeito esperado. Quando eu estava sem óculos, olhava mais para o chão, tanto por receio de pisar em algo estranho quanto para não passar por alguém conhecido e deixar de cumprimentar por não poder distinguir suas feições.
Agora, isso é passado. O astigmatismo que sobrou não compromete muito. Fiquei tão feliz de poder ler placas a uma certa distância sem precisar apertar os olhos que me senti como criança, sinceramente.
Para quem tem medo da cirurgia: não sentimos absolutamente nada e vemos quase todo o procedimento (menos quando o médico manda você olhar fixamente para a luz vermelha enquanto a cirurgia acontece). Leva menos de um minuto. O incômodo da lente provisória que é colocada some com o uso dos colírios prescritos. Volto ao trabalho na sexta-feira, para poder me adaptar novamente (ficar com um olho bom e outro míope foi uma experiência terrível, mas durou apenas três dias, intervalo entre as duas operações).
Então, se você sonha em ter, literalmente, uma nova visão de mundo, encare. Se não pela Unimed, pelo desembolso de módicos R$ 2.200 pela cirurgia (só não tenho certeza se o valor é para os dois olhos ou para cada um). Vai ou não encarar?
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