Chegada a São Luís. Passeio pela praia da Ponta da Areia, imprópria pra banho e com pouca segurança, mas muito bonita |
O Maranhão e o Piauí eram os únicos Estados nordestinos que eu
ainda não conhecia, o que me impedia até hoje de dizer que viajei
por todo o Nordeste. Na verdade, eu tive uma rápida passagem por São
Luís em 1994, em um congresso de estudantes de Comunicação Social,
mas foi algo tão apressado e sem tempo para conhecer as coisas que
não considerei.
Foi minha primeira
viagem de férias 100 por cento solo, e havia um certo temor,
provocado mais pelas minhas crises de ansiedade: com alguém ao lado,
era possível ter um apoio em algum momento de imprevistos (o que
nunca aconteceu de fato em nenhuma outra viagem anterior – não
comigo, pelo menos). A experiência, no final das contas, acabou
sendo sensacional. Há uma sensação de liberdade, de segurança
total dos seus planos, sem receio de atrapalhar os outros ou de
chateação por conta da alteração de algum plano que você já
havia traçado (uma mudança de roteiro, por exemplo). Claro que
viajar com amigos é excelente, mas quando não há disponibilidade
da companhia, o jeito é encarar o mundo assim mesmo.
E, no final das
contas, foi uma viagem excelente!!!
Então, meu relato
vai mostrar em resumo o que vi em terras maranhenses e piauienses, do
dia 21 de agosto ao dia 2 de setembro de 2019. A viagem, como todas
as outras que já fiz, já estava sendo planejada há um ano, desde a
escolha do destino, o estabelecimento do roteiro, a compra das
passagens (graças ao programa de milhas Smile não gastei um
tostão), escolha das hospedagens, compra de passagens de ônibus e
compra de passeios (o que acabou não dando certo em Parnaíba,
conforme verão mais adiante).
E vamos lá!
Avenida dos Holandeses, zona que concentra o setor hoteleiro de São Luís |
SÃO LUÍS, MARANHÃO
Cheguei a São Luís
por volta das 12h15 (hora local) do dia 21 de agosto, após sair de
Manaus às 4h45 (hora local) e pegar uma conexão de apenas uma hora
em Brasília pela Gol. Foi uma experiência meio ruim por conta do
tempo que esperei no aeroporto Eduardo Gomes, onde cheguei pouco
depois de meia noite (o motivo? Usar Uber de madrugada é bastante
complicado em Manaus quando se vai ao aeroporto. Para os motoristas o
destino aparece como bairro Tarumã, onde o terminal fica localizado,
e houve muitos casos de crimes naquela região tendo como vítimas
esses motoristas. A explicação foi dada pelo condutor do quarto
Uber que finalmente não cancelou a corrida e atendeu meu chamado).
Fora essa chegada
muito cedo ao aeroporto e a longa espera, fui brindado pela companhia
de uma senhorita ou senhora de porte avantajado (não era uma mulher
gorda, e sim alta e bem encorpada), que acabou me deixando
pressionado de forma incômoda em minha poltrona (que sempre é da
janela), me impedindo até mesmo de ler ou assistir um documentário
do Netflix que havia baixado para meu tablet. Felizmente na conexão
não tive esse problema e o assento do meio ficou vago.
Por conta do
cansaço, o city tour que eu faria no mesmo dia foi cancelado a
pedido meu e ficou para o dia seguinte à tarde, após minha chegada
de Alcântara. Todos esses passeios e o que eu faria na sexta-feira
para Raposa e São José de Ribamar foram acertados com a agência
Darlan Guia Maranhão, que encontrei em pesquisa na internet e com
preço mais acessível. Minha chegada se limitou a me instalar no
flat Bellaggio, no bairro Ponta do Farol, área nobre e que concentra
a maior parte do setor hoteleiro de São Luís, no norte da ilha,
dormir e depois fazer um reconhecimento da região, da qual não
lembrava nada de minha rápida visita 25 anos atrás.
ALCÂNTARA E CITY
TOUR
Na manhã seguinte,
dia 22 de agosto, já bem restabelecido, fui para o passeio em
Alcântara. Darlan foi me apanhar no flat e me deixou no cais Rampa
Campos Melo, onde fui apresentado ao guia que me conduziria e aos
demais do grupo (éramos ao todo seis pessoas, sendo as outras cinco
senhoras muito simpáticas) pela cidade antiga. A travessia de lancha
dura aproximadamente uma hora, e dependendo das condições da maré
pode ser uma baita aventura que afeta quem enjoa com facilidade. A
recomendação que faço é: por causa do agito das ondas, tome um
café da manhã bem leve e chegue cedo para conseguir um lugar na
parte aberta da lancha (a parte fechada, com ar condicionado, acabou
sendo o pior lugar para eu ficar. Já sou acostumado a esses
balanços, mas o agito e a sensação de claustrofobia foram bem
ruins para mim).
Vencida a travessia,
o guia nos levou para os principais pontos de Alcântara. A cidade é
um museu a céu aberto de 370 anos! Casas antigas preservadas e
ruínas mantidas contam muito da nossa História. Passamos por ruas
de pedras preservadas, outras nem tanto, igrejas e museus. Para quem
gosta, é um passeio imperdível.
Além do aspecto
histórico, uma das atrações de Alcântara é um doce caseiro
chamado “doce de espécie”, feito com coco e muito delicioso! Seu
nome remonta dos tempos das especiarias, e para adquiri-lo sugiro
encomendar logo que se chega à cidade, pois ele vende rápido. Claro
que é possível encontrá-lo em São Luís, porém o charme é
justamente comprar no local onde ele é produzido.
Doce de espécie, uma delícia feita de coco e muito procurada em Alcântara |
Perto da cidade há
a base militar de lançamento, mas atualmente está fechada para
visitação. Prefiro não entrar nesse mérito em meu relato.
Na travessia de
volta para São Luís, mais meia hora de balanço, só que muito
menos intenso. Dessa vez consegui lugar na parte aberta da lancha, o
que me deu muita tranquilidade e paz.
Depois do almoço –
onde comi pela primeira vez o delicioso arroz de cuxá, feito com
camarão e vinagreira, basicamente – e de um rápido descanso,
Darlan voltou para me buscar e, junto com um casal de São Paulo,
fomos fazer o city tour, começando pela avenida Litorânea, onde
ficam as praias principais (Calhau, Caolho e Olho D´Água) e nelas
se concentram os bares e boa parte da vida noturna de São Luís, com
seus vários bares, restaurantes e casas de reggae.
Churrasco de carne de carneiro com arroz de cuxá no restaurante Ki Delícia |
Em São Luís as
praias da área urbana estão impróprias para banho, apesar de haver
gente que se atreve a entrar na água. Isso foi resultado do boom
imobiliário irresponsável naquela região, que trouxe muita
poluição. As praias do Calhau, Caolho e Olho D´Água também tem
trechos impróprios para banho, mas meu guia Darlan explicou que
havia mais segurança para banhos nela do que nas que ficam em Ponta
da Areia.
Avenida Litorânea |
Homenagem aos pescadores maranhenses |
Depois fomos ao
Centro Histórico da cidade, um espetáculo de preservação e
beleza, começando pelo Palácio dos Leões, sede do governo do
Maranhão, seguindo pelas principais praças e ruas (como a rua do
Giz) e terminando nos belos sobrados da rua Portugal com suas
fachadas de azulejos. Havia muito ainda a conhecer, mas esse
“aperitivo” valeu muito a pena! Claro que terminei por lá
aproveitando para prestigiar a vida noturna ludovicense, bastante
agitada e marcada pela diversidade naquela região histórica!
RAPOSA E SÃO JOSÉ
DE RIBAMAR
Na sexta-feira, dia
23, foi a vez de irmos a Raposa, onde ficam as Fronhas Maranhenses.
Levamos cerca de 30 minutos para chegar de van à pequena cidade,
onde paramos para conhecer a rua principal onde o comércio de
artesanato é forte. Muitas coisas bonitas para quem gosta dessa
atividade, com lembranças diversas. Depois, seguimos para o local da
travessia de lancha para as belas Fronhas, que servem como um
preparativo para os Lençois Maranhenses! Ali, além de subir os
morros de areia, chegamos ao mar para um bom banho! Tudo dura
aproximadamente 40 minutos, tempo suficiente para se deliciar.
No retorno, paramos
no restaurante O Capote, onde é possível conseguir um dos pratos em
porção para apenas uma pessoa (no restante da viagem só consegui
combinar petiscos com porções de guarnições, pois os restaurantes
se recusaram a fazer pratos do cardápio para apenas uma pessoa. Uma
ganância muito escrota, devo dizer). E, para uma pessoa, é uma
quantidade de comida muito bem servida e com preço justo!
Antes da volta a São
Luís, o destino foi São José de Ribamar, cidade de turismo
religioso. Além da igreja temos uma gigantesca estátua de São José
e uma gruta onde os devotos deixam seus pedidos ou agradecimentos. A
cidade possui uma arquibancada coberta que, vista pela lateral,
lembra uma Bíblia aberta. Muito interessante.
E assim acabou minha
passagem por São Luís e suas proximidades, com uma nova despedida na noitada do Centro
Histórico e depois em um clube de reggae que inaugurou naquela
sexta-feira, o Jamaica, na avenida Litorânea. No dia seguinte, cedo,
esperava o ônibus que faria meu transfer para Barreirinhas, onde
finalmente conheceria os Lençóis Maranhenses. Mas esse relato fica
para a segunda parte.
Sobre minha
hospedagem, o flat Bellagio foi satisfatório, pois fica localizado
em uma área muito boa de São Luís, perto de bares muito bons, dos
quais conheci o Buteco do Nego Véio (samba e pagode com som ao
vivo), perto da Lagoa da Jansen (ponto turístico abandonado hoje).
Mas ainda há por perto o Creole, que ficou para uma próxima
oportunidade. Outro que conheci bem bacana foi o Bar do Léo, no bairro Vinhais, a uns 20 minutos de carro do flat, com músicas antigas de MPB e decoração bem vintage, como um verdadeiro museu. Há também vários restaurantes, mas fiquei com o Ki
Delícia, na avenida dos Holandeses, a poucos metros do flat, com
comidas e lanches gostosos e bons preços.
Buteco do Nego Véio, em Ponta do Farol |
Bar do Léo, em Vinhais (a uns 20 minutos de carro do flat) |
Noite no Centro Histórico |
Casa de reggae Jamaica, na avenida Litorânea |
Para quem gostou do
relato e se interessar, seguem os contatos:
Flat Bellagio –
(98) 98134-7435 – senhor Jonas (ou pode ser localizado no
Booking.com)
Myleny – agência
Darlan Guia Maranhão – (98) 98175-0068 / site
www.darlanguiamaranhao.com.br