quarta-feira, 11 de setembro de 2019

VIAGEM: De São Luís (MA) a Teresina (PI) em 13 dias – parte 1

Chegada a São Luís. Passeio pela praia da Ponta da Areia, imprópria pra banho e com pouca segurança, mas muito bonita

O Maranhão e o Piauí eram os únicos Estados nordestinos que eu ainda não conhecia, o que me impedia até hoje de dizer que viajei por todo o Nordeste. Na verdade, eu tive uma rápida passagem por São Luís em 1994, em um congresso de estudantes de Comunicação Social, mas foi algo tão apressado e sem tempo para conhecer as coisas que não considerei.

Foi minha primeira viagem de férias 100 por cento solo, e havia um certo temor, provocado mais pelas minhas crises de ansiedade: com alguém ao lado, era possível ter um apoio em algum momento de imprevistos (o que nunca aconteceu de fato em nenhuma outra viagem anterior – não comigo, pelo menos). A experiência, no final das contas, acabou sendo sensacional. Há uma sensação de liberdade, de segurança total dos seus planos, sem receio de atrapalhar os outros ou de chateação por conta da alteração de algum plano que você já havia traçado (uma mudança de roteiro, por exemplo). Claro que viajar com amigos é excelente, mas quando não há disponibilidade da companhia, o jeito é encarar o mundo assim mesmo.

E, no final das contas, foi uma viagem excelente!!!

Então, meu relato vai mostrar em resumo o que vi em terras maranhenses e piauienses, do dia 21 de agosto ao dia 2 de setembro de 2019. A viagem, como todas as outras que já fiz, já estava sendo planejada há um ano, desde a escolha do destino, o estabelecimento do roteiro, a compra das passagens (graças ao programa de milhas Smile não gastei um tostão), escolha das hospedagens, compra de passagens de ônibus e compra de passeios (o que acabou não dando certo em Parnaíba, conforme verão mais adiante).

E vamos lá!

Avenida dos Holandeses, zona que concentra o setor hoteleiro de São Luís

SÃO LUÍS, MARANHÃO

Cheguei a São Luís por volta das 12h15 (hora local) do dia 21 de agosto, após sair de Manaus às 4h45 (hora local) e pegar uma conexão de apenas uma hora em Brasília pela Gol. Foi uma experiência meio ruim por conta do tempo que esperei no aeroporto Eduardo Gomes, onde cheguei pouco depois de meia noite (o motivo? Usar Uber de madrugada é bastante complicado em Manaus quando se vai ao aeroporto. Para os motoristas o destino aparece como bairro Tarumã, onde o terminal fica localizado, e houve muitos casos de crimes naquela região tendo como vítimas esses motoristas. A explicação foi dada pelo condutor do quarto Uber que finalmente não cancelou a corrida e atendeu meu chamado).

Fora essa chegada muito cedo ao aeroporto e a longa espera, fui brindado pela companhia de uma senhorita ou senhora de porte avantajado (não era uma mulher gorda, e sim alta e bem encorpada), que acabou me deixando pressionado de forma incômoda em minha poltrona (que sempre é da janela), me impedindo até mesmo de ler ou assistir um documentário do Netflix que havia baixado para meu tablet. Felizmente na conexão não tive esse problema e o assento do meio ficou vago.

Por conta do cansaço, o city tour que eu faria no mesmo dia foi cancelado a pedido meu e ficou para o dia seguinte à tarde, após minha chegada de Alcântara. Todos esses passeios e o que eu faria na sexta-feira para Raposa e São José de Ribamar foram acertados com a agência Darlan Guia Maranhão, que encontrei em pesquisa na internet e com preço mais acessível. Minha chegada se limitou a me instalar no flat Bellaggio, no bairro Ponta do Farol, área nobre e que concentra a maior parte do setor hoteleiro de São Luís, no norte da ilha, dormir e depois fazer um reconhecimento da região, da qual não lembrava nada de minha rápida visita 25 anos atrás.



ALCÂNTARA E CITY TOUR

Na manhã seguinte, dia 22 de agosto, já bem restabelecido, fui para o passeio em Alcântara. Darlan foi me apanhar no flat e me deixou no cais Rampa Campos Melo, onde fui apresentado ao guia que me conduziria e aos demais do grupo (éramos ao todo seis pessoas, sendo as outras cinco senhoras muito simpáticas) pela cidade antiga. A travessia de lancha dura aproximadamente uma hora, e dependendo das condições da maré pode ser uma baita aventura que afeta quem enjoa com facilidade. A recomendação que faço é: por causa do agito das ondas, tome um café da manhã bem leve e chegue cedo para conseguir um lugar na parte aberta da lancha (a parte fechada, com ar condicionado, acabou sendo o pior lugar para eu ficar. Já sou acostumado a esses balanços, mas o agito e a sensação de claustrofobia foram bem ruins para mim).

Vencida a travessia, o guia nos levou para os principais pontos de Alcântara. A cidade é um museu a céu aberto de 370 anos! Casas antigas preservadas e ruínas mantidas contam muito da nossa História. Passamos por ruas de pedras preservadas, outras nem tanto, igrejas e museus. Para quem gosta, é um passeio imperdível.



















Além do aspecto histórico, uma das atrações de Alcântara é um doce caseiro chamado “doce de espécie”, feito com coco e muito delicioso! Seu nome remonta dos tempos das especiarias, e para adquiri-lo sugiro encomendar logo que se chega à cidade, pois ele vende rápido. Claro que é possível encontrá-lo em São Luís, porém o charme é justamente comprar no local onde ele é produzido.

Doce de espécie, uma delícia feita de coco e muito procurada em Alcântara

Perto da cidade há a base militar de lançamento, mas atualmente está fechada para visitação. Prefiro não entrar nesse mérito em meu relato.

Na travessia de volta para São Luís, mais meia hora de balanço, só que muito menos intenso. Dessa vez consegui lugar na parte aberta da lancha, o que me deu muita tranquilidade e paz.

Depois do almoço – onde comi pela primeira vez o delicioso arroz de cuxá, feito com camarão e vinagreira, basicamente – e de um rápido descanso, Darlan voltou para me buscar e, junto com um casal de São Paulo, fomos fazer o city tour, começando pela avenida Litorânea, onde ficam as praias principais (Calhau, Caolho e Olho D´Água) e nelas se concentram os bares e boa parte da vida noturna de São Luís, com seus vários bares, restaurantes e casas de reggae. 

Churrasco de carne de carneiro com arroz de cuxá no restaurante Ki Delícia

Em São Luís as praias da área urbana estão impróprias para banho, apesar de haver gente que se atreve a entrar na água. Isso foi resultado do boom imobiliário irresponsável naquela região, que trouxe muita poluição. As praias do Calhau, Caolho e Olho D´Água também tem trechos impróprios para banho, mas meu guia Darlan explicou que havia mais segurança para banhos nela do que nas que ficam em Ponta da Areia.

Avenida Litorânea


Homenagem aos pescadores maranhenses








Depois fomos ao Centro Histórico da cidade, um espetáculo de preservação e beleza, começando pelo Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão, seguindo pelas principais praças e ruas (como a rua do Giz) e terminando nos belos sobrados da rua Portugal com suas fachadas de azulejos. Havia muito ainda a conhecer, mas esse “aperitivo” valeu muito a pena! Claro que terminei por lá aproveitando para prestigiar a vida noturna ludovicense, bastante agitada e marcada pela diversidade naquela região histórica!





















RAPOSA E SÃO JOSÉ DE RIBAMAR

Na sexta-feira, dia 23, foi a vez de irmos a Raposa, onde ficam as Fronhas Maranhenses. Levamos cerca de 30 minutos para chegar de van à pequena cidade, onde paramos para conhecer a rua principal onde o comércio de artesanato é forte. Muitas coisas bonitas para quem gosta dessa atividade, com lembranças diversas. Depois, seguimos para o local da travessia de lancha para as belas Fronhas, que servem como um preparativo para os Lençois Maranhenses! Ali, além de subir os morros de areia, chegamos ao mar para um bom banho! Tudo dura aproximadamente 40 minutos, tempo suficiente para se deliciar.














No retorno, paramos no restaurante O Capote, onde é possível conseguir um dos pratos em porção para apenas uma pessoa (no restante da viagem só consegui combinar petiscos com porções de guarnições, pois os restaurantes se recusaram a fazer pratos do cardápio para apenas uma pessoa. Uma ganância muito escrota, devo dizer). E, para uma pessoa, é uma quantidade de comida muito bem servida e com preço justo!

Antes da volta a São Luís, o destino foi São José de Ribamar, cidade de turismo religioso. Além da igreja temos uma gigantesca estátua de São José e uma gruta onde os devotos deixam seus pedidos ou agradecimentos. A cidade possui uma arquibancada coberta que, vista pela lateral, lembra uma Bíblia aberta. Muito interessante.


















E assim acabou minha passagem por São Luís e suas proximidades, com uma nova despedida na noitada do Centro Histórico e depois em um clube de reggae que inaugurou naquela sexta-feira, o Jamaica, na avenida Litorânea. No dia seguinte, cedo, esperava o ônibus que faria meu transfer para Barreirinhas, onde finalmente conheceria os Lençóis Maranhenses. Mas esse relato fica para a segunda parte.

Sobre minha hospedagem, o flat Bellagio foi satisfatório, pois fica localizado em uma área muito boa de São Luís, perto de bares muito bons, dos quais conheci o Buteco do Nego Véio (samba e pagode com som ao vivo), perto da Lagoa da Jansen (ponto turístico abandonado hoje). Mas ainda há por perto o Creole, que ficou para uma próxima oportunidade. Outro que conheci bem bacana foi o Bar do Léo, no bairro Vinhais, a uns 20 minutos de carro do flat, com músicas antigas de MPB e decoração bem vintage, como um verdadeiro museu. Há também vários restaurantes, mas fiquei com o Ki Delícia, na avenida dos Holandeses, a poucos metros do flat, com comidas e lanches gostosos e bons preços.

Buteco do Nego Véio, em Ponta do Farol

Bar do Léo, em Vinhais (a uns 20 minutos de carro do flat)

Noite no Centro Histórico


Casa de reggae Jamaica, na avenida Litorânea


Para quem gostou do relato e se interessar, seguem os contatos:

Flat Bellagio – (98) 98134-7435 – senhor Jonas (ou pode ser localizado no Booking.com)

Myleny – agência Darlan Guia Maranhão – (98) 98175-0068 / site www.darlanguiamaranhao.com.br

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