Quando fiz minha
penúltima viagem ao Ceará, em agosto do ano passado, conheci Camocim,
logo depois de Jericoacoara e perto da fronteira com o Piauí, e bem
perto de Parnaíba, cidade próxima à costa marítima piauiense da
qual eu já vira muitas e bonitas fotos. Na ocasião, por motivos
diversos, não pude conhecê-la (fica a pouco mais de duas horas de
carro de Camocim), então deixei para essa ocasião do meu tour
Maranhão-Piauí.
Ao planejar minha
estadia na cidade, escolhi a hospedagem meio que “no chute”: não
conhecia nada, só por fotografias, e como meu destino seguinte seria
Teresina, por ônibus, optei pela Pousada Rharas, a mais próxima da
rodoviária (a escolha acabou sendo perfeita, tanto que dei nota 10
para tudo dela no Booking). O passo seguinte seriam os passeios, mas
aí veio o primeiro temor: ao contrário de São Luís e
Barreirinhas, em Parnaíba o atendimento das agências deixa a
desejar. Como sempre quero deixar tudo esquematizado e, se possível,
pago, entrei em contato com duas delas por e-mail e Whatsapp. Apenas
uma me retornou, a Clip Ecoturismo. A outra, que nem vale a pena
citar o nome, solenemente ignorou tanto meus e-mails quanto minhas
mensagens (que foram lidas) pelo Whatsapp. Encontrei outras agências
mas com valores altíssimos, e acabei abrindo mão de um dos meus
locais visados para passeio: o parque arqueológico de Sete Cidades.
Vai ficar para a próxima ida ao Piauí.
Enfim, no dia 27 de
agosto, o transfer da Taguatur Turismo me apanhou no Hotel Rio
Preguiças (caras, que falta sinto de lá!) pela manhã, e após
embarcarmos no ônibus pegamos a estrada rumo a Parnaíba durante
quatro horas e meia, com uma pequena parada para esticar as pernas,
usar banheiro, fazer lanche etc. Conversei com a guia já perto da
cidade sobre passeios. Ela me falou que aquele grupo iria mais tarde
para a revoada dos guarás, um espetáculo que ocorre na região. Mas
no final das contas não havia como eu ser encaixado, pois precisaria
fazer o check-in na pousada, enquanto o grupo seguiria para um
restaurante de onde partiriam para o passeio. Em minha obsessão por
cumprir o roteiro exatamente como planejei, essa mudança não
“colou”. Decidi ficar na pousada (fui um dos primeiros), me
instalar e ir atrás de almoço (eram pouco mais de 14h quando
cheguei).
Outra dica
sensacional da guia da Taguatur: não há Uber em Parnaíba, mas há
um aplicativo de transporte semelhante, o Ubiz Car. Foi o que salvou
a pátria durante minha estadia na cidade. E foi como conheci a
Dulcy, a melhor e mais bacana motorista de Parnaíba!
Atravessando a ponte sobre o rio Parnaíba, que marca a fronteira entre Maranhão e Piauí |
As garotas que
trabalham na pousada foram uns amores em me indicar tudo, até mesmo
onde procurar passeios. Mas algo havia acontecido ainda em São Luís
que esqueci de relatar: um dos puxadores de minha mala quebrou, e não
havia como deixá-la segura nem substituí-la. Como já estava bem
debilitada, decidi comprar outra, e por isso na mesma tarde de minha
chegada fui ao Centro de Parnaíba comprar – já usando o Ubiz Car.
Mas, antes, fui à Clip Ecoturismo e comprei logo o passeio para o
dia seguinte: a revoada dos guarás, à tarde. Um detalhe
interessante: perto da Clip ficava o escritório da outra agência
que me ignorou. Resolvi ir até lá ver se tinha passeio para a
sexta, dia 30, para o delta do rio Parnaíba (a Clip só tinha para o
sábado, quando eu já estaria a caminho de Teresina). O atendente,
um sujeito com tanta boa vontade quanto um bicho preguiça, disse que
havia um previsto para esse dia, mas aguardavam fechar o número
mínimo de turistas. Ele anotou meu número para avisar caso fechasse
tudo (e garantiu que fecharia). Aí fui embora, já certo de que
seria de novo ignorado. Lá vem spoiler: foi exatamente o que
aconteceu.
Foi a oportunidade
para conhecer a parte histórica de Parnaíba: o Porto das Barcas,
onde antigamente eram transportadas mercadorias pelos braços do rio
Parnaíba, reúne a produção de artesanato local e a vida noturna
da cidade, mas não pude conhecer muito porque a maior parte está em
obras de revitalização (eu soube depois que houve uma enchente que
afetou aquela área este ano, por isso os trabalhos demoraram, pois
muito do que havia sido feito foi estragado pelo transbordamento do
rio). Mas pude comprar artesanatos (sou fanático por isso), conhecer
vários prédios antigos (outra paixão), a praça da igreja de Nossa
Senhora da Graça (uma beleza!) e tentar atravessar a ponte (pela
passarela para pedestres, claro) que leva até Ilha Grande, sobre o
braço do rio Parnaíba, de onde saem alguns dos passeios. Tentei
tirar fotos do meio da ponte, mas não consegui chegar até lá: a
murada é muito baixa e eu fiquei com receio de ter vertigem e me
estatelar no meio do rio. Já imaginaram o desastre?
Depois desse passeio
e de comprar a mala, voltei para a pousada. No Centro todos os locais
para almoço estavam fechados (passava das 15h30), então retornei na
esperança de achar algo para beliscar. Para resumir, só consegui
comer algo num churrasquinho perto da hospedagem, comida barata e
muito deliciosa (voltei lá outra noite para repetir). E dei por
encerrado o primeiro dia em Parnaíba.
A REVOADA DOS GUARÁS
No dia seguinte, 28,
saí novamente de manhã para visitar outros locais, me aventurar
pelo Centro fotografando mais prédios antigos e achei outro local de
artesanato, muito bacana, no mercado municipal do bairro Fátima,
terminando para fotos no letreiro de Parnaíba e na bela igreja
matriz de São Sebastião (tenho fascínio por igrejas antigas).
Depois do almoço, voltei à pousada e esperei me apanharem para o
passeio da revoada dos guarás, às 15h.
O passeio começa
com nosso embarque (eu e mais dois casais) no porto dos Tatus, em
Ilha Grande, ao lado de Parnaíba. Dali fomos apreciando a paisagem
dos igarapés (algo bem semelhante ao que temos aqui no Amazonas) e
florestas até as dunas da Ilha do Morro do Meio, ponto para banho e,
claro, mais fotos. Ficamos ali por 45 minutos, até o sol começar a
baixar. Nosso guia, então, condutor da lancha, nos avisou que
iríamos embarcar e ir até a frente da Ilha dos Guarás, onde as
aves, dali a alguns minutos, começariam a chegar para seu repouso.
Quando o sol começa
a se por, os guarás – aves de penas bem vermelhas – começam a
chegar timidamente, depois em grupos cada vez maiores, até colorirem
o céu e, depois, tingir o verde de sua ilha. É um espetáculo lindo
demais! Segundo o guia, aquilo se repete todos os dias naquele
horário, pois a ilha é um refúgio das aves contra predadores e seu
ponto de descanso. No dia seguinte, ao amanhecer, todas iriam voar
para diversas direções. Acho que fiz umas 200 fotos e vídeos com
meu celular, mas um problema no aparelho acabou fazendo eu perder
quase tudo, exceto as que eu havia compartilhado no Instagram e foram
para a nuvem. Menos mal.
Ficamos cerca de 40
minutos apreciando o espetáculo. Depois chegou a hora de partir e
voltar ao porto dos Tatus, e de lá para nossas pousadas. Excelente
fim do segundo dia em Parnaíba!
LUIS CORREA E
PEDRA DO SAL
Eu havia decidido ir
na quinta-feira passar o dia em Luis Correa, cidade litorânea a
cerca de 30 minutos de ônibus de Parnaíba. Ao comentar meu plano
com as recepcionistas da pousada (esses anjos!), elas me deram a
dica: ir de Ubiz Car até a cidade, dando como destino a praia de
Atalaia, e acertar com o motorista o retorno. E foi assim que conheci
a Dulcy, que pegou meu chamado.
Ela me levou até a
praia de Atalaia, e no caminho fomos conversando e ela já me dando
dicas de onde ficar e o que conhecer. Fiquei no Carlitu´s, um dos
melhores restaurantes da praia de Atalaia, e ela ficou de me apanhar
às 14h para o novo destino indicado por ela: praia da Pedra do Sal!
Fiquei encantado com
Atalaia! A praia é imensa, e felizmente, dado o período de baixa
estação, havia poucas pessoas. Senti como se fosse um lugar apenas
meu, onde pude deitar na areia e apreciar o céu, deixar minhas
coisas na areia sem me preocupar com algum passante “distraído”,
e comer uma comida deliciosa e de preço acessível (mas naquele
esquema do petisco mais guarnição. Ali também a ganância não
deixa fazerem pratos do cardápio para uma pessoa para não receberem
metade do valor. Triste…).
Pelo que conheci de
Luis Correa, a cidade tem um grande potencial ainda não aproveitado
por ter uma parte do pequeno litoral do Piauí. Ela precisa de mais
obras de infraestrutura, pois muitos dos bares da orla estão com
aparência de abandono. Isso sem falar na falta de divulgação de
tanto potencial.
Depois de muito
aproveitar e me esbaldar, avisei Dulcy que estava pronto e ela já
estava a caminho! Dali ela me deixou na praia da Pedra do Sal. Essa
viagem demorou bem mais (acho que quase uma hora) pois ela fez
questão de me mostrar outro local para onde ir no dia seguinte, caso
a agência estúpida não me informasse nada sobre o passeio ao delta
(e já sabem que não rolou mesmo): a lagoa do Portinho. Já
chegaremos lá.
Na praia da Pedra do
Sal, o cenário é lindo! Há uma enseada onde os pescadores
trabalham, vários bares (nesse dia a maior parte estava fechada),
uma praia de mar bem revolto (até tomei muito cuidado e não me
demorei na água por conta disso) e as pedras que tornam o espetáculo
maior: é lá que as ondas quebram com força quando a maré sobe e
onde ficam os depósitos de sal quando a água acumulada evapora (daí
o nome do lugar).
Quando deu 17h Dulcy
foi me buscar (deu até para tomar duas Petras antes do horário
combinado) e voltei para a pousada. A comida da noite foi iFood, onde
descobri a Paulista Mega Burger, nova na cidade com hambúrgueres
artesanais deliciosos! Foi meu jantar nas duas últimas noites em
Parnaíba!
LAGOA DO PORTINHO
Na sexta-feira, 30,
já conformado por ter sido ignorado pela agência escrota, esperei
Dulcy para ir à Lagoa do Portinho. Há uma lenda sobre o local,
segundo a qual o lago seria resultado das lágrimas de uma indígena
que perdera seu amado e desaparecera na noite. No lugar há um
restaurante, o restaurante do Luís, onde também há chalés para
hospedagem.
A lagoa é um local
tranquilo, e os preços do restaurante são bem justos. Fiquei lá
quase a tarde toda, entrando na água tranquila, explorando as dunas
onde encontrei outros lagos menores e registrando tudo em
fotografias, claro.
E assim terminou
minha passagem por Parnaíba! Mesmo não seguindo o plano original
(por conta da falta de tato da tal agência), tudo deu muito certo
graças à Dulcy, com suas dicas e sua disposição em ser minha
guia! Claro que a procurarei quando retornar lá ano que vem!!
Na manhã seguinte,
ela me deixou na rodoviária. Começaria ali minha última etapa da
viagem, rumo a Teresina. Até a próxima postagem!
Se ficou interessado
em conhecer Parnaíba, ficam as dicas:
- para os passeios
no delta, eles são oferecidos também em Barreirinhas, eu descobri.
Vale fazer uma comparação de preços. Mas para outros passeios em
Parnaíba, procurem a Clip Ecoturismo. Ignorem a outra (logo irão
saber qual).
- Pousada Rharas (um
pouco distante do Centro, mas numa área tranquila do bairro
Rodoviária) – (86) 3323-0380 / 99983-1285, e-mail
pousadarharas@hotmail.com,
ou pode procurar no Booking
- Paulista Mega
Burger – procurem seu instagram @paulistamega
- Dulcy Linhares,
motorista do Ubiz Car – instagram @dulcylinhares. Whatsapp (86) 99407-8500
- Clip Ecoturismo –
(86) 99978-5358
Dulcy, a motorista número UM de Parnaíba!!! Uma importante contribuição para minha passagem por Parnaíba |