Há uma citação no filme “Stigmata” que diz mais ou menos o seguinte: procura-me sob uma pedra e me encontrará; busca-me em um pedaço de madeira e me achará. Não são essas as palavras exatas atribuidas a Jesus Cristo, mas “bateram” bem com minha ideia do Cristianismo e da crença em Deus.
Sim, Deus existe, disso não tenho dúvida, pois não se pode conceber a vida como um “acidente químico” que dura um instante para logo após simplesmente apagar. Já deixo claro isso para não levantar ecos de heresia ou ateísmo. Nada disso. Só tenho uma visão diferente das coisas.
Creio que todas as religiões, se têm o mesmo Deus, devem ter algo para ensinar. Foi assim que parti rumo a uma busca, uma análise do que se tem a oferecer pelas seitas. Fui criado no Catolicismo, na visão do Deus tirano que castiga, dividindo nosso destino entre Céu e Inferno, aterrorizando com a danação eterna os que não seguem a doutrina. Vi pessoas rezando, se arrependendo, comungando e depois saindo da igreja para fazer sacanagem, enganar, levantar falso testemunho, deixar de estender a mão ao próximo... Demais para mim. Deixei de ser católico.
Essa visão de compensação divina e danação eterna segue na maioria das religiões evangélicas – veja bem, as RELIGIÕES, não a versão moderna da venda de indulgências e enriquecimento ilícito de seus “pastores”. Nem preciso ser mais explícito nisso.
Conheci algumas igrejas evangélicas, e a que me chamou atenção foi a Adventista, cujo culto tive a oportunidade de conhecer por meio de um grande amigo. Gostei. Sem gritos, sem aquelas coisas de fanáticos, um lugar de paz, boa pregação. Seguem uma doutrina voltada, sim, para o próximo. Ainda assim, não era o que eu procurava. Falta um algo mais.
Conheci o Espiritismo por meio de leituras, conversas com espíritas e assistindo filmes com essa temática. Foi com o qual, até então, havia me identificado mais, por conta da visão de causa e efeito, das explicações para Deus, Cristo, amor ao próximo, carma, reencarnação, família e relações humanas. No entanto, se a doutrina espírita mostra-se tão segura sobre conhecimentos de vida e morte e as implicações, por que muitos dos seus membros permanecem gananciosos, mentirosos, soberbos, adúlteros? Não é isso que eles devem compreender para estarem cada vez mais próximos de Deus, combater seus vícios e resistir as tentações? Exatamente como alguns católicos e evangélicos.
Enfim, em qualquer religião existe a banda podre que pode comprometer a imagem do conjunto. Admiro os que conseguem exercer sua fé com sinceridade, não somente “batendo beiço” nas orações. Quanto a mim, reles mortal pecador, sempre estou me arrependendo das burradas que faço, não sou perfeito, mas controlo meus vícios e fúrias de algum modo, sem prejudicar o próximo (embora alguns próximos até o mereçam). Voltando à frase citada no filme “Stigmata”, reproduzida no início do post, prefiro seguir sua essência: você conversa com Deus onde estiver, não precisa de edificações, pois foram ditas sagradas pelo homem em nome do Criador. Em muitas dessas edificações pululam os vendilhões da fé e os pedófilos, salvo aqueles que realmente são pessoas de caráter que sabem exercer sua religiosidade sem hipocrisia.
Pareço ter medo de seguir uma religião, confesso, pois penso que a arrogância religiosa faz cristãos perseguirem judeus, católicos massacrarem protestantes, evangélicos banirem espíritas e assim por diante, tudo por incapacidade de tentar a compreensão mútua e o conhecimento do que é diferente. Prefiro tirar um pouco do que cada uma oferece de bom, seguir o meu caminho sem fazer o mal – isso é o mais importante, creio. Então, que respeitem minha posição do mesmo modo que respeito as outras, mesmo que eu critique. Afinal, quero tentar ser um bom cristão, melhor em atos do que em rituais. E sem rótulos.
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