domingo, 11 de março de 2012

Quem merece um pé no traseiro?

Finalmente o ano começou aqui no blog, após o hiato do pós reveillon e da folia carnavalesca. E não poderia começar melhor, com um membro da Fifa falando que nosso país merecia um "pé na bunda" por conta do andor da procissão das obras para a Copa do Mundo de 2014.

Como era de se esperar, muita gente "se doeu", como se costuma dizer popularmente. Sem querer entrar no mérito do caráter do autor da frase que melindrou meia nação (ou sua quase totalidade), sou obrigado a reconhecer: se não pelas obras para a Copa de 2014, merecemos, sim, um belo coup de pied aux fesses.

Antes que eu seja chamado de reacionário ou seja alvo de adjetivos mais eloquentemente depreciativos, cabe-me frisar: só se ofende quem não gosta da verdade. Francamente, quem acha que o país está realmente preparado para sediar a Copa a esta altura? Ainda temos dois anos, mas muita coisa caminha a passos lerdos, emperrados pela incompetência burocrática ou pelo velho jogo de "vamos ver onde nós podemos lucrar mais". Minto? E isso refere-se somente à Copa!

A julgar pelos absurdos que vemos todos os dias em nosso Brasil, se cada golpe nas partes traseiras baixas fosse uma tentativa de botar nosso país nos eixos, sem dúvida as nádegas tupiniquins não poderiam conseguir um encosto tão cedo. Temos paradoxos monstruosos em nossas leis. Honestidade ainda parece a muitos coisa do outro mundo. Vidas humanas ceifadas por irresponsáveis no trânsito custam uma mísera fiança. Falta pouco para criarem um imposto sobre o ar respirado. Enquanto trabalhadores sofrem para ter um reajuste decente nos salários, uma cambada se aproveita para aumentar seus vencimentos e criar cada vez mais mordomias (e enquanto uns poucos se revoltam contra isso, outros da mesma classe ficam impassíveis e não se mexem para acabar com essa baderna). O incremento cultural hoje se evidencia pela louvação a uma música de parcos versos a exaltarem a masturbação ou um programa de situações suspeitas que é defendido como expressão da cultura popular (a minha, mesmo, não!). Falsos homens da lei são punidos com aposentadoria e vencimentos integrais. Ladrões de galinha ficam presos tempos a fio enquanto meliantes de terno, gravata e toga surrupiam a nação sem uma demonstração de arrependimento. Gangues de marginais travestidos de torcedores de times de futebol promovem uma verdadeira guerra civil, e ainda assim se libera o uso de bebida alcoólica nos estádios durante os jogos da Copa.

A lista de aberrações em nosso Brasil lindo e imenso, de povo alegre e hospitaleiro, de belezas naturais fantásticas, é muito extensa. A quem não se conforma com essa onda de violência, corrupção, idiotice e estagnação que corre o país de norte a sul, só resta lamentar, porque os tempos de revolução ficaram no passado, como registros nos livros de história. O que mais importa à nova geração é balada, Big Brother, a pobreza da cultura de massa e o umbigo de cada um. Agora, deixando de lado o comportamento nervosinho do Jerome Valcker, merecemos ou não um pé na bunda?

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