Trânsito é meu tema preferido, sobretudo quando é para, em bom dito popular, baixar o malho. Até que surja algum tipo de iniciativa que o coloque nos eixos, nada me resta senão falar mal, muito mal.
Cada cidade brasileira tem sua peculiaridade no trânsito. Em Manaus, o caos aumenta a cada dia. Carros demais nas ruas, espaço de menos, falta de planejamento e temos estresse, barulho insuportável, congestionamentos, falta de educação, pessoas dirigindo pela contramão e acidentes acontecendo com frequência.
Como se não bastassem os estúpidos das quatro rodas (ou mais, dependendo do veículo, que pode ainda ser um ônibus biarticulado ou um daqueles monstrengos mecânicos transportadores de contêineres), agora a turma das duas rodas resolveu entrar para o infame clube.
Explico a constatação. Hoje, a caminho do trabalho, deparei-me com uma cena inusitada: motoqueiros trafegando pelas calçadas. Não dirijo e não sou expert em legislação de trânsito, mas no meu limitado conhecimento sei muito bem que calçadas são feitas para pedestres, coisa aparentemente desconhecida para os infratores. Mas a esculhambação (não há expressão mais adequada) é tamanha e a falta de uma fiscalização mais rigorosa (e à prova de propinas ou "guaranás", como se diz aqui em Manaus) é cada vez mais gritante que os próprios condutores estão ditando as regras na capital amazonense. E são os maus motoristas que as ditam, os praticantes do famoso "jeitinho" para chegar mais rápido ao seu destino, incluindo-se aí dirigir pela contramão, fazer retorno em lugares proibidos, não respeitar a faixa de pedestres, trancar cruzamentos, fechar garagens com seu carro e ultrapassar ou fazer curvas sem sinalizar, só para citar algumas atitudes. Isso acontece todos os dias, em qualquer lugar de Manaus. E a cheia está aí para piorar ainda mais a situação.
A cena que descrevi acima aconteceu na rua Salvador, em Adrianópolis, entre as avenidas Umberto Calderaro e Mário Ypiranga, por volta das 7h. No último domingo, 3 de junho, presenciei algo mais revoltante ainda na avenida Constantino Nery, na altura do bairro São Geraldo: um sujeito fez retorno com seu veículo passando por cima do canteiro central, o qual já estava bem deteriorado.
As desculpas para tentar justificar essas práticas infames são muitas, mas nunca condizem com a verdade, que é só uma: a maior parte dos motoristas de hoje são burros, preguiçosos e incrivelmente irresponsáveis, sem contar o descaso com o patrimônio público, como o do cidadão (se é possível considerá-lo assim) protagonista da segunda cena. Para piorar, o governo federal estimula a venda de veículos de todas as formas. Como se nas ruas brasileiras o que mais se carecesse fosse de carro para o povo. Povo mal educado, infelizmente.
Mais carros novos circulando, menos investimentos no sistema viário, mais aborrecimentos para pedestres e bons motoristas. E as novas gerações estão aí para aprender, como os filhos dos pais que, por preguiça pura, dirigem pela contramão na rua Natal, em Adrianópolis, para deixar suas crianças na escola, a poucos metros dali. Sem dúvida, é o futuro da nação.
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