quinta-feira, 24 de março de 2011

O fascinante e curioso universo da canalhice

Jornalista Márcio Vieira lança no próximo dia 9 de abril seu livro "Teoria do Canalha", na Livraria  Valer

Por César Augusto

A infidelidade masculina tanto é criticada quanto incompreendida. É essa compreensão que o jornalista Márcio Vieira, 32, buscou ao escrever "Teoria do Canalha" (editora Valer, 81 páginas, R$ 10), a ser lançado na livraria Valer - rua Ramos Ferreira, 1195, Centro - no próximo dia 9 de abril, às 10h.

Apesar dos arrepios que o adjetivo pode causar no sexo frágil (?), não se trata de um guia ou uma obra que exalte a infidelidade do homem, como bem o frisou o autor. "É uma investigação cômico-filosófica que busca investigar os motivos e fundamentos de homens infiéis, identificados como canalhas, a partir de observações cotidianas", explica Márcio. "Busquei abordar o tema de uma forma teórica, procurando identificar os fatores que contribuem para a formação de um canalha e ainda tentando mostrar o ponto de vista desse grupo humano frequentemente criticado, mas raramente compreendido historicamente", afirma.

Foi na Psicologia que o jornalista buscou o seu referencial teórico e em autores como Michel Foucault ("História da Sexualidade") e Ana Beatriz Barbosa Silva ("Mentes Perigosas"), além de revistas especializadas e filmes.

Até o ponto final em "Teoria do Canalha", houve uma série de pesquisas iniciadas em 2006 e conversas diretamente com a "fonte" do tema. "Conheço muitos [canalhas], embora eu não seja um deles", adverte, aos risos. Foi na própria família que Vieira buscou a inspiração. "Meu pai tinha duas famílias e pelo menos três amantes que eu me lembro, quando era pequeno", conta. O pai de Márcio Vieira já faleceu, mas seus familiares aprovaram a ideia. "Minha mãe gostou bastante. Meus irmãos aprovaram a iniciativa, porém não se envolveram", conta.

O fato de um assunto de família gerar um tema de estudo poderia ser uma espécie de "exorcismo"? Para Vieira, talvez sim. "Sempre me intrigava o comportamento do meu pai. Por isso decidi estudar o assunto, porém procurei apresentar um livro ao alcance de todos", afirma. "Não se trata de um ensaio sobre psicologia. É um estudo mais secular, nada sofisticado, por isso também dou um tom de humor", acrescenta.

Como dificuldade nos aproximadamente quatro anos de elaboração da obra, Márcio Vieira cita apenas a falta de literatura sobre o assunto na forma no qual foi abordado. "Não se trata de um manual. É um ensaio, uma impressão sobre o fenômeno 'canalhista'", frisa. Resistências a um assunto assim? Claro, era de esperar quando se trata de infidelidade masculina, mas nada preocupante ou desestimulante. "Apesar de o tema suscitar um machismo inevitável, poucas mulheres não têm uma história para contar sobre seus desenganos e decepções sentimentais", aponta.

Aprofundamento
O envolvimento com um assunto de certa forma delicado aprofundou bastante o conhecimento de Márcio Vieira. "Vi que o comportamento do homem canalha heteroerótico envolve uma série de variáveis biológicas e culturais. Também percebi que muitas vezes nós, homens, somos muito cruéis e injustos com nossas companheiras. Temos que ter mais respeito pelas mulheres", declara.

"Teoria do Canalha" é o segundo livro de Márcio Vieira, mas o primeiro lançado no mercado. O primeiro, "Reston: o Mecenas do Empreendedorismo", de 2008, foi um resgate da história do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Amazonas e de um de seus fundadores, o empresário e economista José Carlos Reston, e ficou restrita ao sistema Sebrae no Brasil.

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e com passagens pelo jornal Diário do Amazonas e assessorias de imprensa diversas, Márcio Vieira é funcionário do Sebrae Amazonas desde 2007. Após a "Teoria...", está escrevendo um romance ambientado na periferia de Manaus, trabalho iniciado em 2006 mas agora em fase de conclusão. "Dei uma parada para fazer algumas pesquisas sobre violência urbana e li alguns livros reportagem para ter mais elementos de linguagem e simbólicos à disposição".

(Fotos: Divulgação)

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