sábado, 26 de março de 2011

O outro lado (igualmente ruim) da moeda

Manaus ganhou destaque na mídia com o caso do adolescente agredido e baleado por policiais em agosto do ano passado. Coisa triste, retrato de um país que não consegue combater a criminalidade pelo fato de ela estar presente justamente no meio que tem por obrigação proteger a população e manter a ordem.

Aí vem o outro lado da moeda: em matéria no jornal "A Crítica", um promotor informa que, segundo a família do rapaz agredido e ferido, o mesmo não era "nenhum santinho". Consta, inclusive, que o jovem de 14 anos já teria um homicídio de outro adolescente nas costas. O nobre promotor apenas retratou uma nova situação exposta pelos familiares, mas, certamente, para muitos o delinquente apenas teve o que mereceu.

Não adianta falar em direitos humanos ou que, por mais criminoso que fosse, o rapaz não merecia ser abordado e praticamente massacrado daquela maneira. Chegamos a um ponto tal de convivência com a certeza da impunidade que beira a selvageria. Não confiamos na eficiência da segurança pública, daí a justiça pelas próprias mãos e atitudes mostradas como a dos policiais serem até mesmo aplaudidas.

Esses dois lados da história são ruins. De um lado, policiais que podem abordar e agredir qualquer um pela mínima suspeita. Sinceramente, não creio que sejam punidos. Expulsá-los da Polícia Militar só vai aumentar os números da criminalidade. De repente podem se tornar pistoleiros, seguranças de traficantes. O bom seria que pagassem pelo que fizeram e seguissem adiante em uma vida honesta. Há esperança para tudo. Mas há muita coisa nisso que renderia uma bela série de reportagens - falta de incentivo, maus critérios para seleção, inexistência de condições de trabalho e assim por diante.
Do outro lado, o fato de o jovem supostamente já ser enredado no mundo do crime. Temos certeza da impunidade, porque o adolescente infrator é protegido por lei e pela maioridade penal. Em breve, se realmente for um criminoso, estará de volta à "ativa", transtornando sua família e aumentando a insegurança. E seu destino será, com certeza, o de vários adolescentes arrastados para a criminalidade: uma sepultura de indigente, no mínimo. Por isso acontecem os aplausos a uma atitude como aquelas dos policiais.

Despreparo para lidar com o crime, de um lado, e impunidade que pode incentivar a criminalidade, do outro. Por isso aquele famoso adolescente de São Paulo tem tantas passagens por delegacias e continua encantando com o submundo do crime. Há algum tempo, houve uma discussão sobre a diminuição da maioridade penal. Por que esse silêncio todo agora?

Amazonas e Piauí: vítimas da ignorância brasileira

Recentemente, as redes sociais mostraram seu poder de repulsa dos seus membros em dois episódios de total aberração cultural. A pérola amplamente divulgada no You Tube do jovem Thomas, do grupo Restart (mais um grupelho de visual bizarro, uma mistura de emo, Teletubbies e letras cheias de lugares comuns e com destino – espero que rápido – ao ostracismo, como qualquer modismo), sobre gostar de fazer um show “em” Amazonas (sic) mas sem saber se aqui no Estado havia civilização causou uma onda de aversão tão grande dos amazonenses que nem mesmo uma retratação (mais tosca do que a infeliz declaração) ajudou, e o show do grupo, programado para 1º de abril próximo em Manaus, foi cancelado. A empresa promotora divulgou uma nota ligando a decisão ao receio de manifestações prejudiciais à integridade física do grupo, mas corre a boca pequena que, na verdade, o fracasso nas vendas de ingressos seria o real motivo.

O segundo episódio, do qual tomei conhecimento ontem pelo Twitter, aconteceu quando um comediante chamado Marauê Carneiro se referiu ao Piauí como o “cu do mundo” no Facebook. A mesma fúria tomou conta dos piauienses nas redes sociais, tendo como consequência o cancelamento do show do tal comediante em Teresina e uma nota de repúdio de um parlamentar daquele Estado. Nem mesmo dizer que a frase jocosa era de autoria do comediante Juca Chaves foi remédio. Os tempos são outros. Fazer troça dos irmãos brasileiros agora é coisa séria.

Parece incrível que Norte e Nordeste sejam sempre vítimas desse tipo de coisa. No Norte, somos chamados de incivilizados, vivemos no meio do mato, compartilhamos espaços com jacarés e onças e coisas do tipo. No Nordeste, os habitantes são batizados de preguiçosos, cabeças chatas, subdesenvolvidos e por aí vai. Como alguém citou no Twitter, existe uma “sudestelização” (mais ou menos assim é a expressão), onde o conceito de desenvolvimento é bastante equivocado.

Na região Norte, temos a maior floresta tropical, uma fauna exuberante e uma natureza maravilhosa, apesar de não sabermos ainda explorar esse potencial turístico (coisas de políticas públicas, mas um dia o passo acerta). Quem dera dividíssemos espaço pacificamente com onças, jacarés e outros animais. Melhor que dividir com ladrões, traficantes, corruptos e maus policiais, porém isso é uma utopia. O Norte é assim. O Brasil é assim. Quando somos chamados de índios, o fato em si não é o que causa revolta – pelo menos no meu ponto de vista. A História mostra que os indígenas tiveram suas terras roubadas, ou seja, o Brasil começou a partir de um crime. Eles são os verdadeiros donos da terra. São os antepassados de milhões de brasileiros, então não haveria sentido em nos sentirmos ofendidos com isso. O que ofende é a forma jocosa como usam o termo. E depois surge das trevas da “jumentice” um garoto deslumbrado com a fama declarar sua burrice em público (o que é pior, cometeu uma gafe que nem a entrevistadora fez menção de corrigir ou refutar – talvez fosse tão burra quanto ele) e achar que somos igualmente burros ao falar de uma “edição mal feita” no vídeo. Pelo visto, pela falta de cultura, o nível de desenvolvimento educacional do híbrido emo-teletubbie não indica nenhum pouco de civilização. Como eu perguntaria ao meu amigo jornalista Luiz Otávio Martins, “de que pântano isso surgiu?”.

O caso dos nossos irmãos piauienses é um pouco diferente na forma da agressão, mas tem a mesma essência da falta de respeito. O Piauí tem povo trabalhador como em qualquer outro Estado, tem lugares que valem a pena ser conhecidos (como em todo o maravilhoso Nordeste) e possui habitantes extremamente cordiais (não conheço ainda o Estado, mas declaro isso com base no que conheço dos nordestinos – um povo incrivelmente hospitaleiro, pacífico e animado. Tenho conhecimento de causa porque sou filho de cearenses que chegaram ao Amazonas sem nada, fugindo da seca e do descaso com aquela região, batalharam e criaram família sem nunca esquecer suas raízes ou fazer pouco caso do lugar que os acolheu). Se realmente Juca Chaves usou a infeliz expressão divulgada pelo tal ator, foi em um tempo em que esse tipo de galhofa não era tão repercutida. Não havia redes sociais nem interação imediata entre as pessoas.

Restart e Marauê (que nome, hein?) sentiram o efeito “Twitbook” de sua ignorância. Todos os que se manifestaram nas duas situações, seja de forma cautelosa ou revoltada, merecem parabéns. Para o garoto do primeiro, é bom levar a sério os estudos. Para o segundo, recomendo buscar uma linha de humor mais inteligente. A força das redes sociais deve ir mais além, pois além dos preconceitos, há também os erros, injustiças e atos corruptos que merecem ser repudiados, precisam gerar uma ação coletiva, algo exemplar como o que aconteceu no Egito. O caso dos “artistas” ignorantes pode parecer uma futilidade brasileira, mas pelo menos é um começo. Falta cada um reconhecer em si esse poder de mudança.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Novo round com a Claro

Hoje foi um dia daqueles! Aliás, a desgraça começou ainda ontem, quando descobri que meu celular Claro estava bloqueado para realizar chamadas. Há dias, a toda ligação efetuada, eu era obrigado a ouvir aquela mensagem irritante "Prezado cliente: ainda não identificamos o pagamento de sua última fatura..." e por ai vai. Detalhe: eu estava com a fatura de fevereiro em aberto, mas a nova fatura, que vence dia 28 de março, inclui o valor devido. Outro detalhe: essa fatura a vencer já foi paga no dia 15 de março!

Se eu paguei a fatura (vocês não imaginam o quanto me controlei para escrever um belo e cabeludo palavrão aqui, tal a fúria...), então por que a Claro bloqueou meu celular? Tentei ontem contato pelo 1052 e nada. À noite o atendente me disse que havia três faturas em aberto do ano passado, vencidas em outubro, novembro e dezembro. Mas os tais débitos já haviam sido negociados e as parcelas estavam sendo pagas normalmente nas faturas, expliquei. Ele pediu-me para retornar hoje pela manhã para verificar a situação com o setor financeiro.

Aí a bomba estourou. Fiquei com tanta raiva que praguejei contra a pobre da atendente (que, coitada, deve receber uma nicharia para ouvir desaforos de clientes revoltados) e bati o telefone na cara dela, trêmulo de fúria, após avisar que iria resolver aquilo e depois iria cancelar a porra da linha (assim mesmo, com o palavrão que não pude evitar). Ela simplesmente me disse que, por eu não haver pago a fatura no mês passado, foi caracterizada a quebra do acordo. "Mas se foi isso, por que a terceira parcela apareceu na fatura? De qualquer modo paguei as duas agora", questionei, já sentindo o sangue fervendo (lógico, se houvesse quebra de acordo nem a segunda nem a terceira parcela deveriam aparecer e a empresa deveria me comunicar formalmente, o que não ocorreu). "Mas ainda é quebra do acordo", disse a voz a milhares de quilômetros pela linha telefônica. Foi então que perdi a calma, gritei meus suaves palavreados e desliguei antes que meu coração parasse repentinamente.

Agora, vejamos: fiz um acordo para parcelar o valor em aberto. Por razões diversas, não paguei a fatura de fevereiro, onde vinha relacionada a segunda parcela. A fatura de março chegou acumulando as duas contas, e nela ainda veio relacionada a terceira parcela. Quando paguei, no último dia 15, meu celular já estava bloqueado, mas dias depois voltou ao normal. De repente, bloqueado de novo e a atendente me diz que as três contas negociadas e em teoria já pagas (pois estavam relacionadas no montante pago) permaneciam em aberto. Pelo que entendi, teria que pagar tudo de novo. Isso é o quê? Extorsão, má fé ou qual tipo de pilantragem dessa operadora, que não se dá por satisfeita em vender planos de internet mentirosos?

Depois que esfriei a cabeça, fiz questão de mandar um e-mail para a operadora (para não perder de novo a paciência com os pobres coitados que eles empregam) contando a situação e avisando que iria resolver essa questão judicialmente e iria querer ainda o cancelamento imediato da linha. Meu dinheiro eles não terão mais. Estou pensando até em portabilidade para a Oi - a única que não possuo - para preservar o número, mas agora pré-pago. A linha da Vivo, que eu pretendia cancelar no próximo mês, pelo jeito vai continuar ativa como pós-paga. Agora, a Claro que se recolha às trevas da sua sacanagem.

Enquanto isso, estou juntando os documentos necessários para entrar com uma ação nas Pequenas Causas. Se eu descobrir que botaram meu nome no SPC/Serasa, aí vai ser AQUELA ação!

O fascinante e curioso universo da canalhice

Jornalista Márcio Vieira lança no próximo dia 9 de abril seu livro "Teoria do Canalha", na Livraria  Valer

Por César Augusto

A infidelidade masculina tanto é criticada quanto incompreendida. É essa compreensão que o jornalista Márcio Vieira, 32, buscou ao escrever "Teoria do Canalha" (editora Valer, 81 páginas, R$ 10), a ser lançado na livraria Valer - rua Ramos Ferreira, 1195, Centro - no próximo dia 9 de abril, às 10h.

Apesar dos arrepios que o adjetivo pode causar no sexo frágil (?), não se trata de um guia ou uma obra que exalte a infidelidade do homem, como bem o frisou o autor. "É uma investigação cômico-filosófica que busca investigar os motivos e fundamentos de homens infiéis, identificados como canalhas, a partir de observações cotidianas", explica Márcio. "Busquei abordar o tema de uma forma teórica, procurando identificar os fatores que contribuem para a formação de um canalha e ainda tentando mostrar o ponto de vista desse grupo humano frequentemente criticado, mas raramente compreendido historicamente", afirma.

Foi na Psicologia que o jornalista buscou o seu referencial teórico e em autores como Michel Foucault ("História da Sexualidade") e Ana Beatriz Barbosa Silva ("Mentes Perigosas"), além de revistas especializadas e filmes.

Até o ponto final em "Teoria do Canalha", houve uma série de pesquisas iniciadas em 2006 e conversas diretamente com a "fonte" do tema. "Conheço muitos [canalhas], embora eu não seja um deles", adverte, aos risos. Foi na própria família que Vieira buscou a inspiração. "Meu pai tinha duas famílias e pelo menos três amantes que eu me lembro, quando era pequeno", conta. O pai de Márcio Vieira já faleceu, mas seus familiares aprovaram a ideia. "Minha mãe gostou bastante. Meus irmãos aprovaram a iniciativa, porém não se envolveram", conta.

O fato de um assunto de família gerar um tema de estudo poderia ser uma espécie de "exorcismo"? Para Vieira, talvez sim. "Sempre me intrigava o comportamento do meu pai. Por isso decidi estudar o assunto, porém procurei apresentar um livro ao alcance de todos", afirma. "Não se trata de um ensaio sobre psicologia. É um estudo mais secular, nada sofisticado, por isso também dou um tom de humor", acrescenta.

Como dificuldade nos aproximadamente quatro anos de elaboração da obra, Márcio Vieira cita apenas a falta de literatura sobre o assunto na forma no qual foi abordado. "Não se trata de um manual. É um ensaio, uma impressão sobre o fenômeno 'canalhista'", frisa. Resistências a um assunto assim? Claro, era de esperar quando se trata de infidelidade masculina, mas nada preocupante ou desestimulante. "Apesar de o tema suscitar um machismo inevitável, poucas mulheres não têm uma história para contar sobre seus desenganos e decepções sentimentais", aponta.

Aprofundamento
O envolvimento com um assunto de certa forma delicado aprofundou bastante o conhecimento de Márcio Vieira. "Vi que o comportamento do homem canalha heteroerótico envolve uma série de variáveis biológicas e culturais. Também percebi que muitas vezes nós, homens, somos muito cruéis e injustos com nossas companheiras. Temos que ter mais respeito pelas mulheres", declara.

"Teoria do Canalha" é o segundo livro de Márcio Vieira, mas o primeiro lançado no mercado. O primeiro, "Reston: o Mecenas do Empreendedorismo", de 2008, foi um resgate da história do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Amazonas e de um de seus fundadores, o empresário e economista José Carlos Reston, e ficou restrita ao sistema Sebrae no Brasil.

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e com passagens pelo jornal Diário do Amazonas e assessorias de imprensa diversas, Márcio Vieira é funcionário do Sebrae Amazonas desde 2007. Após a "Teoria...", está escrevendo um romance ambientado na periferia de Manaus, trabalho iniciado em 2006 mas agora em fase de conclusão. "Dei uma parada para fazer algumas pesquisas sobre violência urbana e li alguns livros reportagem para ter mais elementos de linguagem e simbólicos à disposição".

(Fotos: Divulgação)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Manaus e a tarifa social: o apressado come cru... e amargo

Votei no Serafim Corrêa na última eleição para prefeito de Manaus. Achava que ele poderia ajudar a mudar nossa cidade para melhor. Para mim, isso estava acontecendo aos poucos. Depois de décadas de desmandos de grupos políticos que se revezavam no poder, ele apareceu como a boa alternativa. Mas o povo cansado de tanta desconsideração não teve paciência. A maioria deu um passo atrás e elegeu, mais uma vez, Amazonino Mendes.

Aqui vale aquela máxima: cada povo tem o governante que bem merece. Os ônibus continuam cacarecos ambulantes eventualmente maquiados, há buracos por todas as vias públicas, o trânsito ainda não tem uma solução decente (se bem que, convenhamos, a questão é mais complicada por conta das ações individuais que somente uma gestão ditatorial poderia dar jeito), nosso parques estão ficando escuros e abandonados... E o nosso prefeito perde a compostura - coisa que nenhum gestor pode fazer por mais crítica que seja a situação -, acaba sendo mal interpretado e abre uma brecha para oportunistas sugerirem um impeachment - falando sério, já houve coisa bem pior na prefeitura e não se falou nisso. Agora, coroando tudo, acaba a tarifa social aos domingos - a metade do valor de uma passagem de ônibus cobrada no sistema de transporte coletivo. Reclamavam que o Serafim deixou a cidade cheia de buracos. Aí está...

Coloquei no Twitter, no Facebook e agora coloco aqui a questão: o que me dizem os eleitores do atual prefeito? Aqueles que me xingaram quando declarei meu voto abertamente na época e defendi o então prefeito Serafim Corrêa porque acreditava que ele precisava de mais tempo (o Lula não teve?), ou que gritavam "agora a cidade vai para a frente" quando a vitória estava confirmadíssima e debocharam da nossa derrota (disputa é disputa, mas infelizmente tem gente que apela para a arrogância nessa hora), onde estão? Comemorando o fim da tarifa social, entre outros avanços que estariam nos colocando "para a frente"?

Vamos ver essas comemorações enquanto embarcam nesses ônibus ridículos, torcendo para que não "preguem" no meio do caminho. É isso aí, Manaus... Não teve paciência... O apressado come cru - e, no caso, amargo. Ainda assim, eu te amo (com algumas reservas).

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Restart e a banalização da burrice

Cada época tem uma peculiaridade. Em se levando a frase ao pé da letra, é de se ter pena da atual geração. O exemplo recente das declarações infelizes do Thomas, um dos garotos emos do Restart, que atiçaram a fúria dos amazonenses ao chamar o Amazonas de Estado sem civilização, sendo legal para o grupo fazer um show "no meio do mato", é uma prova disso. Obviamente o garoto não quis ofender abertamente os amazonenses, mas sua ignorância é digna, sim, de gerar revolta (o vídeo ainda está no Youtube, quem não viu pode acessar por esse link: http://www.youtube.com/watch?v=P6nPwb_L33c&lc=iP-9bRu0b7dPjmfjzaYIXp27o_M8FX3P8SQeCZR1WxY&lcf=cs).

Eu me pergunto que tipo de vida esses garotos levam (sim, porque no grupo devem ser homogêneos. Se houvesse alguém com um percentual ligeiramente superior de inteligência, certamente teria corrigido o Thomas). Talvez pensem que terão sucesso para sempre, com suas roupas de cores berrantes e visual bizarro (as cocotinhas acham o máximo, mas gosto não se discute; lamenta-se), agraciados pela eterna juventude. Por isso não valorizaram os estudos. Daqui a pouco estão se juntado ao cordão de ignorantes que também não sabem onde fica o Acre e acham que o Nordeste e o Norte deveriam ser separados do resto do Brasil.

A banalização da burrice é triste. Nas redes sociais, ao lado de quem xinga os rapazes pela sua ignorância ofensiva, há aqueles defensores sem argumentos, motivados somente pela beleza(?) da rapaziada. Para eles, o sucesso instantâneo importa, a formação cultural fica em sabe-se-lá-qual-plano. Por isso, hoje em dia, não ouço mais música atual, salvo pouquíssimas exceções. Fico com Legião Urbana, Paralamas, Blitz e outros grupos que souberam fazer música divertida, satírica e crítica sem serem ignorantes. Seus integrantes estão imortalizados. Os outros... quem são os outros?

O que me conforta é que o Restart, a exemplo de tantos outros grupos medíocres atiçadores da febre hormonal adolescente, vai desaparecer, da forma como os modismos medíocres tendem a deixar de existir. Pena que o estrago estará feito na mente de milhões, talvez irreversível. Mas, em terra que se idolatra o Big Brother e o funk de letras de gosto duvidoso, o Restart, infelizmente, ainda é rei, até passar o cetro da ignorância para seu sucessor. Que Deus nos ajude...

terça-feira, 8 de março de 2011

A maravilhosa realidade de ser um ninguém

Ontem, zapeando, vi no canal Primeiros Passos da Sky uma chamada mais ou menos assim: "Quer ser bem atendido como VIP? Então assine já o Sky HD". A partir dessa frase, percebi o quanto sou um ninguém, um zero à esquerda, um "John Doe" ou quaisquer que sejam outras expressões que captem melhor a minha insignificância como ser humano... "capitalisticamente" falando.

Sim, porque a mensagem foi bem clara: você quer ser bem atendido, ser respeitado, ser tratado como um ser humano de verdade? Então, pague por isso, mas pague muito! Não pago Sky HD porque seria um gasto supérfluo. Já tenho outras coisas com que me preocupar: cartões de crédito, cartões de lojas, contas de água e telefone (inclusive celular), conta da Sky, conta do supermercado... enfim, tudo o que, "capitalisticamente" falando, te transforma num ser insignificante (pois você gasta todas as suas finanças para isso), que não pode pagar para deixar de ser um ninguém (ou seja, para não ter essas preocupações).

Não se trata de exagero. É só enumerar as vantagens que os humanos de verdade ("capitalisticamente" falando) têm: podem ter mais conforto no aeroporto para esperar seu voo (enquanto você fica naquelas cadeiras simples e desconfortáveis), têm um gerente que faz tudo para resolver qualquer problema em sua conta corrente (já você só recebe ligação de cobrança porque sua conta ficou no vermelho por causa de taxas que o banco cobra), pode facilmente escapar de uma blitz mesmo estando totalmente errado (mas você acaba se lascando porque não tem nem R$ 10 para o "guaraná" da "otoridade") e por aí vai.

Nesse sentido do "capitalisticamente correto", prefiro, sim, ser um ninguém. Pelo menos não sou alvo de pessoas interesseiras e superficiais, muito menos uma vítima em potencial de quem quer lhe tomar seus bens. Quase não me sobra dinheiro após pagar minhas contas todo mês - o que me resta eu uso para me divertir, afinal muito trabalho e pouca diversão fazem de você um bobão, como diria Jack Torrance. Não guardo dinheiro, não faço economias porque acho pura perda de tempo em um mundo como o nosso. Nem por isso passo necessidades. Dinheiro é para gastar - com responsabilidade, claro. Viver a vida é mais importante, mesmo sendo um ninguém. Para os que são e que querem ser alguém nesses termos capitalistas, boa sorte.

Pareço magoado ou frustrado? Não o sou, creio. Apenas não acredito mais no ser humano, salvo aqueles que me são próximos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Se Belém, Goiânia e Florianópolis tivessem sido escolhidas para a Copa, a história poderia ser outra

Por Rodrigo Prada*

Nesta quarta-feira (2/3), o Portal 2014 apontou em relatório feito por sua equipe de reportagem que, dos doze estádios escolhidos para a Copa 2014, ao menos cinco devem virar elefantes brancos.

Definitivamente, o que mais atrasa o crescimento do Brasil é a falta de planejamento. O que mais ouvimos dizer hoje é que o grande problema da Copa 2014 serão os aeroportos. De fato serão. Mas quem não sabia que esse seria o maior gargalo do país, frente ao enorme desafio de prepará-lo para o maior evento de mídia do planeta?


As obras de que precisávamos não aconteceram. Teremos os puxadinhos... E a escolha das cidades, do ponto de vista de logística, não poderia ser pior.

Certamente não escolheram Manaus por conta da sua enorme tradição no futebol. Nem Cuiabá pela sua bem-equipada estrutura hoteleira. Ou Natal, pela força da iniciativa privada, capaz de, sem recursos públicos, erguer uma arena de futebol.

Se em 31 de maio de 2009, data em que a Fifa divulgou nas Bahamas a escolha feita pela CBF e governo brasileiro das cidades escolhidas, Belém, Goiânia e Florianópolis tivessem sido anunciadas, será que o risco de elefantes brancos seria menor?

Em 2008, fui assistir a um clássico manauara no Vivaldão, entre Rio Negro e São Raimundo. Sabem qual foi o público pagante? Exatas 198 pessoas. Com uma renda de R$ 4 mil. E isso dificilmente vai mudar...

No entanto, Belém, que disputava com Manaus o direito de sediar a Copa, foi preterida, mesmo tendo Payssandú e Remo como duas das torcidas mais apaixonadas do Brasil. Sem contar o estádio do Mangueirão, que é um dos mais belos e funcionais do país.

O grande argumento para a escolha de Manaus foi o marketing da Amazônia. Agora, será que os turistas vão gostar de ver igarapés poluídos, uma bagunça urbana com trânsito caótico e todas as mazelas da cidade? 


Florianópolis apresentou como proposta a reforma do estádio do Figueirense, com capital privado, para sediar a Copa.  No entanto, a escolhida Natal patinou até hoje para encontrar um modelo que fosse interessante para as construtoras.

Seu grande trunfo foi  proximidade da cidade com a Europa. Ora pois, em altura de cruzeiro, o aeroporto de Recife, por exemplo, está a 15 minutos de voo a mais. Mas o problema maior não é na chegada dos europeus ao país, e sim o transporte entre as cidades, principalmente de aviação executiva. E Florianópolis, com potencial esportivo, estádio privado e entre Porto Alegre e Curitiba, a uma hora de vôo de São Paulo, ficou de fora... Alguém consegue explicar?


Cuiabá ter optado por construir um estádio com arquibancadas removíveis não esconde o fato de que a capital mato-grossense terá um dos maiores elefantes brancos da Copa. Afinal, serão gastos mais de R$ 500 milhões em uma arena que jamais terá um uso proporcional a tanto investimento.


Situação oposta é a de Goiânia, que já possui um estádio incrível projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e tem torcida para enchê-lo, tanto do Goiás, quanto do Vila Nova e do Atlético-GO.


Em alguma coisa nossos governantes erraram. Ou foi na escolha das cidades, ou na falta de prioridade em melhorar os aeroportos, portos, hotéis e, principalmente, a mobilidade entre as cidades.


Para aquelas que foram as escolhidas – ocupando o lugar das preteridas -, não me levem a mal, pois é carnaval.

*Rodrigo Prada é jornalista, autor do estudo sobre Os Estádios Brasileiros e diretor do Portal Copa 2014. (Artigo enviado pela Mandarim Comunicação)

VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...