terça-feira, 22 de dezembro de 2020

O grande vácuo de 2020

Para mim, 2020 acabou em março. Mais precisamente no dia 22 de março, quando depois de uma situação de medo provocada pela pandemia de covid-19 antecipei o fim da viagem que estava fazendo de férias ao sul do país (e que narrei em postagem aqui no blog) em uma semana e, após muita tensão, voltei a Manaus.

De lá para cá, o ano virou um grande vácuo. Nada aconteceu normalmente. Aliás, parece que nem aconteceu no nível da minha vida pessoal. Fiquei em home office até outubro, uma sorte que infelizmente nem todos os trabalhadores tiveram. Para encontrar os amigos, somente reuniões por bares virtuais que foram bacanas mas não vingaram depois. Muitas pessoas queridas perdendo a batalha para o coronavírus enquanto os negacionistas e os que minimizam a praga espalharam boatos ridículos, distorceram informações e agiram como criminosos em aglomerações que ajudaram a voltarmos aos poucos ao mesmo patamar do pior momento da pandemia.

Pensando hoje nisso, sinto um grande vazio entre aquele 22 de março e agora. É realmente como se o ano tivesse nunca existido. Um final de década (ou início de outra?) bem deprimente para quem em 2019 tinha tantos planos.

Como voltar à normalidade? Isso seria possível se todos tivessem consciência em seus comportamentos e não agissem como egoístas.

Voltei ao trabalho presencial no início de outubro, mas com restrições ainda no atendimento: funcionamento interno, acesso restrito do público apenas para audiências, sem acompanhamentos desnecessários, uso de máscaras e disponibilização de álcool em gel. Tem dado certo até agora sem maiores incidentes.

Mas o que ainda testemunhei: pessoas achando que por já tem ficado doentes poderiam agir normalmente sem usar máscaras, outros se vengloriando de participar de festas clandestinas, outros usando o ridículo e nojento argumento de que "toda pessoa agora só morre de covid" (aqui um total desrespeito e falta de empatia com a dor de quem perdeu pessoas queridas para esse vírus).

Em julho, perto do final do mês, fiz minha primeira saída de casa para visitar meus compadres, que haviam perdido a filha mais velha de 23 anos para o covid. A partir daí, consegui colocar alguma normalidade na minha rotina com reuniões eventuais sem aglomeração (máximo de cinco pessoas, comigo incluso) em espaços abertos, distanciamento e uso frequente de álcool em gel, tapetes com água sanitária e álcool líquido borrifado em roupas e cabelos, todo o tipo de segurança que daria para permitir o retorno a um pedaço do que era nossa vida antes da coronacrise. Entretanto, ninguém quer agir assim: o que importa é ir para lugares lotados, sem uso de máscaras, esfregando-se uns nos outros, rindo sobre milhares de cadáveres (milhões em nível mundial), levando o vírus para outras pessoas. Aí em supermercados vejo gente sem máscara ou com máscara segurando a queixada (de burro), ou mesmo pendurada na orelha ou com o nariz de fora. Sem contar quem não respeita a distância nas filas ou leva toda a família para as compras (nunca vi necessidade disso).

Em 2020 o nosso mundo somente piorou. O vácuo engoliu aquelas premissas de que a pandemia nos tornaria pessoas melhores. Algumas conseguiram. Outras só mostraram - e mostram - que não passam de egoístas estúpidos. Depois vem atrás de orações quando a coisa fica feia. Empatia não terão de minha parte. Desculpem, ainda não evolui e pelo jeito jamais o conseguirei.

Dedico esse desabafo aos que perderam a batalha contra esse vírus maldito:
Mylena de Azevedo Alcântara, afilhada
Bruno Cecílio, marido de uma colega
Robson Franco, amigo
Eledilson Colares, amigo
Heleno Oliveira, tio
E mais de 180 mil brasileiros que não estão tendo sua memória devidamente respeitada.

terça-feira, 30 de junho de 2020

LIVROS: "Os sete", de André Vianco (2000)

A descoberta no fundo do mar de uma caravela portuguesa de 500 anos, por dois jovens mergulhadores no litoral da pequena cidade gaúcha de Amarração, revela uma estranha caixa de prata que, violada por estudiosos, traz também a descoberta de sete cadáveres. 

A revelação entusiasma pesquisadores, mas logo a animação vai se transformar em terror quando, um a um, os corpos retornam à vida como vampiros, cada um com um poder específico, deixando um rastro de mortes, medo e fenômenos bizarros, como o surgimento de zumbis e controle sobre o tempo. 

Um grupo de amigos - Tiago, César (descobridores da embarcação), Olavo e Eliana - tenta deter as criaturas que buscam voltar a Portugal, em uma aventura repleta de tensão, até um final angustiante e surpreendente! Livro muito envolvente, apesar de alguns momentos arrastados. É um ótimo exemplo da nossa literatura fantástica.

Nota 4.1/5 no Skoob (18/04/2020)

LIVROS: "O crime da Quinta Avenida", de Anna Katharine Green (1878)

Em Nova York, em 1876, o milionário Horatio Leavenworth é encontrado morto em sua biblioteca, baleado na cabeça. O advogado Everett Raymond, amigo da família, se une ao detetive Ebenezer Gryce para tentar desvendar o assassinato misterioso na mansão da Quinta Avenida, que pode ter sido motivado por motivos financeiros. Mas uma possível testemunha chave - ou suspeita - sumiu da casa na noite do crime, e essa caça traz à tona segredos envolvendo as duas jovens sobrinhas e herdeiras do sr. Leavenworth, complicando ainda mais a solução do crime. 

A autora é considerada a mãe dos romances policiais modernos e influenciadora de nomes como Agatha Christie e Artur Conan Doyle. Lançado em 1878, o livro chegou ao Brasil mais de um século depois graças à Monomito Editorial e sua iniciativa de financiamento coletivo, do qual eu orgulhosamente participei. 

Uma narrativa perfeita, vocabulário rico, uma trama intrigante que parece fácil de ser resolvida, mas a cada página, sobretudo nas últimas, temos reviravoltas e surpresas!!! 

Nota 3.9/5 no Skoob (12/06/2020)

LIVROS: "Treblinka", de Jean François Steiner (1967)

Em pouco mais de um ano de atividade a partir de julho de 1942, o campo de extermínio nazista de Treblinka, na Polônia, teve de 800 a 900 mil seres humanos assassinados nas suas câmaras de gás, a maioria esmagadora de judeus deportados dos guetos na execução da Solução Final. 

Quando o campo estava prestes a ser liquidado, ocasião em que os prisioneiros foram obrigados a exumar e incinerar os milhares de cadáveres das vítimas, um grupo iniciou uma revolta que deixou algumas centenas de sobreviventes que lograram escapar para as florestas, mas dos quais apenas 40 chegariam vivos ao final da guerra. 

É essa história que Steiner nos conta com base em entrevistas e pesquisas, trazendo a nosso conhecimento o funcionamento cotidiano de Treblinka, o desafio de sobreviver naquele inferno, os horrores testemunhados, a carnificina diária e a fantasia bizarra de um mundo novo que o comando do campo tentou criar, representado pelo falso relógio que marcava eternamente 3 horas na entrada do lugar. 

Steiner também nos revela toda a complexidade maligna dos "técnicos" da Solução Final em ludibriar e manipular suas vítimas nos guetos - o de Vilna é tomado como ilustração -, o uso dessa "fórmula" em Treblinka e como surgiram os primeiros lampejos da revolta, organizada aos poucos, assimilada por um comitê e adiada por várias ocasiões, até finalmente eclodir.

O romance de não ficção traz, por meio dos orquestradores da  revolta, fatos que rebatem a antiga crença de que os judeus se deixaram massacrar passivamente durante as perseguições nazistas. Em vez disso, situações dramáticas testemunhadas pelos prisioneiros que recebiam os comboios de deportados faziam brotar o sentimento de lutar para tentar sobreviver e levar a história do Holocausto ao mundo. 

Nota 4.5/5 no Skoob (26/06/2020).

segunda-feira, 8 de junho de 2020

VIAGEM: Curitiba em meio à pandemia



Da região sul do Brasil, faltava-me conhecer, das capitais, Curitiba, sonho adiado de 2019 para este ano. Meu planejamento original, feito uns oito meses antes, incluía cinco dias em Curitiba, três em Foz do Iguaçu e os oito restantes em Florianópolis, cidade que adoro, sendo a quarta vez que a visitaria.

Aí veio a covid-19... Ainda havia poucos casos, pouca informação e muitas medidas de precaução. As máscaras ainda eram usadas apenas por quem estivesse resfriado ou com acessos de tosse, mas o álcool em gel e o distanciamento de aglomerações era a maior recomendação. Então como lidar com isso em meio a essa viagem originalmente programada de 13 a 29 de março?

Chegando em Curitiba do meio dia de 13 de março, um sábado, acompanhado de minha colega de trabalho Litamar Nascimento, que estava de mudança para Itajaí (SC) enquanto aguardava seu processo de aposentadoria, encontrei nossa outra amiga Katy Nicolet, que casara e morava na capital paranaense há alguns anos. Reencontro, papo em dia, almoço juntos e... vamos para o hotel descansar (a viagem em Manaus começara quase às 5h e fizemos conexão de uma hora em Brasília, e no último trecho passamos por uma situação bem incômoda e engraçada com a nossa companheira de fileira, mas o que acontece na aeronave, fica na aeronave!).




Nosso primeiro dia na verdade começou no final da tarde com um passeio nas proximidades. Como ficamos hospedados no Centro, estávamos perto do Shopping Curitiba, e fomos até lá para comer algo e conhecer um pouco a área.

No domingo, já bastante restabelecidos do cansaço da viagem, fizemos nosso primeiro passeio: o famoso roteiro de trem para Morretes. A empresa responsável nos apanhou com uma van no hotel pontualmente às 7h. A estação rodoferroviária de saída estava apinhada, e como precaução ficamos do lado de fora aguardando a chamada para o embarque. Com inimigo invisível e ainda pouco conhecido no país não se podia brincar.



A viagem até Morretes durou umas quatro horas, e foi um espetáculo! Pequenas cachoeiras, pontes, um panorama de tirar o fôlego! Como tenho um certo temor de alturas (apesar de adorar viajar de avião - vai se entender isso!), não me aproximei das janelas do trem e não registrei muitas dessas imagens. Na cidade de Morretes, onde almoçamos o famoso barreado (do qual gostei, mas achei o sabor muito parecido com conserva em lata...) e fomos conhecer a região que reúne restaurantes, lojas de souvenir, barracas de produtos diversos (ah, as balas de gengibre deliciosas!) e artes na praça (como um casal que deu um show de dança ao som de um flautista).







Morretes é uma gracinha de cidade! Achei tudo lindo e agradável, apesar do forte calor naquele domingo. O clima ainda não era de apreensão total, havia aglomerações, claro, mas eu e Litamar nos mantivemos sempre distantes o máximo possível. No almoço, acabei comendo mais rápido que as demais pessoas na mesa, para sair dali o mais rápido possível, pois o restaurante estava bastante cheio.

Terminado o passeio em Morretes, seguimos de van para o Hisgeopar, inaugurado há dois anos. Trata-se de um espaço destinado à divulgação da história e geografia do Paraná, e seu atrativo é uma enorme maquete animada sobre isopor concretado que conta a história do Estado desde a descoberta até os dias atuais. É um trabalho lindo e perfeito! Um guia explica ao grupo cada parte da maquete, nos levando a uma viagem no tempo! O valor do ingresso por pessoa é R$ 25 (março/2020).





O destino seguinte foi Antonina. Foi um city tour rápido, sem saída do veículo, com ponto final da loja de doces Bananina. Lógico que fiz a festa comprando sacos de bombons de banana de todo tipo: com pimenta, com gengibre, com coco... Depois das compras, seguimos de volta para Curitiba, onde jantamos no Shopping Curitiba e voltamos ao hotel para descansarmos. Aí então a vida noturna da cidade, pelo menos naquela região do Centro, estava capenga devido aos avanços do coronavírus. Mais um motivo para não sair à noite.



Na segunda-feira, dia 15, fomos ao Museu do Holocausto, cuja visita havia sido agendada gratuitamente por mim um mês antes pelo site. É uma visita necessária, mesmo com o impacto que isso pode causar. Dentro do museu há objetos pertencentes às vítimas do genocídio nazista durante a Segunda Guerra Mundial (malas, roupas e bens pessoais), fotos ampliadas de momentos tristes das etapas do extermínio, depoimentos gravados de sobreviventes e, no final, um tipo de altar onde colocamos, cada um, uma pedra em memória dos que foram assassinados. Não é permitido ao visitante tirar fotos dentro do museu, e a entrada passa por um rigoroso controle (objetos metálicos e bolsas devem ficar guardados num armário com chaves individuais).



Uma das fotos que mais me deixaram chocados foi do fuzilamento de um grupo de mulheres e crianças judias do gueto de Mizocz, na Ucrânia, em 1941. Já conhecia a imagem de livros sobre o Holocausto de minha pequena biblioteca, mas essa ampliação mostrou detalhes que não percebi, como duas crianças pequenas chorando entre os cadáveres fotografadas momentos antes de serem mortas a tiros. É uma experiência dolorosa, mas, repito, necessária.

Para relaxar um pouco, fomos caminhando para o Bosque do Papa, a uns 15 a 20 minutos de caminhada do museu. O parque estava aberto, mas as casas com atrações da cultura polonesa estavam fechados para manutenção naquele dia. É um lugar muito bonito, com trilhas diversas. Pouquíssimas pessoas estavam no lugar, reflexo das primeiras preocupações com o coronavírus.




Próximo destino: Jardim Botânico de Curitiba. O lugar me encantou demais. Tudo bem cuidado, um prato cheio para quem gosta de tirar fotografias. Ficamos bastante tempo por lá, até arranjamos um lugar no gramado para deitarmos um pouco e aproveitar tanta tranquilidade! Mas não trouxe nada de souvenir dali. Achei os preços exorbitantes para a baixa estação. Dali seguimos de volta para o hotel, antes passando no shopping para jantarmos.





No dia seguinte foi a vez de fazermos o famoso city tour no ônibus da linha Turismo! Compramos o bilhete único de R$ 50 na praça Tiradentes no momento de embarcarmos. Para nossa sorte, havia poucas pessoas, portanto a preocupação com aglomeração morreu. Um detalhe importante: o bilhete normalmente dá direito a parada em quatro pontos turísticos da cidade, mas na época liberaram e se quiséssemos poderíamos descer em todas elas - são 24 ao todo. Resolvemos parar nos mais interessantes, fora os que já havíamos conhecido no dia anterior: Museu Oscar Niemeyer (estava fechado para visitação como medida preventiva, mas pudemos acessar o salão externo), Bosque Alemão e Santa Felicidade. Deixei a Ópera de Arame de fora dessa vez porque achei os arredores sinistros por estarem muito vazios, e a Torre Panorâmica estava fechada também como medida de prevenção, assim como o Museu Ferroviário.












Nossa descida foi em Santa Felicidade, que reúne o melhor da gastronomia italiana naquela região. Depois de um almoço delicioso com buffet livre a R$ 28,90 por pessoa no Ristorante Siciliano, enquanto Litamar foi procurar um hotel para descansar antes de voltarmos para o Centro, fui bater perna pelo local, encontrando uma loja aberta da Florybal Chocolates e comprando um suco de uvas na Durigan Vinícola (por conta do peso que já trazia de Manaus na mala, não pude comprar os vinhos que tanto queria, mas chocolate comprei bastante!).







COMEÇA A AVENTURA

De volta ao Centro, somos surpreendidos com notícias preocupantes sobre a pandemia: os casos começam a aparecer com mais rapidez. Havia transmissão comunitária confirmada em Santa Catarina. O Museu do Holocausto cancelara todos os agendamentos até segunda ordem naquele dia. Outras atrações da linha Turismo também seriam fechadas. Tivemos sorte em aproveitar. Mas aí as coisas começaram a piorar.

Em Foz do Iguaçu, onde minha amiga Ana Carolina estava há alguns dias com seus pais e me aguardava, o parque das Cataratas e o Marco das Três Fronteiras, que eu pretendia visitar novamente, fecharam para visitação e tive que pedir reembolso, além de cancelar minha reserva no hotel (foi uma luta que cancelassem, pois se eu o fizesse teria que pagar multa, mas eles entenderam a situação e um tempo depois a reserva foi cancelada sem custos).

Eu e Litamar começamos uma verdadeira via crúcis. Eu iria embarcar na quinta-feira, dia 19, para Foz do Iguaçu, e ela seguiria de ônibus para Itajaí no mesmo dia. Com esses contratempos e com o anúncio de que a fronteira entre Paraná e Santa Catarina seria fechada para o transporte intermunicipal, corremos para ir atrás de passagens de ônibus - ela já havia comprado a dela antes, eu comprei naquela terça-feira pelo aplicativo Clickbus para Florianópolis, depois de cancelar os voos Curitiba-Foz do Iguaçu pela Azul e Foz do Iguaçu-Florianópolis pela Gol. Foi uma novela receber o reembolso sem custo da Azul, enquanto com a Gol foi imediato e tranquilo.

Com a mudança de planos, eu resolvera ir para Palhoça, onde minha prima Márcia me aguardava (ela havia mudado de Manaus para lá no início do ano). Florianópolis estava em quarentena. Estava tudo encaminhado, mas quando chegamos à rodoviária na quarta-feira, dia 18, fomos surpreendidos com o cancelamento de todas as viagens, pois acreditávamos que só iriam acontecer na quinta-feira. Meu plano B, caso não achasse uma solução para sair de Curitiba, seria voltar ao hotel (ainda tínhamos uma diária, pois resolvemos sair um dia antes) e remarcar para aquele dia meu voo de volta para Manaus. Mas depois de muita consulta a aplicativos de corrida, conseguimos fechar com uma motorista do Uber, Elaine, super educada e prestativa, que literalmente nos resgatou de Curitiba e nos deixou em Santa Catarina (Litamar em Itajaí, eu em Palhoça) numa viagem que durou umas quatro ou cinco horas. Claro que ela faturou mais do que o previsto por conta da disponibilidade e gentileza. Mereceu mesmo!

Nesse ponto, lembro que todo esse dia foi marcado por uma tensão terrível por conta de informações falsas que estavam sendo repassadas. Uma delas era de que a fronteira entre Paraná e Santa Catarina estava totalmente fechada e vários carros estavam sendo impedidos de passar. Na verdade, apenas os ônibus intermunicipais estavam proibidos. Carros de passeio e caminhões de carga passaram livremente. Foi a partir desse terrorismo que passei a odiar com muito mais força as fake news, correntes e notícias alarmistas compartilhadas via redes sociais.

FÉRIAS ENCURTADAS

Estava em Palhoça, na grande Florianópolis, no continente, hospedado com minha prima Márcia. Ela e os demais colegas de trabalho tiveram que ficar em casa, então foram dias de matar saudades e, principalmente, tomar birita todo dia para animar, já que não podíamos sair (o isolamento foi cumprido com sucesso em Palhoça. As pessoas levaram mesmo a sério e não se via gente à toa andando pelas ruas). Apenas um dia, na sexta-feira, demos uma escapada para eu conhecer a Praia de Fora, onde compramos mariscos para acompanhar a cervejinha da noite.








A praia é linda, como tudo no litoral de Santa Catarina, mas como havia as restrições com aglomerações, estava praticamente vazia. Um homem em sua cadeira de praia lendo, uma mulher se bronzeando, dois rapazes brincando de bola, moradores locais vendendo os mariscos. Só. Os demais estavam em seus pátios, tomando suas bebidas, conversando. Um ou outro saia na rua para caminhar um pouco.

Caminhamos ao longo da praia, tiramos fotos e retornamos para a casa de Márcia. Foi o único passeio que fiz em Santa Catarina. Nos dias seguintes, nosso programa foi ir ao supermercado, assistir lives ou ouvir música e beber muuuuuita cerveja!

Aí havia um problema para resolver: como estavam havendo cancelamentos de voos, eu precisaria voltar a Manaus antes do planejado, já que, se fosse para ficar trancado em casa, era melhor ficar na minha, pois minha mãe e minha irmã estavam preocupadas com tantas notícias ruins que viam pelos telejornais. Minha passagem para o retorno no dia 29 de março estava inalterada, mas como eu ainda possuía milhas Smiles reativadas do cancelamento da viagem Foz-Floripa, usei para procurar uma passagem de retorno para o mais perto possível. Consegui para o domingo, dia 22, mas como garantia mantive a do dia 29. Vai que...

Felizmente, deu tudo certo. Despedi-me no domingo à tarde de Márcia, apanhei um Uber e fui para o aeroporto de Florianópolis. Foi triste ver aquela cidade absurdamente quase vazia e quieta. Apenas passei por ela e lembrei-me das viagens anteriores.

Ao chegar ao aeroporto, depois de despachar bagagem e aguardar o embarque, descobri que o voo do dia 29 havia sido cancelado pela Gol. O saldo foi restituído. Pouparam-me um trabalho.



E assim minhas férias foram encurtadas, mas ainda assim bem aproveitadas. Claro que voltarei um dia, quando tudo estiver sob controle, para curtir a viagem da melhor forma. Não foi ruim. Deu para me divertir. Não me arrependo de nenhum dia.

Então, até breve, Curitiba! Tenho que voltar para resolver essas pendências.

E O RESTO...

A viagem que duraria 16 dias ficou restrita a nove por conta da covid-19. Meu voo de volta teve conexão no Galeão, o que já me deixou preocupado porque o Rio de Janeiro estava disparando em número de casos. Usei uma máscara tipo N97 (conseguida por uma amiga da Márcia) no retorno porque acabei ficando resfriado em Palhoça (basta mudar o clima repentinamente e isso acontece). Cheguei em casa de madrugada cumprindo os protocolos de higienização da mala e da mochila, tirando roupas e sapatos na garagem para colocar no cesto de roupas sujas e em seguida tomei um belo banho.

Esses alarmes que se repetiram tanto nessa fase inicial da pandemia me deixaram mal, a ponto de eu pedir que parassem de me mandar notícias sobre ela (geralmente eram aqueles alarmismos e mentiras) porque realmente estavam me afetando a ponto de ficar à beira de uma crise de depressão. Por isso criei mais raiva ainda de propagadores de fake news.

Minha próxima viagem de férias seria para o roteiro Vitória/ES-Porto Seguro/BA-São Luís/MA, mas cancelei tudo depois do início dessa crise. Com mais calma, optei por usar o crédito da Gol para voltar ao Ceará em agosto, quando pretendo finalmente conhecer Juazeiro do Norte. Se ela vai acontecer, vai depender da situação da pandemia até a metade de julho. Até lá, tentarei manter a fé em coisas positivas, apesar do comportamento da população e dos governantes me fazer crer no contrário.

Vamos aguardar!


VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...