Quando o campo estava prestes a ser liquidado, ocasião em que os prisioneiros foram obrigados a exumar e incinerar os milhares de cadáveres das vítimas, um grupo iniciou uma revolta que deixou algumas centenas de sobreviventes que lograram escapar para as florestas, mas dos quais apenas 40 chegariam vivos ao final da guerra.
É essa história que Steiner nos conta com base em entrevistas e pesquisas, trazendo a nosso conhecimento o funcionamento cotidiano de Treblinka, o desafio de sobreviver naquele inferno, os horrores testemunhados, a carnificina diária e a fantasia bizarra de um mundo novo que o comando do campo tentou criar, representado pelo falso relógio que marcava eternamente 3 horas na entrada do lugar.
Steiner também nos revela toda a complexidade maligna dos "técnicos" da Solução Final em ludibriar e manipular suas vítimas nos guetos - o de Vilna é tomado como ilustração -, o uso dessa "fórmula" em Treblinka e como surgiram os primeiros lampejos da revolta, organizada aos poucos, assimilada por um comitê e adiada por várias ocasiões, até finalmente eclodir.
O romance de não ficção traz, por meio dos orquestradores da revolta, fatos que rebatem a antiga crença de que os judeus se deixaram massacrar passivamente durante as perseguições nazistas. Em vez disso, situações dramáticas testemunhadas pelos prisioneiros que recebiam os comboios de deportados faziam brotar o sentimento de lutar para tentar sobreviver e levar a história do Holocausto ao mundo.
Nota 4.5/5 no Skoob (26/06/2020).
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