terça-feira, 28 de outubro de 2014

Sol, mar e suco de cacau


Uma das coisas que nos chamaram a atenção em Ilhéus foi a beleza de suas praias do perímetro urbano: Praia dos Milionários de onde se pode assistir a decolagem dos aviões do aeroporto Jorge Amado , Praia do Cristo (na qual há uma estátua de Cristo com 7 metros de altura, erguida em meados da década de 1940), Praia do Sul – praticamente ao lado da pousada onde ficamos - e Praia do Norte (esta última mais propícia para a prática do surfe, em razão de suas águas muito agitadas). Há alguns quiosques nos locais, mas nada que comprometa o aspecto quase intocado da região não há calçadão ou ciclovias como nas outras cidades litorâneas.


 Para fora da área urbana, Ilhéus oferece opções diversas de passeios que valem a pena cada centavo pago. Em razão do pouco tempo para curtir a cidade apenas cinco dias -, foi difícil escolher por causa dos atrativos. Optamos então por Camamu, ao norte do município. Ali, chega-se após cerca de duas horas de viagem pela rodovia BR-101 (onde, em certa altura, existe uma placa exigindo atenção dos condutores por ser “travessia de cachaceiros”), embarca-se em uma escuna e pronto! É só curtir a beleza das diversas ilhas existentes com suas praias de águas verdes e relevo peculiar – contando ainda com o bom humor e a ginga dos guias, sempre atenciosos e até cuidadosos com os visitantes mais distraídos com horários.

Os preços para a baixa temporada são muito atrativos – em média, um passeio custa R$ 120 por pessoa, variando por conta do destino. De Ilhéus é possível ir a Morro de São Paulo e Porto Seguro. A empresa organizadora busca os turistas em seus respectivos hoteis no horário combinado – geralmente bem cedo para evitar aquelas correrias comuns em passeios organizados. Dá para se divertir bastante e não é nada tedioso. Pelo contrário! É a oportunidade para conhecer novas pessoas de todas as regiões e com todos os sotaques possíveis.


Alugando-se um carro no aeroporto ou fora dele -, é possível ir a diversos lugares fora da sede municipal, contando para isso com o desejo de conhecer tudo e, claro, um GPS. Foi assim que chegamos a Itacaré, onde ficamos na Praia da Concha, bem ao norte de Ilhéus. Ali, um mirante natural permite uma visão bela daquela região, que ainda possui um farol e guarda um ar de intocabilidade em certos trechos.

Na viagem, a parada é obrigatória em qualquer um dos dois mirantes ao longo da Rodovia do Cacau – como chamam a BA-001, que liga Ilhéus e Itacaré. É um local ótimo para fotografias do belo litoral baiano, rendendo longos minutos de contemplação.


A Praia do Sul acabou sendo nosso principal refúgio até o final da viagem e depois de longos e divertidos dias de passeio. À noite, o vento frio que vem do oceano não intimida quem gosta de caminhadas iluminadas pelo luar. O Jardim Atlântico, bairro que concentra hotéis e pousadas da cidade, se torna o melhor ponto para quem procura tranquilidade.


Destino pouco procurado por amazonenses, Ilhéus merece alguns dias para visita e curtição. Por ser uma cidade em franco desenvolvimento mas que não perdeu aquele ar pacato de vida no interior, vale a pena ser conhecida e apreciada – como o suco de cacau de sabor marcante servido nos restaurante da cidade.

Amada Ilhéus de Amado


A experiência de estar em Ilhéus é fantástica. De um lado, temos a cidade do interior baiano imortalizada pelo escritor Jorge Amado em “Gabriela, cravo e canela”, obra que se sente em cada esquina do Centro Histórico que reúne o bar Vesúvio e o antigo cabaré Bataclan, lugares onde esperamos até encontrar os personagens - Gabriela, Nacib, Jesuíno e tantos outros. Do outro lado, existe a cidade de pouco mais de 182 mil habitantes, segundo estimativa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dividida em ilhas que lhe deram o nome, sede do município com maior litoral de praias da Bahia, belas e tranquilas, verdadeiros paraísos - a despeito dos problemas comuns de infraestrutura.
 Se Salvador tem o Pelourinho como chamariz de testemunha da história do Brasil, Ilhéus tem o casario colorido nos arredores do Vesúvio de Nacib e do Bataclan de Maria Machadão como marcas da ficção de Jorge Amado baseada em personagens que de fato existiram. Foi no Centro Histórico que começamos nossa visita: pelo Vesúvio, erguido em 1915, está lá, com a estátua de Jorge Amado espiando os frequentadores, um painel de boas vindas de Nacib e Gabriela, fotos de Ilhéus antiga e gravuras dos reais personagens do comerciante turco e da bela morena baiana. Hoje é o point da cidade, com música popular brasileira (de verdade) ao vivo e um cardápio que inclui, em meio aos petiscos comuns de frutos do mar ou carne seca, o sanduíche do Nacib, feito de pão árabe com tabule e queijo, a preços acessíveis.

A poucos metros do bar e restaurante Vesúvio - que vale uma parada indispensável para fotos com a estátua de Jorge Amado -, chegamos ao Bataclan, erguido na década de 1910 e reformado em 2004, cabaré comandado em outras eras por Antônia Machado, a Maria Machadão. A decoração resgata o clima da época dos coronéis e das “meninas da casa”: fotos sensuais, o palco das apresentações, as plumas, os paetês e até o quarto de Maria Machadão, conservado e transformado em memorial aberto à visitação pública, onde o ator José Delmo nos presenteou com uma rápida interpretação da história do ciclo do cacau e da época de mandos e desmandos dos coronéis, do apogeu à queda - algo bem retratado na obra de Jorge Amado. O Bataclan funciona como bar e restaurante, tendo apresentações teatrais nas noites de quarta-feira, onde se resgata o espírito antigo do cabaré.

Fazem parte ainda do acervo histórico que merece ser visitado a Casa de Jorge Amado - na frente da qual há uma estátua do escritor baiano - e o Teatro Municipal de Ilhéus, além da bela e imponente Catedral de São Sebastião, construída na década de 1930, praticamente um ponto de referência de qualquer parte do Centro Histórico da cidade. Na frente da igreja, encontramos um quiosque vende doces e licores de chocolate produzidos pela indústria local, inclusive alguns produtos mais, digamos, picantes para dar de presente, como o “Nacib”, o “Nacibinho” e a “Gabriela”.

Chegando - A viagem de Manaus a Ilhéus é uma verdadeira aventura de conexões. A malha aérea atual permite chegar à cidade baiana a partir de Brasília, com conexão para Salvador e outra de lá para o destino final, ou ainda via Rio de Janeiro. No mínimo, seis horas de viagem. A chegada, no entanto, compensa qualquer cansaço.

Para quem busca hospedagem, há vários hotéis e pousadas na cidade, mas as melhores ficam no bairro Jardim Atlântico, perto do aeroporto Jorge Amado – ficamos na bela pousada Lua e Mar, a menos de dez minutos do terminal aéreo. Ali se concentram pousadas tranquilas, sem grandes agitos, ao lado da Praia do Sul, que vale uma caminhada ao nascer e ao por do sol, ou mesmo à noite. Por ser uma cidade pequena, Ilhéus – garantem os ilheenses – é pacata e extremamente tranquila, mesmo na alta estação, quando até para obter uma mesa no Vesúvio é preciso amargar espera em fila.

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