Por Marcos Hiller*
Nos primeiros dias de
vida, o Instagram era apenas quatro funcionários, incluindo seus dois
cofundadores, e que trabalhavam amontoados nos primeiros escritórios do
Twitter no bairro de South Park de San Francisco. E o Instagram, mais uma
start-up da Califórnia e que não tem receita, fez brilhar os olhos de Mark
Zuckerberg, que desembolsou um bilhão de dólares no ano passado e está
debruçado em saber como capitalizar em cima dessa fascinante rede social de
fotos - assim como o Google, há alguns anos, comprou o YouTube e o transformou
no segundo maior site de buscas do mundo. Por trás da aquisição do Instagram
percebe-se uma visível intenção do Facebook em se tornar ainda mais forte nos
dispositivos móveis e deixar promissores aplicativos longe das garras do
Google.
O Instagram é uma
criação concebida puramente para o universo mobile. Quem o usa entende o
magnetismo que essa rede social gera. O conceito é simples e genial ao mesmo
tempo, pois faz com que pessoas se comuniquem por meio de imagens. A psicologia
cognitiva talvez nos ajude a entender o fascínio por essa rede social, pois ela
prega que seres humanos gostam mais de imagens do que de textos. Por esse
motivo que praticamente todas as marcas do mundo sempre adotam um símbolo ou um
mascote para acentuar sua aproximação aos consumidores. O conceito é
simples: o Instagram é fundamentalmente uma rede social concebida em torno da
fotografia e disponibilizado apenas para uso em celulares (apenas para iPhone
da Apple, e agora já disponível também para o “patinho nada feio” Android, o
sistema operacional da Google), onde as pessoas adicionam belíssimos efeitos em
suas fotos produzidas com a câmera do celular e compartilham com os amigos. O
Instagram já tem dezenas de concorrentes, mas nenhum outro aplicativo teve uma
ascensão tão rápida.
No entanto, o que alguns fãs do Instagram mais temiam aconteceu.
Semanas atrás, ao inserir a possibilidade de se postar vídeos de 15 segundos, o
Instagram começa a perder a sua originalidade e suas peculiaridades. Assim como
falavam que o Facebook “orkutizou” depois que classes mais emergentes
descobriram o site azul de rede social, evidenciamos que o Instagram inicia
lentamente um processo de “Facebookização”.
Novas características são incorporadas a cada mês. Essa última mudança
então foi muito significativa. Você está lá descendo com o dedo polegar a sua
timeline do Instagram e olhando suas fotos, comentando, curtindo e, de repente,
um vídeo começa a ser executado. Eu achei esquisito e até me assustei algumas
vezes. Parecia que as fotos ganharam vida. Muito em breve podemos esperar games
no Instagram? Ou a possibilidade de se cutucar o outro? Só o tempo nos dirá.
Mas nada disso me surpreenderia. O que se espera é um processo de "moneitização"
do aplicativo. Afinal, hoje ele não gera receita. E assim como fez no Facebook
no ano passado, começando a cobrar para que posts ganhem alcance maior (hoje
mais de 1 milhão de clientes injetam dinheiro no site de Mark Zuckerberg), é
muito previsível que esse movimento neoliberal aconteça também no nosso saudoso
Instagram. Aproveite enquanto ele (ainda) é grátis!
* Marcos Hiller é
coordenador do MBA Marketing, Consumo e Mídia Online da Trevisan Escola de
Negócios e autor do livro Branding: A Arte de Construir Marcas, da Trevisan
Editora.
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