Harvey Stephens, intérprete de Damien no filme de 1976 |
Em Roma, o filho do diplomata Robert Thorn (Gregory Peck) morre ao nascer, notícia esta dada pelo padre Spiletto (Martin Bensom) ao pobre pai em um hospital da capital italiana. Receoso de que a notícia abale a esposa Katherine (Lee Remick), Robert aceita esconder-lhe a notícia e, por sugestão do próprio sacerdote, recebe um recém-nascido cuja mãe morrera no parto no mesmo momento que o bebê dos Thorn, apresentando-o à mulher como se fosse aquele gerado pelo casal. A adoção do menino, batizado de Damien, é o início de um complô satanista para a ascensão do Anticristo e seu domínio sobre o mundo.
Assim começa "A profecia", de 1976, dirigido por Richard Donner a partir do livro homônimo de David Seltzer (tive a oportunidade de lê-lo várias vezes e confirmo que é um dos mais arrepiantes que já li). Como não poderia deixar de ser com um filme de grande repercussão na época (era a década de 1970 e o terror psicológico estava em alta), surgiram duas continuações razoáveis (a terceira foi melhor que a segunda) e, logo depois, um desastre cinematográfico completamente fora do contexto da trilogia. Felizmente, a pretensa transformação dessa interessante e livre interpretação do livro do Apocalipse bíblico em grande bilheteria terminou por ali.
Katherine Thorn (Lee Remick) |
Alertado sobre os riscos que ele e a esposa corriam por causa de Damien, Robert Thorn não dá crédito ao sacerdote, mas começa a questionar seus avisos ao saber da sua estranha morte: no mesmo dia do encontro de ambos, Brennan morre em um acidente bizarro, no qual, durante uma súbita tempestade, é atingido por um mastro caído de uma torre de igreja que lhe atravessa o corpo. Entra em cena o fotógrafo Keith Jennings (David Warner), testemunha dos estranhos fatos com relação a Damien, com quem o embaixador iniciará uma investigação em busca da terrível verdade sobre a criança e o reinado de terror que se aproxima. Não vale a pena entrar em detalhes sobre o desfecho da história para respeitar quem eventualmente não tenha assistido o filme. Portanto, nada de spoilers por aqui.
Gregory Peck (Robert Thorn) |
Jonathan Scott-Taylor (à dir.) como o adolescente Damien |
Sam Neill interpretou Damien já adulto e poderoso |
Já "A profecia IV: o despertar" aproveita um gancho fraco e quase imperceptível deixado no final do terceiro filme. Agora uma menina repete os passos de Damien no primeiro filme. Somente o argumento é aproveitado, e a referência à trilogia não passa de uma citação sobre uma vaga ligação entre a criança e Damien Thorn. Fraco, esquecível, nem merece muitas palavras. Vale apenas como mera curiosidade, assim como o remake de 2006, no qual o menino que interpreta o Anticristo não consegue de longe superar a imagem de inocência aterrorizante de Harvey Stephens.
"A profecia" tornou-se uma das minhas sagas de terror preferidas sobretudo pelo interessante ponto de vista interpretativo das Sagradas Escrituras - o mar revolto (o surgimento do Anticristo no mundo da política), o significado do número 666 (no caso, o sexto dia, o sexto mês, a sexta hora relativos ao nascimento de Damien) e os sinais do Apocalipse são bem colocados tanto no livro quanto nos filmes. Mais ainda, a trilha sonora de Jerry Goldsmith no primeiro filme ajuda no clima sinistro e é uma das melhores já feitas, ao lado de outras de compositores do naipe de Bernard Hermann, responsável pelas trilhas de "Psicose" e "Um corpo que cai". Embora com todos esses aspectos positivos, uma coisa ainda há que ser dita: o livro é infinitamente melhor que o filme!
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