Carice Von Houten como Rachel Stein |
Carice como Ellis de Vries |
Em um kibutz do recém criado Estado de Israel, em 1956, Ronnie (Halina Reijin), em viagem turística com o marido canadense, reencontra Rachel Stein (Carice Von Houten), a quem conhecera nos tempos da guerra na Europa como a cantora Ellis de Vries, e não esconde sua surpresa ao vê-la ali como professora de crianças e - mais surpresa ainda - assumindo sua origem judia. A partir da pergunta de Ronnie - "Como você veio parar aqui?" -, é contada em flashback a história de Rachel e da gênese de Ellis de Vries na Holanda ocupada pelos nazistas nos fins de 1944, nesse filme dirigido por Paul Verhoeven.
Com o desfecho da Segunda Guerra próximo e a derrota alemã tida como inevitável, os judeus holandeses ainda eram perseguidos. Umas poucas famílias ricas conseguem comprar sua fuga para territórios neutros onde poderão aguardar em segurança o fim do conflito - entre elas, Rachel, seu irmão caçula e os pais. Até então, ela vivia escondida no sótão de uma família cristã holandesa, tendo que tolerar comentários como "os judeus deveriam ter aceitado Cristo e não estariam passando por isso" em troca de segurança e um prato de comida. Porém, a casa é destruída em um bombardeio, e Rachel é levada por um amigo, Maarten (Xander Straat), para sua própria residência. Ali, são descobertos por Van Gein (Peter Blok), membro da Resistência, que aconselha a jovem cantora a fugir com um grupo de perseguidos em uma travessia de rio segura até a Bélgica. É no local de encontro que Rachel reencontra a família, levando Maarten junto para evitar retaliação contra o rapaz por haver escondido uma judia.
Com o desfecho da Segunda Guerra próximo e a derrota alemã tida como inevitável, os judeus holandeses ainda eram perseguidos. Umas poucas famílias ricas conseguem comprar sua fuga para territórios neutros onde poderão aguardar em segurança o fim do conflito - entre elas, Rachel, seu irmão caçula e os pais. Até então, ela vivia escondida no sótão de uma família cristã holandesa, tendo que tolerar comentários como "os judeus deveriam ter aceitado Cristo e não estariam passando por isso" em troca de segurança e um prato de comida. Porém, a casa é destruída em um bombardeio, e Rachel é levada por um amigo, Maarten (Xander Straat), para sua própria residência. Ali, são descobertos por Van Gein (Peter Blok), membro da Resistência, que aconselha a jovem cantora a fugir com um grupo de perseguidos em uma travessia de rio segura até a Bélgica. É no local de encontro que Rachel reencontra a família, levando Maarten junto para evitar retaliação contra o rapaz por haver escondido uma judia.
A viagem, no entanto, termina mal. O barco é interceptado por soldados alemães no meio do rio e os passageiros, entre eles Maarten e a família Stein, são fuzilados. Rachel é ferida de raspão e pula no rio, desaparecendo da vista dos carrascos e chegando à margem do rio, de onde, escondida, observa os nazistas surrupiando roupas, dinheiros e outros bens dos mortos.
Ludwig Muntzen (Sebastian Koch) |
É nessa fase que surge Ellis de Vries, transformação total de Rachel, que agora entra na Resistência a despeito do disfarçado antissemitismo de alguns integrantes do grupo, evidenciado por comentários ácidos. Essa metamorfose é radical: Rachel/Ellis torna seus cabelos louros, cor que estende aos pêlos pubianos, no afã de convencer seus inimigos da sua "pureza racial" e assim lutar não somente pela liberdade, mas para vingar o assassinato de sua família. Nesse rumo ela vai se infiltrar no lado inimigo ao aproximar-se do oficial Ludwig Muntzen (Sebastian Koch) e travar conhecimento com outro oficial, Gunther Franken (Waldemar Kobus), o qual ela reconhecerá como o líder do grupo que promoveu a matança de sua família, de Maarten e dos demais fugitivos. Em meio a isso, inclusive a uma súbita paixão por Muntzen, Ellis tem que lidar com Hans Akkermans (Thom Hoffman), membro da Resistência que lhe dá apoio e que eventualmente se insinua para ela.
Mostrados os personagens e o fio central da história, basta dizer que nem tudo é o que parece. Muitas surpresas acontecem na trama e alguns papéis se invertem. Ellis/Rachel participa de ações arriscadas e acaba se tornando, em certo momento, vítima da paixão genuína que sente por Muntzen e alvo da fúria da Resistência após uma fracassada tentativa de resgate de reféns.
O aspecto interessante é que "A espiã" não tem aqueles estereótipos de mocinhos e bandidos. Pelo contrário, iguala os dois lados quando o assunto é crueldade. A vingança dos holandeses mais exaltados contra os colaboracionistas dos nazistas não perde em selvageria para os atos dos algozes alemães: os traidores da pátria são trancafiados em gaiolas onde defecam e urinam em baldes e ainda são obrigados a mostrar seus genitais para escárnio de uma plateia de bêbados. Além disso, mulheres que se tornaram amantes de oficiais nazistas têm seus cabelos raspados e são espancadas (cena similar foi protagonizada por Monica Bellucci em "Malena", de 2000, filme brilhante de Giuseppe Tornatore que também merece um comentário).
Finda a guerra, de volta à época do início do filme, Rachel, agora casada e mãe, longe dos ecos do Holocausto, parece não encontrar a resposta para uma pergunta que faz em um momento de desespero em meio ao terror nazista: "será que isso nunca acaba?". A cena final, no entanto, propõe para o espectador essa resposta. Basta assistir e compreender.
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