sexta-feira, 25 de maio de 2012

Comentário: "Absentia" (2011)


Sempre fui fã de filmes de terror. Posso dizer, sem medo de parecer exagerado, que gosto do gênero "desde pequenininho". Isso inclui também os trash e gores que proliferaram na década de 1980 e acabaram perdendo a graça em um sem número de imitações ao longo dos anos. Acho ótimo, então, quando encontro obras que têm originalidade e uso eficiente das técnicas cinematográficas para criar um clima de tensão que faz a diferença entre um filme e outro.

Nessa categoria passei a incluir "Absentia", filme dirigido por Mike Flanagan em 2011. Cortes bruscos em momentos de tensão, sombras e muitas elipses tornam essa obra uma das mais arrepiantes que assisti. É o medo do desconhecido, do monstro sugerido nas penumbras, nos frames rápidos e propositalmente embaçados de imagens chocantes como de um cadáver retorcido e, sobretudo, o enigma que perdura sobre uma lenda a respeito de um mundo subterrâneo onde pessoas são escravizadas e sofrem todos os tipos de abusos.


Em um subúrbio de Los Angeles, Tricia (Courtney Bell), após muita relutância, finalmente decide, após sete anos do desaparecimento de seu marido Daniel (Morgan Peter Brown), declarar sua morte presumida. Com o passar do tempo, substituir os cartazes com a foto de Daniel pregados em vários locais acabou sendo um costume, uma maneira de acabar com todas as cópias que restaram, como confessa a sua irmã mais nova, Callie (Katie Parker), que aparece para visitá-la. É a aceitação do fato de que o esposo não voltará mais para casa. Além disso, Tricia espera um bebê, fruto de um relacionamento recente e ainda incerto com o detetive Ryan Mallory (Dave Levine), o apoio da jovem esposa durante os anos de investigação sobre o desaparecimento de Daniel. 


 Ao decidir-se pela certidão de óbito presumido do marido, Tricia começa a ter alucinações com Daniel, atribuídas por ela a um sentimento de culpa por declará-lo morto e ter a iniciativa de recomeçar a vida com Mallory. Mas Callie também começa a ter tais visões após o reaparecimento súbito de Daniel, machucado e em estado de perturbação, e para a jovem tudo indica que há algo de sobrenatural no desaparecimento do seu cunhado, podendo estar relacionado ainda a um túnel nas proximidades do subúrbio, uma passagem pichada e sombria onde a penumbra parece ter vida, e ainda a uma série de desaparecimentos similares de pessoas e animais das redondezas.

Se não houver por parte do espectador muita exigência de explicações óbvias (o que tem contribuido para desvalorização injusta do cinema independente, em qualquer gênero), "Absentia" é uma boa opção de filme para ser assistido na escuridão e no silêncio de seu quarto. É um filme para pensar, analisar e tirar suas próprias e angustiantes conclusões. É um estilo de narrativa que gosto, a exemplo de "O bebê de Rosemary", "A bruxa de Blair" e "O exorcismo de Emily Rose", só para citar alguns: o clima da história em si assusta, por isso o surgimento de sombras e sons estranhos tem um efeito melhor que faces deformadas e corpos mutilados. É um sinal de que ainda é possível fazer bom cinema sem precisar ficar refém do (mau) gosto da indústria cultural.


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