quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ressurreições que não dão certo...



É inevitável para quem curte cinema fazer comparações: da versão colorida e da P&B, da continuação, do remake, da versão para a TV... Eu, então, sempre critiquei negativamente os remakes de grandes filmes que têm aparecido, com poucas exceções. Para mim, uma refilmagem (até mesmo aquelas novas versões de adaptações de livros ou peças teatrais) acaba eliminando o charme dos filmes originais, principalmente se a "nova leitura" muda aspectos explorados no original.

Cinéfilo é assim, não adianta. Refazer um filme trash, pequeno, sem destaque, muito inexpressivo, é uma coisa. Nos grandes filmes, é diferente. Mexer com "Psicose", refeita como "homenagem" a Hitchcock, rendeu críticas nada agradáveis a Gus Van Sant. A nova versão da peça "Disque M para Matar" foi pelo mesmo caminho. "Guerra dos Mundos" se segurou nos efeitos especiais de tirar o chapéu, mas não tinha o charme da produção original melhor inspirada em Orson Welles. Recentemente, tivemos "Horror em Amityville", "A Névoa" ("A Bruma Assassina"), "Piranha"... E já vem por aí "O Mágico de Oz". Falta de criatividade em roteiros? Só pode ser... Essa conversa de mostrar para as novas gerações em uma nova leitura é balela...

São os efeitos ultrapassados que dão o charme a esses filmes antigos. É como se fosse o registro da própria evolução do cinema. Refilmá-los parece uma tentativa de apagar aquela história ou mesmo macular a carreira do cineasta, sobretudo se ele for de grande destaque e com trajetória marcante na sétima arte. Daí nossa crítica aos remakes. Poucos são os que não recebem opiniões negativas.

Imaginem refilmar "E o vento levou...", "O bebê de Rosemary" e "Crepúsculo dos deuses". São obras primas do cinema mundial. Isso para falar nos norte americanos. Veja o que eles fizeram com as grandes produções europeias e do oriente... E, como costumam dizer por ai, por pura preguiça de ler legendas. Nesse caso eles como que minimizam o potencial estrangeiro em realizar ótimas produções. Não sei como ainda não se atreveram a refilmar a famosa Trilogia das Cores... Vai ver o filão não é financeiramente compensatório.

Nosso Brasil pode ser um caso à parte. Falei do cinema internacional que sempre foi bem evoluido. Aqui a história foi bem outra. Nossas produções da década de 1970, em sua maioria, tinham pobreza técnica. Ainda assim, não fizeram feio. Algumas mereceriam, sim, remakes. Parece contraditório ao que escrevi antes, mas não é. Basta ver adaptações de Nelson Rodrigues feitas na década de 1950 e as de 1970. Começamos bem, como tive a oportunidade de certificar ao ver "Bonitinha, mas ordinária", de 1956 (salvo engano), com Jece Valadão e Odete Lara. A nova versão, de 1978, com Lucélia Santos, José Wilker e Vera Fischer, beirou a pornografia pura e simples, ficando muito superficial. NR não merecia isso...

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