quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cinema, jornalismo e mitologia tupiniquim

Esta semana, a pedido de um amigo, respondi um questionário interessante para um trabalho de conclusão de curso a respeito de jornalismo e cinema, mais especificamente a visão cinematográfica do jornalismo e de seus profissionais. Questões respondidas com minha objetividade de sempre.

Tema muito interessante para uma monografia. Cinema foi sempre minha paixão, mais até que o jornalismo, que acabou sendo a segunda opção escolhida. A arte de contar histórias sempre me fascinou, em imagens então... Quando vi o tema que relaciona os dois assuntos, refleti sobre isso, e à exceção de "Íntimo e pessoal" e "A montanha dos Sete Abutres", os demais filmes que têm o jornalismo como pano de fundo mostram uma visão muito fantasiosa da profissão - embora que o filme protagonizado por Kirk Douglas, "A montanha...", tem um quê de alegórico exatamente para criticar o sensacionalismo da mídia de forma dura.

O jornalismo mostrado é sempre imparcial, movido pela busca da verdade acima de tudo em razão do compromisso social e blá, blá, blá... Quem trabalha ou trabalhou em redação de jornal sabe que o buraco é mais embaixo. A imparcialidade que existe é definida pelo ponto de vista do empresário que (e isso me aborrece pacas) se diz jornalista também. Imparcialidade, na visão empresarial, rima com capital, com grana, com acordo de cavalheiros, e por aí vai. Matérias de fundamental importância, que envolvem denúncias, muitas vezes são barradas por conta desses interesses. Aquela cooperativa de saúde fez merda e você quer denunciar? Tente, com alguma sorte 20% do material original é publicado - se o for, porque o grupo é anunciante do jornal, e jornal vive de anúncios, também. O governo está enganando o povo? Denuncie, mas se prepare. Aquela juiza está infernizando a vida de uma família? Vamos lá, capte a história, ouça todas as partes envolvidas, e ainda assim você vai ser acusado de querer favorecer "A" ou "B", então o melhor é não publicar nada.

Sobre essas imagens fake se moldam os "ídolos" do jornalismo brasileiro (preste atenção, "brasileiro", não  amazonense), endeusados com todas as pompas. Pelos bastidores de jornais se conhecem histórias de negociatas que beiram o absurdo, coisas que tornam a atividade uma fábrica movida pela extorsão.

E o profissional, então? Tem sempre aquele que pega (às vezes até por pedir) um "guaranazinho", uma gíria bem apropriada para a famosa propina, para não publicar tal e tal coisa. Ou o que faz ouvidos moucos por pura conveniência. Ou o que aproveita a pauta para pedir favores na cara dura. E a lista aumenta...

Cinema é fantasia demais. Quando é da indústria da cultura de massa, pior ainda. Para não ter raiva com tantos floreios, prefiro me recostar, assistir, refletir e, se for o caso, esquecer...

Isso não significa, no entanto, desânimo para os que começam agora ou labutam há tempos na atividade e são, reconhecidamente, profissionais de caráter e ética. Pena que podemos contá-los tão facilmente. Mas a verdade é isso aí, não o jornalismo made in Hollywood.

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