Imagine a seguinte situação: você está voltando para sua casa em um dia quentíssimo, por volta de meio dia em um final de semana, após fazer algumas compras para, logo em seguida, deixá-las em sua residência e sair novamente para um compromisso. Você mora em um beco estreito, de repente, a alguns metros de sua casa, percebe que tem um veiculo parado no já pouco espaçoso bequinho. Após umas buzinadas, você é informado que o proprietário do dito carro o largou ali e saiu - "diz-que" - para almoçar. Não há como passar, conforme vocês podem ver na foto deste post. Não há outra entrada, pois o carro ficou parado exatamente na esquina do outro acesso.
Cinquenta minutos depois de você ficar dentro do seu veiculo, praticamente cozinhando, impaciente, faminto e muito puto, lógico, aparece o cidadão, gesticulando, indicando irritação, se achando cheio da razão. A situação é resolvida, mesmo com estresse. Detalhe: o péssimo e inconsequente motorista é surdo mudo!
Parece piada, mas isso aconteceu e eu testemunhei tal fato no último sábado, véspera do Dia dos Pais, em um beco do Morro da Liberdade. Fora o lado tragicômico, é uma pequena mostra da falta de respeito de muitos motoristas. No referido beco, já vi outras situações incríveis: via fechada para pintura do asfalto na época da Copa (que rendeu umas duas ou três confusões que precisaram da intervenção policial), gente que bota cadeiras no meio da rua (o engraçado é que se formava uma multidão para assistir jogo em uma TV de parcas 20 polegadas), estacionam de qualquer jeito empatando o trânsito... Reclame pelo seu direito de ir e vir (pois, que se saiba, ninguém pode fechar ruas indiscriminadamente sem autorização do órgão competente) e você vai levar um gesto obsceno ou, no máximo, vai precisar ligar para o 190.
Sério, nem a imortal Mônica, do Maurício de Sousa, seria tão arrogante querendo ser dona da rua. São tantas barbaridades que se repetem em cada rua de Manaus que chegam a assustar. Gente que estaciona em garagens, deixa o carro praticamente no meio da rua e ainda se acha na razão. Houve uma vez que uma cidadã, ali mesmo nas proximidades do local do episódio do surdo mudo abusado, chegou a justificar o fechamento da rua com a seguinte frase: "Estamos em uma democracia". Eu deveria ter perguntado se ela sabia o que era essa palavra tão bonita mas tão vazia. O entrevero foi solucionado com a intervenção da polícia, que mandou reabrirem a rua por não haver autorização para fechá-la.
Isso foi há pouco tempo e ainda vai acontecer mais e mais vezes, em muitos lugares de Manaus, porque infelizmente, a democracia da tal cidadã só existe para quem quer ser dono de rua. Como se isso fosse possível. Botar a boca no trombone e chamar a polícia é a única maneira de você garantir seu direito de ir e vir em lugares onde convivem pessoas sem respeito pelos outros. Assim é e, pelo visto, sempre será por um longo tempo.
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