terça-feira, 24 de agosto de 2010

Antes que fosse tarde demais...

Ainda hoje há amigos de longa data que questionam os motivos pelos quais parei de beber e fumar. Eu, fumante inveterado há 23 anos, com várias tentativas de parar, iniciativas essas que duravam no máximo um mês. As bebedeiras eram todos os finais de semana, às vezes durante a semana, e uma grade de cerveja era pouco.
Agora, cigarro não me faz falta há quase cinco meses. Larguei a cerveja. O meu consumo alcoólico se limita a, no máximo, 4 garrafas de Ice Skarloff (perigosamente deliciosa), sendo mais ou menos uma por hora. Ou seja, uma vida mais regrada, com a cabeça no lugar.
Tem gente que enche meu saco, achando que sabem porque tive essa mudança tão radical. Não tem como saberem, pois não passaram pelos tormentos espirituais que tive nos últimos três anos. Depressões constantes, faltas de perspectivas que sumiam momentaneamente na fumaça que eu aspirava e no álcool que me adormecia. E a visão do meu pai definhando por causa do Alzheimmer e do AVC agravou meu quadro. Um dia, me vi aos prantos, com pensamentos terríveis que só havia tido três anos antes, quando minha vida pessoal estava muito afetada, bem como a profissional. Naquela ocasião, tive uma perda muito difícil e senti como nunca havia sentido antes na pele o que era ser vítima da ambição e da falta de caráter de pessoas do meio jornalístico.
A decisão de parar de vez surgiu quando vi um rosto deformado de alguém que estava para se tornar alcóolatra depressivo. Eu me assustei. Foi quando comecei a querer mudar. Pessoas especiais ficaram - e estão até hoje - do meu lado. A uma em especial eu sou muito grato, pois foi de uma grande ajuda nessa saída do abismo, uma parceria fantástica. Não fosse isso, a morte do meu pai teria me destruido, com certeza. E o pior poderia acontecer, talvez.
Não sei mais o que é ressaca violenta ou depressão. Consigo me divertir como antes, bagunçando, rindo, contando piada ou falando besteira sem estar bambo das pernas como antes. Agora vejo que de fato não preciso estar alcoolizado ao extremo para estar bem.
Nem pretendo ser moralista com quem bebe ou fuma. Temos nossas escolhas. Cada um pesa seu lado da balança. Afinal, as consequências do vício são muito relativas. Tem gente que fumou a vida toda e morreu com mais de 100 anos, sem um traço de câncer ou complicações. Do mesmo modo, pessoas que nunca tiveram contato com cigarro desenvolveram a doença. Mas eu não quis me arriscar. Não estou livre dos riscos, claro, pois duas décadas de cigarro não são como dois dias, duas horas ou apenas duas semanas. Sei que irei colher o que plantei. Mas o meu plantio está encerrado. Fiz isso antes que fosse tarde demais...

2 comentários:

  1. Parabéns, César!!! Desejo a você força para segur firme em sua decisão! Felicidades.

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  2. Parabéns amigo pela escolha. Certo de que essa decisão só te fará bem.

    Bjos

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