DOCUMENTÁRIO: A superfantástica história do Balão Mágico (2023)


Eu tinha 9 anos quando a Turma do Balão Mágico surgiu. Não me tornei um fã. Gostava das músicas, assistia aos desenhos do programa de TV que foi criado na esteira do sucesso (que eu só conseguia nas férias escolares, pois sempre estudei no turno da manhã). Quando o grupo acabou, eu já não tinha interesse, mas ficou aquela memória afetiva.

Quarenta anos depois, relembrar a trajetória de Simony, Tob, Mike e Jairzinho emociona e impressiona, pois veio a visão do pioneirismo que o grupo trouxe para a cultura musical infantil brasileira nos anos 1980, coisa que até então não existia, limitado a desenhos animados encaixados nas programações das emissoras de televisão, sem existir interação. E assim, na esteira do sucesso musical, a Turma do Balão Mágico inovou.

A série documental "A superfantástica história do Balão Mágico", exibido desde 12 de julho pelo streaming Star+, resgata em três capítulos a gênese, a trajetória e o fim do grupo infantil que até hoje é relembrado pelos nostálgicos daquela época pelos sucessos musicais marcantes. Enquanto o reencontro trouxe lembranças emocionantes aos seus agora maduros quatro integrantes, também trouxe recordações duras.


Há fatos que eu conhecia e dos quais se falou nos anos seguintes ao fim do grupo - que ainda teve outros três integrantes após a saída gradual dos membros originais. Simony, já maior de idade, posou para a revista Playboy e foi ridiculamente criticada por uma parte do público que parecia se recusar a desvincular sua imagem à da garotinha talentosa que encantou a todos. Entre as novidades, para mim, em suas histórias, Tob (pseudônimo de Vimerson Canavillas) e Mike Biggs sofreram bullying nas escolas onde estudavam, provocado pela inveja de outras crianças. Jairzinho, cuja entrada no grupo trouxe um ar de diversidade, teve que enfrentar distorções de informação em sua carreira, quando espalhou-se que ele se recusava o primeiro nome no diminutivo como nome artístico para ser desvinculado do pai, o saudoso cantor Jair Rodrigues.

O documentário traz também histórias tristes, mas de superação. Uma das coisas que  mais me tocou foi justamente quanto ao destino de Tob, o primeiro a sair do grupo em 1984, quando já passava pela mudança de voz comum à puberdade. A lembrança que eu tinha daquele menino de voz linda e sorriso aberto não condizia com a de uma criança tímida, que evidencia traços de sua timidez até hoje. Mike "torrou" tudo o que ganhou com o pai Ronald Biggs, de quem cuidou até o fim da vida, mas ainda assim se recuperou com uma visão de vida otimista e atitudes positivas.

Depoimentos mostram como o grupo marcou a infância de artistas como Lázaro Ramos, por exemplo. Mas também revelam a frieza de quem participou da história e não reconhece até hoje que as quatro crianças foram terrivelmente exploradas, praticamente sem aproveitar da maneira certa aquela fase da vida, e que na sua inocência viam uma grande diversão naquele trabalho extenuante. 

Rever a história do Balão Mágico é um encanto que se justifica na fala de um dos depoentes: Simony, Tob, Mike e Jairzinho eram os irmãos que filhos únicos, ou caçulas como eu, cuja irmã mais próxima de idade já era uma adolescente, gostariam de ter.

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