O escritor soviético Anatoly Kuznetsov (1929-1979) era quase um adolescente quando os alemães ocuparam sua cidade, Kiev, em 1941. As lembranças do jovem e das atrocidades cometidas pelos nazistas resultaram em "Babi Iar", um romance documentário de 1966 no qual Anatoly narra o sofrimento de seu povo durante os anos da invasão do exército de Hitler, principalmente a luta contra a fome e o medo constante de ser levado para o Babi Iar, uma ravina na qual aconteciam constantemente assassinatos de opositores e indesejáveis ao Terceiro Reich.
Babi Iar é conhecida como o local nos arredores de Kiev onde, nos dias 29 e 30 de setembro de 1941 - um mês após a invasão nazista -, 33.771 homens, mulheres e crianças judeus da cidade foram fuzilados metodicamente pelos Einsatzgruppen, tornando o lugar uma gigantesca vala comum. Mas opositores do regime e muitos cidadãos soviéticos foram também assassinados na ravina, fazendo com que o número total de vítimas nos dois anos de ocupação ficasse em torno de 200 mil pessoas.
Além do massacre dos judeus, narrado por Anatoly por meio do relato de uma sobrevivente, Dina Mirónovna, outro episódio relembrado foi o do time de futebol de Kiev, o Dínamo, chamado para disputar uma partida com o time alemão no verão de 1942. Os jogadores venceram os rivais, e por conta dessa vitória - que foi praticamente um ato de resistência contra os invasores -, foram levado ao Babi Iar e também assassinados.
A narrativa de Anatoly é forte, sobretudo quando expõe seus pensamentos de jovem diante dos invasores, uma mistura de raiva, medo e impotência, sua preocupação com o amigo judeu Churka Matza, com o pai no front e até mesmo com seu gato de estimação, Tito, e sua luta diária para sobreviver com sua família à escassez de alimentos.
Publicado no Brasil pela editora Civilização Brasileira, "Babi Iar" não teve relançamento mas pode ser encontrado em sebos.
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