SOBRE O PRAZER DE VIAJAR
Viajar se tornou para mim uma necessidade. Descobri meio que tardiamente esse prazer em 2011, quando viajei pela primeira vez depois de três décadas para Fortaleza (CE). Uma resolução acertada para quem até então vivia para trabalhar, sem férias decentes. A vida passa, e esperar para curti-la depois da aposentadoria é a regra mais estúpida que se pode imaginar: como diria a atriz Betty Faria, "melhor idade é o cacete". Nem todos chegam aos 60, 65 com vigor. Portanto, o momento é agora. Um pouco de planejamento e mudança de velhos hábitos ajuda, e muito!
Este ano, apesar de muitos problemas para manter o orçamento em ordem (e quem não os tem? Só os bem nascidos, mas esta postagem não é para eles), consegui fazer três viagens sensacionais. Em janeiro, por conta de férias pendentes do ano passado, fomos de Fortaleza a Recife (PE), passando por Natal (RN) e João Pessoa (PB); em junho, em uma decisão de última hora e graças ao programa de pontos da Azul Linhas Aéreas (e a alguns dias de licença especial) fui a Fortaleza ciceronear um casal de amigos que nunca fora ao Ceará; e em setembro, aproveitando a Semana da Pátria e metade das minhas férias deste ano, o destino foi encantador: Minas Gerais, em uma rota que começou em Diamantina e terminou em Uberlândia, incluindo aí Cordisburgo, Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, Congonhas, Tiradentes, São João del-Rei e Araxá.
"Mas como você viaja tanto?". Costumo dizer que viajar não é para quem pode, é para quem quer. Tempo? Vejamos: trabalho no serviço público estadual, tenho férias certas que posso dividir durante o ano e programar de forma que rendam bastante (começando ou terminando perto de feriados/feriadões). Desse jeito, já determinando o período e o destino, começa a pesquisa por passagens aéreas. Nem sempre o valor mais baixo compensa: em primeiro lugar eu vejo a melhor rota (menor número de conexões ou escalas, menor tempo de espera na conexão. Há rotas com 70 escalas, 20 conexões e até 15 horas de espera nos aeroportos (o exagero é intencional). Além disso, aprendi que em geral quando se compra passagens com muita antecedência, é possível conseguir adquirir com um valor muito em conta (por exemplo: minha viagem a Foz do Iguaçu, no Paraná, ano passado, só foi possível porque em dado momento, depois de já haver decidido aproveitar um feriadão para conhecer o lugar, achei passagens com valor na metade do comum, como já narrei em outro post na época), mas isso requer muita pesquisa.
"E como você tem tanto dinheiro?". Quem disse que é preciso ser rico ou levar uma mala cheia de dinheiro? Para começar, como já disse antes, abrir mão de certos hábitos perfeitamente dispensáveis (muitas roupas novas, farra toda semana, pizza todo sábado ou domingo, comprar o novo lançamento de smartphone) ajuda bastante. Quando você limita seus gastos às despesas normais (contas, faturas de cartão), você cria uma margem de reserva bacana. No meu caso, minhas viagens não incluem noitadas, pois viajo para descansar e conhecer (ou revisitar) lugares. No máximo, uma noite numa lanchonete ou em um barzinho com música ao vivo. Aliado a isso há a ajuda do cartão de crédito, que deixo de utilizar um tempinho antes da viagem para liberar o máximo do limite possível para utilizar. E tem outro detalhe: saber onde comer ajuda a economizar bastante. Prefira os PFs aos restaurantes tradicionais com preços exorbitantes. Não é atestado de pobreza, é atestado de esperteza: a comida é praticamente a mesma, e nos restaurantes você paga o conforto luxuoso (claro, ir apenas uma vez não vai deixar ninguém na miséria em terra estranha).
"Ah, mas quando você volta o cartão de crédito está estourado". Não é bem assim: existe uma coisa chamada PARCELAMENTO na maioria dos lugares de venda de lembranças. Também não é mania de pobre. Deixe esse conceito para os esbanjadores.
"E os gastos com a hospedagem?". Bom, não sou fã de hostels nem de estabelecimentos em lugares badalados. Sempre acertei na hospedagem (exceto em uma ocasião, na minha primeira viagem ao Rio de Janeiro em 2014, mas é uma história que prefiro esquecer), e o PARCELAMENTO ajuda muito!
OS NOVOS DESTINOS DO ANO!
Foram nove destinos este ano, entre eles os preferidos do Nordeste. As exceções ficam com João Pessoa (onde eu só passara um final de semana em 2013) e Recife (primeira vez na cidade), nossos destinos depois de Fortaleza e Natal. A capital da Paraíba é uma cidade tranquila, muito agradável, uma metrópole emergente com ares pacatos de cidade interiorana em alguns lugares. Dona de uma orla magnífica, Jampa faz justiça a quem lhe elogia. De lá fomos passear em Cabedelo, onde há as ruínas da fortaleza dos tempos do Império, e nas praias do Amor e de Coqueirinho (esta última a minha preferida, com sua enseada tranquila e belíssima, agora dotada de uma boa infraestrutura e pista de acesso arrumada).
Recife foi uma surpresa agradável. Cidade grande, bonita, com um Centro Histórico fantástico e um trânsito não tão caótico como imaginei que seria. Ficamos em Boa Viagem, perto da praia, onde admiramos um luar fantástico! Dali fomos conhecer outros lugares quase num ritmo acelerado, pois só tínhamos quatro dias antes de voltarmos a Manaus no dia 18 de janeiro. Fomos então a Olinda, bem ao lado, a Porto de Galinhas (muito bonito mesmo), a Caruaru (adorei o local que concentra os artesãos) e ao museu do Instituto Ricardo Brennand, um apanhado fantástico de pinturas, esculturas e objetos diversos, duplicados ou originais. Uma viagem no tempo imperdível!
Outro destino novo acabou me conquistando pela beleza dos lugares, pelo clima agradável, pela culinária divina e, sobretudo, pela simpatia do seu povo: Minas Gerais. Dia 5 de setembro embarcamos rumo a Belo Horizonte, uma viagem um tanto cansativa com uma conexão no Galeão (Rio de Janeiro). Em nossa chegada, como já havia definido no roteiro, fomos almoçar em Lagoa Santa, perto do aeroporto de Confins, antes de entrar no hotel Confins Aeroporto. Foi um pernoite necessário para um merecido descanso. Dali, na manhã seguinte, começou a viagem propriamente dita, quando seguimos rumo a Diamantina, lugar que fazia questão de conhecer. Antes, fizemos uma paradinha em Cordisburgo, no caminho para lá, cidade do escritor Guimarães Rosa onde visitamos o museu criado na casa onde ele viveu e o portal que retrata os jagunços de sua obra máxima, "Grande sertão: veredas".
Assim começou nosso roteiro, que posso resumir assim:
- em Diamantina, conhecemos a casa onde nasceu o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, a casa de Chica da Silva (por um golpe de sorte a encontramos aberta, já que estava, segundo a antipática funcionária que abordamos, fechada para reforma), o parque do Biribiri, onde fica a antiga vila de Biribiri, hoje funcionando apenas como ponto turístico, o casario antigo e lindo da cidade e o Parque Estadual do Rio Preto;
- seguimos para Belo Horizonte, onde em dois dias conhecemos o famoso Parque da Pampulha, o Mirante do Mangabeiras, a praça do Papa e outros locais bacanas nos arredores do bairro Funcionários, onde ficamos hospedados;
- depois de BH, foi a vez de Ouro Preto. Ah, cidade deliciosa!!!! Tudo ali é História, cada canto, cada prédio. Fiquei apaixonado mesmo por aquele lugar. O friozinho da noite (maior do que o que sentimos em Diamantina e BH) foi uma atração à parte para dois amazonenses que sobrevivem no calor amazônico. Dali fizemos um "estica" até Congonhas e Mariana;
- o destino seguinte foi São João del-Rey. Outra cidade maravilhosa, bonita, simpática, onde o antigo contrasta com o moderno. De lá fomos ainda dar uma volta em Tiradentes;
- próxima parada: Araxá. Bonita, muito bem cuidada, a cidade da lendária Dona Beija (ou Beja) é charmosa, tranquila e preserva com competência sua história. Conheci o Memorial de Araxá e fiquei encantado! Os sabonetes Nur, feitos com a lama da fonte da personagem histórica (aberta para visitação gratuita), e os doces Dona Joaninha (cada um mais delicioso que o outro) completaram a paixão. O único porém foi não termos conhecido a Casa de Dona Beja, fechada para reformas até 2019, e o Parque do Cristo, de onde se tem uma vista linda de Araxá, pois, embora já revitalizado, só iria ser reaberto pela prefeitura no final do ano (santa sacanagem, Batman); e
- finalmente, chegamos a Uberlândia, ponto final da viagem. Cidade grande, quase uma metrópole, mas com aquele mesmo clima agradável das antecessoras. Como foi uma passagem corrida para visitar nossa amiga Patrícia Martins (a quem havíamos conhecido em Ilhéus, em 2014), só pudemos mesmo ir ao Parque do Sabiá (delicioso para caminhadas) e alguns lugares da área do Centro, onde ficamos hospedados.
Enfim, Minas Gerais conquistou meu coração e espero retornar, talvez em 2019, para revisitar lugares e conhecer novos, como São Thomé das Letras e Monte Verde. Mas, para 2018, os destinos já estão traçados: um retorno a Santa Catarina (Joinville-Blumenau-Balneário Camboriú-Florianópolis) e nossa primeira ida ao Rio Grande do Sul (Gramado-Ijuí/Missões-Porto Alegre). Ano que vem haverá mais histórias para contar!
Feliz 2018!!!!!!
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