Nenhuma série mexeu tanto com minha cabeça quanto "Fringe", obra de J. J. Abrams (responsável por "Lost" - sucesso que não fiz questão de acompanhar - e o bacana "Cloverfield"). Este ano já foi anunciada a quinta e última temporada dessa história que poderia muito bem ser declarada como a sucessora legítima de "Arquivo X", mas muito além dos limites das teorias de conspiração da antecessora.
Enquanto as aventuras dos agentes Fox Mulder e Danna Scully tratavam de paranormalidade e contatos imediatos de até quarto grau com envolvimento dos altos escalões do governo norte americano, "Fringe" avançou no tratamento com o realismo fantástico. As semelhanças entre as duas séries acabam ficando somente na atividade dos protagonistas: tanto neste quanto naquele, os fatos misteriosos são testemunhados e investigados por agentes do FBI - no caso, a agente Olivia Dunham (Anna Torv, que acabou me surpreendendo), auxiliada por um cientista literalmente maluco, Walter Bishop (John Noble, cujas eventuais tiradas non sense ajudam a aliviar um pouco o clima de tensão de cada episódio), e o filho deste, Peter Bishop (Joshua Jackson), inteligentíssimo mas com uma queda para a contravenção. Esse trio improvável acaba convocado para atuar na divisão Fringe do FBI (o equivalente da segunda década do século 21 aos Arquivos X da década de 1990).
Em vez de alienígenas e conspiradores, Dunham e os Bishops encaram uma teia de acontecimentos aparentemente distintos, mas que são chamados de "o Padrão" por, no final das contas, terem suas relações. Aí entra uma "ficção quase real", inspirada nos avanços da ciência e da tecnologia: teletransporte, controle mental, telecinesia, bioterrorismo, transmorfos e, principalmente, universos paralelos. Esse último elemento deixa qualquer fã de ficção científica, no mínimo, perturbado.
A trama de "Fringe" começa com um incidente ocorrido durante o voo 627, entre Hamburgo (Alemanha) e Boston, palco dos acontecimentos que irão ocorrer nos episódios seguintes. Um passageiro diabético injeta insulina em seu corpo, no entanto seu corpo começa a degenerar e, como uma praga, contamina os demais passageiros e tripulantes. Ao aterrissar graças ao piloto automático, a aeronave traz um conteúdo macabro: todos os seus ocupantes estão mortos e reduzidos a esqueletos. Chamada para investigar o caso, Olivia Dunham e seu parceiro (e amante oculto) John Scott (Mark Valley) acabam sendo levados a um depósito de contêineres, onde, em perseguição a um suspeito, John acaba sendo vítima de uma explosão. Para tentar salvar a vida do parceiro, Olivia consegue a libertação do cientista Walter Bishop, uma possível ajuda para elucidar o caso do voo 627, preso há 17 anos em um hospício após um acidente de laboratório que causou a morte de sua auxiliar. No entanto, dado o estado de confusão mental do homem, ela recorre a Peter Bishop, que vive de aplicar golpes em Bagdad, Iraque. Começa então a parceria entre os três na investigação dos fatos bizarros aparentemente ligados a uma empresa de desenvolvimento de tecnologia chamada Massive Dynamics, que vai culminar, no final da primeira temporada, com Olivia Dunham observando a cidade de Nova York do alto de uma das torres gêmeas do World Trade Center, em um universo paralelo no qual as estruturas nunca foram atingidas no Onze de Setembro.
Para quem nunca assistiu a série e gosta de tramas complexas, "Fringe" é uma boa dica. Um dos motivos do fascínio também é a química perfeita do trio de protagonistas. Eu não conhecia Anna Torv até assistir a série, assim como John Noble. A exceção fica por conta de Joshua Jackson, famoso pela série "Dawson's Creek" e filmes como "Lenda urbana", "Imagens do além" e "Segundas intenções". Agora, o rapaz encontrou um trabalho à altura de seu talento.
"Fringe" está sendo exibido pelo canal Warner Channel.
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