sexta-feira, 22 de abril de 2022

VIAGEM: Belém (02 a 08/04/2022)



Conheci Belém muito en passant no início dos anos 2000, quando era repórter do jornal Amazonas em Tempo e fui escalado para cobrir uma coletiva da então Amazônia Celular na capital paraense para o lançamento do sistema de telefonia celular pré-pago (acho que era isso, faz tantos anos que mal me lembro). Eu e os demais jornalistas de Manaus chegamos de manhã e voltamos no final da tarde, e a única coisa que recordo é da Estação das Docas, onde o assessor de imprensa da empresa nos levou antes da ida ao aeroporto para o retorno a Manaus. Só me lembrava do palco móvel onde os cantores se apresentavam. Nada mais.

Mais de 20 anos depois, eis que resolvo conhecer a capital de nosso Estado vizinho. De um modo geral, gostei da cidade, apesar de tê-la achado largada, suja e com um clima de insegurança enorme. Entretanto, o que passei ali em seis dias valeu a pena. Vou relacionar aqui os locais que conheci, mudando o relato de minhas viagens para algo mais direto em vez do diário de bordo feito nas publicações anteriores.

E vamos a Belém!

ESTAÇÃO DAS DOCAS

O principal atrativo urbano de Belém guardou o mesmo charme depois de tantos anos. São três galpões da antiga Companhia das Docas, sendo que um é reservado para eventos, e os demais reúnem restaurantes, bares, sorveterias, lojinhas de artesanato, lanchonetes e choperias (a Amazon Beer, com seu delicioso chopp Belém e as cervejas artesanais a preços atrativos, se destacou mais, para mim - pena que não consegui adquirir a cerveja de açaí).

O palco móvel suspenso continua lá para os cantores locais se apresentarem para os visitantes, e uma vista para o rio Guajará já vale um happy hour no lugar. O acesso é gratuito, mas a entrada só estava sendo permitida, em abril de 2022, a quem apresentasse a carteira de vacinação completa contra a covid-19.

Entre as sorveterias, a Gelateria Damazônia foi a que me conquistou por ter dois sabores de sorvete que caíram na minha preferência: o marajó (queijo de marajó, geléia de cupuaçu e cookie de castanha) e o queijo cuia (com geléia de cupuaçu e brownie de castanha). Depois de um chopinho Belém, era a melhor pedida!












MERCADO VER O PESO

O que gostei mais no Ver o Peso não foi o antigo prédio em si, que reúne vendedores de peixe e carnes em seu interior e produtos diversos (não apenas alimentos) nos quiosques externos. Ao redor da edificação há centenas de barraquinhas que vendem produtos alimentícios de toda sorte (de verduras a camarões e maniçoba cozida) e o atrativo mais divertido: as tais essências para diversas finalidades e simpatias, principalmente atração sexual, com nomes hilários como Chora no Meu Cu, Chora na Minha Buceta, Velho da Lancha, só para citar alguns que me levaram às gargalhadas!

Também nos arredores do Ver o Peso há uma seção apenas para lanches e refeições estilo prato feito que variam de 10 a 15 reais (abril/2022), sendo que o famoso açaí com peixe chega a custar de 20 a 25 reais. É preciso pesquisar bastante e não ceder imediatamente aos donos dos quiosques que já ficam atentos aos clientes à procura de comida. Tudo simples, sem frescuras, em meio ao caos típico de um mercado popular, que proporciona uma experiência muito divertida.

Bem ao lado do prédio principal há o Solar da Beira, outro prédio antigo e bem conservado onde artesãos vendem seus trabalhos para os visitantes. Por ali os ônibus com turistas fazem parada obrigatória.










PROJETO CIRCULAR

No meu primeiro domingo em Belém, eu planejava um programa mais tranquilo, como almoçar na Estação das Docas e passar a tarde por lá saboreando chopps e uns petiscos. Mas minha amiga e jornalista Simone Romero, que mora lá, me levou para conhecer o projeto Circular, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura que estava retomando as atividades justamente naquele dia, depois de dois anos de suspensão por conta da pandemia de covid-19. 

Trata-se de um projeto que incentiva a participação do público em atividades culturais e lúdicas (principalmente etílicas) na Cidade Velha de Belém, inclusive com abertura de museus com acesso gratuito aos visitantes. Ele é realizado no primeiro domingo de cada mês.

Foi assim que conheci o Museu do Círio, que traz toda a história do Círio de Nazaré, a maior festa religiosa do Norte brasileiro, com exibição de adereços, roupas, imagens e outros objetos relativos ao evento. Próximo ao museu, há um pequeno complexo na Praça Frei Brandão que reúne a majestosa Catedral Metropolitana, o Museu de Arte Sacra (que não visitei por haver uma fila extensa para entrar, e só fui dois dias depois pagando o ingresso de 4 reais - valor em abril/2022), a Casa das Onze Janelas (onde os presos políticos eram torturados nos tempos da ditadura militar de 1964 a 1984 e que reúne agora espaço cultural e artístico) e o Forte do Presépio, marco do surgimento de Belém. Visitas que valem muito a pena para quem gosta de História.

Ainda na agitação do projeto Circular, conheci lugares bacanas para tomar umas cervejas e petiscar a isca de peixe ao molho do cu do boto: peixe filhote empanado com molho de tucupi e jambu. Meu ponto final foi no Porto do Sal, um reduto de bares e muita energia positiva dos frequentadores.










PORTAL DA AMAZÔNIA

O Portal da Amazônia é uma região revitalizada da orla de Belém que, em minha primeira impressão, falta ser melhor aproveitada. Ao longo de sua extensão, há pouca presença de seguranças, mas ainda assim as pessoas usam a área para caminhadas e exercícios. O calçadão é bem preservado, mas os mirantes estão meio abandonados. Fui de manhã cedo e passei cerca de uma hora para fazer a caminhada de ida e volta. Só havia um vendedor ambulante de água e cocos. Talvez uma futura administração de Belém possa dar ao local o devido valor para torná-lo  mais atrativo tanto para a população local quanto para os turistas.






MOSQUEIRO

Mosqueiro é um distrito do município de Belém que fica a aproximadamente 1h45minutos de ônibus da capital - dependendo do trânsito, da quantidade de embarques e desembarques e do clima, o tempo pode ser um pouco menor ou chegar a perto de duas horas. Os ônibus saem de um pequeno terminal próximo à rodoviária de Belém, no São Brás, e a passagem custa R$ 6,40 (valor em abril/2022). Trata-se de um coletivo urbano comum, portanto sem cadeiras reclináveis ou acolchoadas, já que é a linha usada também pelos moradores da região metropolitana da capital paraense para deslocamento entre suas casas e seu trabalho, principalmente.

A pequena e rústica vila tem uma bela orla com diversos restaurantes espalhados em suas diversas praias. Escolhi ficar na Praia do Chapéu Virado. Como era uma manhã de terça-feira chuvosa, a área estava praticamente deserta e assim ficou até o sol aparecer. Além dos belos cenários para fazer fotos, com a grandiosidade da baía de Marajó, o que me chamou a atenção em Mosqueiro foi a quantidade de chalés antigos, certamente usados como casas de veraneio, já que praticamente todas estavam fechadas.

Apenas achei os preços da barraca onde parei, com o mesmo nome da praia, meio salgados para a baixa estação: um executivo de peixe com arroz, feijão, salada, farofa e macarrão custava 45 reais, e havia outros similares que chegavam a 100 reais.

Para voltar a Belém, basta esperar a mesma linha de ônibus (alguns são identificados com o número 970, outros só tem o nome Mosqueiro-São Brás na placa).

Apenas uma observação: a aventura custou muito barato. Contando o transporte (6,40 por trecho), a refeição, água e cerveja, gastei exatos 112,80 reais. Um passeio desses em uma agência de turismo receptivo em Belém estava por 410 reais - claro, em veículo climatizado, viagem direta, parada em ponto de apoio certamente caro. Fica a dica para quem não se liga em luxos.










MANGAL DAS GARÇAS

O Parque Zoobotânico Mangal das Garças foi o passeio mais relaxante que fiz em Belém! Localizado na orla do Guamá e perto do 4º Distrito Naval da Marinha do Brasil, tem entrada gratuita de terça a domingo. Apenas nas quatro áreas de visita monitorada (o farol, o borboletário, o viveiro das aningas e o Memorial Amazônico da Navegação) há cobrança de ingressos ao valor de 7 reais para cada local, mas por 20 reais se adquire um passaporte para todos esses lugares. Os valores, vale lembrar sempre, são de abril/2022.

O farol tem 47 metros de altura e quatro mirantes, de onde podemos ter uma bela vista (e fazer fotografias) do rio Guamá e da própria cidade de Belém. O acesso é feito apenas por elevador. O borboletário e o viveiro das aningas são espetáculos à parte com belas e coloridas borboletas e diversas aves. O Memorial Amazônico da Navegação traz a história da navegação nos rios amazônicos, com maquetes de embarcações, mapas e artefatos utilizados pelos ribeirinhos. O mirante próximo ao memorial, na minha visita, estava fechado para manutenção.

No Mangal também há restaurantes e lanchonetes. Comi um peixe com açaí por 30 reais (a fome era tanta que não esperei para ir comer a um preço mais em conta no Ver O Peso).


















CITY TOUR

Nos seis dias que curti Belém, em alguns momentos aproveitei para conhecer outros atrativos na cidade, como o Teatro da Paz e a Praça da República, além de outras igrejas (como a de Nossa Senhora do Carmo, na Cidade Velha), praças e edifícios antigos. Como sou fascinado por prédios históricos, a Cidade Velha foi meu principal local de caminhada, registrando os contrastes entre o antigo e o novo, a restauração e o abandono. 

Quem estiver disposto a fazer uma boa caminhada pode curtir todos esses pontos. Fala-se em problemas de segurança, mas basta ficar atento, não dar bandeira (nada de relógios, colares, brincos, exibicionismo e extravagância; quando mais "largado", melhor) e de preferência não andar sozinho (o que foi impossível como viajante individual para mim).













O QUE FALTOU

Por conta do período em que viajei (inverno amazônico), as constantes chuvas empataram um pouco meus passeios. Deixei de ir a Salinas devido tanto ao clima quanto à distância, além do fato de estar viajando sozinho. Mas perto de Belém há a Ilha do Combú, onde se chega por meio de uma travessia do rio Guamá, de lancha ou voadeira, em 15 minutos. Há restaurantes e uma produção de chocolate artesanal, mas além do clima chuvoso e do tempo, acabei abandonando a ideia. Além do mais, pelo que eu soube, dificilmente se consegue ir à ilha durante a semana, pois há mais disponibilidade de embarcações de sexta-feira a domingo - um pecado, como se não houvesse turistas dispostos a aproveitar a calma dos demais dias para curtir seu lazer.





VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...