quarta-feira, 25 de setembro de 2019

VIAGEM: Como não ser um turista cretino e inconveniente

Raposa (MA), local de partida para as Fronhas Maranhenses (23/08/2019)

Existem dois tipos de turistas. Ambos viajam para espairecer, ficar distante da rotina, mas há um grupo que aproveita o tempo longe de casa para curtições a mil (paqueras, farras, diversão sem fim) e existem os que usam esse momento para conhecer bem os lugares de destino, a cultura, aproveitar o dia nas praias e nas atrações turísticas. Em quase dez anos de viagens anuais em minhas férias ou em ocasiões que as possibilitam (como feriadões, por exemplo), posso me considerar com maior tendência ao segundo grupo.

Em minha última viagem, que teve como destinos Maranhão e Piauí, observei o comportamento de alguns turistas que me motivaram a escrever esse post. No dia em que fui à Lagoa Azul, pela manhã, nos Lençóis Maranhenses, alguns dos visitantes não deram atenção ao tempo dado pelo guia para aproveitarmos o local (40 minutos), e o resultado disso foi uma demora de quase uma hora até todos retornarem à jardineira para o retorno a Barreirinhas. Fomos deixados em um restaurante onde mais tarde outros guias pegariam os grupos para a segunda parte do passeio à tarde para a Lagoa Bonita (no qual fui esquecido mas ressarcido, como contei no outro post). Ali outro fato que observei: no momento em que um dos guias apareceu para apanhar duas mulheres elas estavam bebendo cerveja após o almoço, e ele teve que esperar elas terminarem, pagarem a conta, usarem o banheiro e finalmente saírem, ignorando a impaciência dos demais turistas que aguardavam no veículo.

Foi essa falta de bom senso que me deu o alerta: às vezes os passeios acabam se tornando estressantes por causa do comportamento de muitos turistas. Nesses anos todos que viajo, sempre evitei esses grupos exatamente por esse problema. Uma vez ou outra participei e fui tomado pela raiva e impaciência por pessoas que não tem senso de responsabilidade, atrasando a programação e até diminuindo o tempo dos passeios. As agências tentam prezar pelo cumprimento dos horários para que todos possam ser beneficiados, mas há turistas que não colaboram e ainda querem ter razão, como se fossem os únicos a participarem do passeio. Existem os passeios privativos, claro, mais caros, mas quem não quer gastar muito (mesmo que possa) acaba tornando a diversão alheia um aborrecimento.

Como viajei pela primeira vez sozinho, tive que me submeter a isso. Em Barreirinhas não há como ir a esses passeios por conta própria: ou se vai em grupos ou se contrata um privativo. Aí temos que aturar comportamentos inadequados e inconvenientes.

Acho que a partir daí dá para traçar umas dicas de como não ser um turista "pé no saco" para quem os demais olham com raiva, e também de como se pode aproveitar ao máximo a viagem de férias.

Acordar cedo: é a melhor dica para quem quer aproveitar ao máximo o dia para conhecer o destino e seus atrativos. Há mais tempo para se divertir nas praias, nos lugares históricos, nos city tours. Dizer que isso não é aproveitar bem é balela: nunca entendi porque dormir até quase meio dia pode ser curtir férias; se for por isso, melhor não viajar e ficar em casa.

Pontualidade: o viajante precisa entender que, ao contratar pacotes de passeio em grupos, não é o único a participar e nem tudo será organizado apenas em sua função. Se a agência marcar 7h30 para apanhá-lo no hotel, esteja pronto às 7h20 no máximo, já tendo tomado café e com as coisas prontas. Alegar que todo mundo atrasa faz parte de uma mentalidade arrogante. Você faz sua parte. Caso contrário, contrate um passeio privativo, este sim feito em sua função mas com valor às vezes até 50% maior.

Comportamento: a pior coisa que observei foi turista jogar lixo nos lugares visitados. São embalagens de salgados, latas ou garrafas de bebidas, guimbas de cigarro. Basta levar uma sacola para recolher essas coisas e depois colocar no seu devido lugar. Nas barracas de praia, observe as pessoas nas proximidades para ver se fumam e não incomodar. Peça ao atendente um copo com água ou mesmo areia para jogar as cinzas e as guimbas, em vez de jogar na areia. Depois eles recolhem e mandam para o lixo. Faça sua parte.

Regras: há lugares onde há regras estabelecidas e que muitas vezes são desrespeitadas, como em museus, onde não é permitido fotografar ou filmar no interior, nem mesmo tocar nas peças em exposição. Há quem faça isso escondido do guia, agindo com egoísmo e falta de respeito. Deixar a marca em lugares, riscando paredes ou peças arqueológicas (no caso de lugares como Sete Cidades e Vila Velha, por exemplo), é de uma imbecilidade tremenda (não há outro termo para isso).

Atitudes: os guias são trabalhadores como todos nós, e não babás ou empregados. Já vi gente destratar guia por conta da chamada de atenção sobre o horário marcado para retorno dos passeios. Também ouvi, no passeio para Atins, uma mulher se queixar de que o restaurante não tinha o conforto que esperava: um restaurante simples, de comida caseira, e a pessoa agindo como se estivesse em um estabelecimento de elite. Bastava se informar antes e não participar do passeio.

Conversas: sou meio que um bicho do mato, difícil de me socializar, mas dependendo da pessoa essa relação flui bem. Entretanto, em minha última viagem, mais de uma vez houve companheiro de passeio que, ao saber que sou amazonense, veio questionar com ar de deboche se as notícias das queimadas intensas na Amazônia eram verdade ou se havia muito estardalhaço sobre o assunto. Como não queria entrar em discussão e me aborrecer, limitei-me a responder "sempre tem um filho da puta botando fogo em tudo por lá". Foi o que matou a conversa na fonte.

Respeito: já compartilhei várias vezes no grupo Viajantes, criado por mim no Facebook, artigos sobre o comportamento de turistas em memoriais, como os sem noção que tiram fotos divertidas ou fazendo piruetas no museu de Auschwitz. O mesmo vale para museus sobre a escravidão ou outros fatos históricos negativos. Memoriais e museus com esse tema são lugares de reflexão e respeito, não uma ida a um parque de diversões. Para isso, há a Disneylândia, o Beach Park, o Beto Carrero World e outros com a finalidade de divertir. Memoriais e museus são elementos importantes para o nosso conhecimento.

Riscos: há turistas que acham que podem fazer qualquer coisa, a despeito das recomendações dos guias. Não ir a determinados trechos de praias ou lagos por conta dos perigos, não se aproximar muito das beiradas em lugares altos (como as do Corcovado, por exemplo). Caso aconteça algum acidente, é provável que queiram culpar a agência, já que não admitem a própria irresponsabilidade.

É isso. Se você leu até aqui e pensou "ora, mas se você reclama, não vá", eu lamento dizer: você é um tremendo de um turista babaca.


sábado, 14 de setembro de 2019

VIAGEM: De São Luís (MA) a Teresina (PI) em 13 dias - parte 4 (final)


No dia 31 de agosto, despedi-me de Dulcy na rodoviária de Parnaíba e embarquei no ônibus do expresso Guanabara com destino a Teresina, último ponto de minha viagem. Confesso que foi a primeira vez que viajei em um ônibus daquele tipo, com dois andares, e foi uma experiência muito legal, somado ao fato de eu ter podido comprar o bilhete pela internet e sem necessidade de ter um voucher para trocar pelo tíquete no guichê da transportadora, como em outras viagens rodoviárias que fiz (Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ano passado, e Ceará, este ano). Nota MIL para a empresa Guanabara.

A viagem estava prevista para durar seis horas, com paradas em algumas cidades, como Piripiri (perto de Sete Cidades, o ponto turístico do qual abdicara conhecer desta vez para me programar melhor para conhecer em breve). Entretanto, foram menos de cinco horas e meia até chegar à rodoviária de Teresina. Como já haviam me dito antes, uma cidade bastante quente, mas tanto quanto Manaus, de forma que não estranhei nada o clima. Na minha capital é a mesma coisa... Então, o que se fala da capital do Piauí é muita lorota.

Em Teresina fiquei hospedado na Pousada Executiva, encontrada pelo Booking, e foi uma ótima escolha. Ela fica localizada no Centro, perto da parte histórica da cidade, e é bem simples, mas qualquer coisa que porventura falte é compensada pela simpatia e pela disposição em ajudar da Erinalda Trindade, responsável pelo estabelecimento. Testemunhei sua boa vontade em hospedar pessoas que haviam chegado muito cedo assim que os quartos estivessem prontos, sem precisar aguardar o famigerado horário de check-in (em João Pessoa, na primeira vez em que fui, tive que ficar enrolando pelas proximidades do hotel onde fiquei porque, mesmo o quarto estando pronto, só poderia entrar no horário certo. Por mais Erinaldas neste mundo da hotelaria!).

Antes da viagem, havia procurado por atrativos em Teresina, lugares de interesse turístico. Realmente são poucos, mas por serem pouco divulgados, tenho que reconhecer. A cidade se divide entre rios, é basicamente movimentada por turismo de eventos e não tem balneários (pelo menos, não tomei conhecimento), mas tem sua parte histórica e lugares bem atraentes para conhecer!

Ao chegar à pousada, passei pelo mesmo problema de minha chegada a Parnaíba: não havia lugares abertos àquela hora nas proximidades para almoçar (num sábado, 15h são como 19h no decorrer da semana). A solução foi recorrer ao shopping Rio Poty, muito movimentado e não muito longe do Centro. Tive que me contentar com um almoço muito ruim no Giraffa´s (francamente, nem de longe lembrava aquela refeição deliciosa que costumavam servir antes: feijão sem sal, carne sem gosto e sabrecada, e tudo frio. Mas serviu pra apaziguar o demônio da fome).










No mesmo dia começou meu passeio, ao sair do shopping. Não muito distante fica o Parque da Cidadania, ponto de encontro de muitos jovens e adultos, com um bonito lago, boa arborização e muita paz. Só o banheiro que é meio sinistro (o masculino, pelo menos): tudo sujo e pichado. Parecia um cenário do filme "O mistério de Candyman".

No limite do parque fica também a antiga estação ferroviária de Teresina, bem preservada e onde funciona hoje uma das secretarias de governo do Piauí (não recordo agora qual). Pude fazer bons registros dessa área. Não voltei para a pousada de mãos abanando: ainda no shopping achei um quiosque onde comprei petiscos de carne de sol (delicioso!), ambrosia (que no Nordeste chamam de "leite caroçudo"), geleia de bacuri (do qual havia tomado suco em Barreirinhas, mas como tinha leite ficou com gosto igual ao de graviola) e doce de leite com castanha. Hora de descansar da viagem e da pernada (o joelho ainda dava sinais de querer sacanear minha diversão).

No domingo, 1º de setembro, meu plano foi conhecer parte do Centro Histórico, seguir para o Parque Encontro dos Rios, o Pólo Cerâmico do Poty Velho e terminar no mirante da Ponte Estaiada, sobre o rio Poti, que liga os bairros Fátima e Morro da Esperança. Segui tudo à risca.

Meu primeiro ponto de parada foi o Museu do Piauí, depois de uma passada pela frente do Teatro Quatro de Setembro (estava fechado por conta de um evento). O museu só não abre às segundas-feiras, o que para mim foi uma maravilha. São dois andares com muito da história do Piauí, entre quadros, objetos antigos e vestes. Paguei uma taxa de 5 reais apenas.

Perto do museu fica a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em cuja calçada está a representação do Marco Zero de Teresina. Dali segui no rumo do Mercado Municipal, com muitas coisas sortidas entre alimentos e objetos de utilidade (até pentes finos achei por lá!). Depois segui pela avenida Maranhão, que margeia o rio Parnaíba e faz o limite entre Piauí e Maranhão: do outro lado, em Tirol, há a avenida Piauí. Uma fronteira muito interessante.






Separado do Maranhão por um rio

Avenida Maranhão

Perguntei do motorista do Uber: o bar é do Maranhão ou do Piauí? Ele respondeu: "dizem que é do Maranhão".


Chamei um Uber para seguir até o Parque Encontro da Águas, no bairro Olarias. O local é pequeno, mas bem aconchegante. Há barracas de venda de artesanato e lembranças, um restaurante na entrada e outro flutuante, bem disputado por quem quer ter uma vista privilegiada do encontro dos rios Poty e Parnaíba - sem contar o vento que alivia o calor piauiense. Almocei por ali mesmo (um prato bem servido de camarões) e saí do parque. Caminhei mais alguns metros e cheguei ao Pólo Cerâmico do Poty Velho, que atrai turistas à procura dos bonitos trabalhos feitos pelos artesãos locais em uma dezena de casas. Tem para todos os gostos, de pequenas lembranças a vasos enormes pintados com figuras rupestres.  Não resisti e fiz algumas compras, sem pensar no peso da bagagem no retorno.















Depois de uma catastrófica passagem pelo aeroporto de Teresina, onde fui tentar imprimir meu cartão de embarque mas a máquina estava fora de operação, voltei para a pousada para guardar as compras, descansar um pouco (o joelho de novo!) e depois seguir para o complexo turístico da Ponte Estaiada.

A ponte possui um mirante a quase 100 metros do solo, permitindo uma visão de 360 graus de toda Teresina. A entrada me custou apenas 3 reais, e o controle de subida e descida (só são permitidos dez minutos por grupo) é feito por meio de crachás com cores para cada grupo. O elevador é panorâmico, o que me deu um frio na barriga, como na subida que fiz ao Pão de Açúcar em 2014, no Rio de Janeiro. Na base do complexo há um espaço que deve funcionar como um bar (mas estava fechado ainda), e ao redor há uma área bosqueada para o lazer dos visitantes.


















Coincidentemente, na área do complexo estava tendo início a Parada da Diversidade, que traria Sandra de Sá como uma das atrações. As pessoas começavam a chegar aos poucos, e pareceu que seria muito divertido. Entretanto, com o (ele de novo!) joelho voltando a me incomodar, limitei-me a observar o movimento, tomar algumas cervejas e voltar para a pousada. Para não dar a noite como perdida, tomei no quarto algumas Petras (outro ótimo serviço da Pousada Executiva: bebidas à disposição do hóspede, uma boa ideia já que não há bares nas proximidades e o pagamento poderia ser feito no checkout).

Como no dia seguinte meu voo para Manaus só sairia às 17h40 (e saiu quase 20 minutos depois...), tive tempo de fazer meu último passeio no Centro Histórico, comprando mais algumas guloseimas (doces, claro) e conhecendo a Central de Artesanato Mestre Dezinho, um espaço muito bacana e cheio - mas muito cheio mesmo - de maravilhas para quem gosta de artesanato. E muitas lembranças também.

Ao sair da pousada rumo ao aeroporto Senador Petrônio Portela, deixei Teresina com vontade de ter ficado um pouco mais, da mesma forma que desejei ficar mais dois dias em São Luís, mais um em Barreirinhas e mais um em Parnaíba. Mas como uma primeira passagem, valeu muito a pena, principalmente para me convencer de que viajar sozinho é gratificante e muito gostoso! Agora essa experiência vai se repetir mais e mais vezes, e espero voltar ao Piauí e Maranhão daqui a um ano para poder preencher as lacunas que faltaram no Centro Histórico de São Luís, nos demais pontos dos Lençóis Maranhenses que não deu para conhecer, no Delta do Parnaíba e em Sete Cidades, além de outras belezas que o Piauí tem mas que não é devidamente divulgado.

Depois dessa experiência, só me resta dizer: até 2020, Maranhão e Piauí!!!!

Eis os contatos dessa última parada da viagem:

Expresso Guanabara - www.expressoguanabara.com.br

Pousada Executiva - (86) 99938-6252




VIAGEM: Cabaceiras, PB (06/04/2024)

Pela terceira vez viajei à Paraíba nas férias - e a primeira vez com meu marido Érico -, e essa foi a oportunidade de realizar um sonho, alé...