Por Rodrigo Prada*
Nesta quarta-feira (2/3), o Portal 2014 apontou em relatório feito por sua equipe de reportagem que, dos doze estádios escolhidos para a Copa 2014, ao menos cinco devem virar elefantes brancos.Definitivamente, o que mais atrasa o  crescimento do Brasil é a falta de planejamento. O que mais ouvimos dizer hoje é  que o grande problema da Copa 2014 serão os aeroportos. De fato serão. Mas quem  não sabia que esse seria o maior gargalo do país, frente ao enorme desafio de  prepará-lo para o maior evento de mídia do planeta?
As obras de que  precisávamos não aconteceram. Teremos os puxadinhos... E a escolha das cidades,  do ponto de vista de logística, não poderia ser pior.
Certamente não  escolheram Manaus por conta da sua enorme tradição no futebol. Nem Cuiabá pela  sua bem-equipada estrutura hoteleira. Ou Natal, pela força da iniciativa  privada, capaz de, sem recursos públicos, erguer uma arena de futebol.
Se  em 31 de maio de 2009, data em que a Fifa divulgou nas Bahamas a escolha feita  pela CBF e governo brasileiro das cidades escolhidas, Belém, Goiânia e  Florianópolis tivessem sido anunciadas, será que o risco de elefantes brancos  seria menor?
Em 2008, fui assistir a um clássico manauara no Vivaldão,  entre Rio Negro e São Raimundo. Sabem qual foi o público pagante? Exatas 198  pessoas. Com uma renda de R$ 4 mil. E isso dificilmente vai mudar...
No  entanto, Belém, que disputava com Manaus o direito de sediar a Copa, foi  preterida, mesmo tendo Payssandú e Remo como duas das torcidas mais apaixonadas  do Brasil. Sem contar o estádio do Mangueirão, que é um dos mais belos e  funcionais do país.
O grande argumento para a escolha de Manaus foi o  marketing da Amazônia. Agora, será que os turistas vão gostar de ver igarapés  poluídos, uma bagunça urbana com trânsito caótico e todas as mazelas da cidade? 
Florianópolis apresentou como proposta a reforma do estádio do Figueirense,  com capital privado, para sediar a Copa.  No entanto, a escolhida Natal patinou  até hoje para encontrar um modelo que fosse interessante para as  construtoras.
Seu grande trunfo foi  proximidade da cidade com a Europa.  Ora pois, em altura de cruzeiro, o aeroporto de Recife, por exemplo, está a 15  minutos de voo a mais. Mas o problema maior não é na chegada dos europeus ao  país, e sim o transporte entre as cidades, principalmente de aviação executiva.  E Florianópolis, com potencial esportivo, estádio privado e entre Porto Alegre e  Curitiba, a uma hora de vôo de São Paulo, ficou de fora... Alguém consegue  explicar?
Cuiabá ter optado por construir um estádio com arquibancadas  removíveis não esconde o fato de que a capital mato-grossense terá um dos  maiores elefantes brancos da Copa. Afinal, serão gastos mais de R$ 500 milhões  em uma arena que jamais terá um uso proporcional a tanto  investimento.
Situação oposta é a de Goiânia, que já possui um estádio  incrível projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e tem torcida para  enchê-lo, tanto do Goiás, quanto do Vila Nova e do Atlético-GO.
Em alguma  coisa nossos governantes erraram. Ou foi na escolha das cidades, ou na falta de  prioridade em melhorar os aeroportos, portos, hotéis e, principalmente, a  mobilidade entre as cidades.
Para aquelas que foram as escolhidas –  ocupando o lugar das preteridas -, não me levem a mal, pois é carnaval.
 
